O Poema É Composto De Três Partes, Reunindo Poemas De 1913 A 1934.
Primeira Parte – Brasão
I. Os Campos
Primeiro / Os Castelos
Neste canto, apresenta-se a Europa, remetendo-se a partes do corpo, sendo Portugal a face, voltada para o Ocidente – “Futuro Do Passado”, ou seja, voltada para o novo mundo, a América.
Segundo / O Das Quinas
Agora, remete-se à glória perdida de Portugal – “Compra-se a glória com desgraça”.
II. Os Castelos
Nesta parte, pessoa traça as origens da fundação de Portugal, indo de Ulisses – Fundação Mitológica – a D. Felipa.
Primeiro / Ulisses
Fala-se do mito de Fundação de Portugal, na figura mítica de Ulisses – da Odisséia, de Homero – que em suas viagens teria fundando a nação lusitana.
Segundo / Viriato
Viriato seria um herói proto-português (antes da formação efetiva da nação) cuja bravura estava presente no povo, colaborando para a formação do patriotismo lusitano – “Nação porque reincarnaste¹,/ Povo porque ressuscitou”.
¹ - Grafia Original.
Terceiro / O Conde D. Henrique
No primeiro verso do poema: “Todo começo é involuntário”, pessoa menciona o fato de o Conde D. Henrique ser pai de D. Afonso Henriques que se rebelou contra Leão e Castela e se proclamou 1º rei de Portugal.
Quarto / D. Tareja
Mãe de D. Afonso, portanto, mãe da nação lusitana: “Ó mãe de reis e avó de impérios,/ Vela por nós!”
Quinto / D. Afonso Henriques
Filho do Conde D. Henrique, D. Afonso rebelou-se contra Leão e Castela, proclamando-se rei, pela espada: “A benção como espada / A espada como benção”.
Sexto / D. Diniz
Durante o longo reinado de D. Diniz, sexto rei de Portugal, a marinha e a agricultura lusitana foram fortemente impulsionadas, recebendo muitos investimentos. Conhecido como o rei-trovador, promoveu a literatura e a cultura:
“Na noite escreveu um seu cantar de amigo plantador de naus a haver”.
Os versos demonstram a importância da cantiga de amigo, tipo de poema do trovadorismo, bem como a importância da agricultura e da marinha.
Sétimo (I) / D. João, O Primeiro
Líder da Revolução de Avis que tirou do poder a rainha D. Leonora. Considerado defensor de Portugal contra Castela, garantindo a independência do país.
Sétimo (II) / D. Filipa De Lencaster
D. Filipa, britânica, era esposa de D. João. Promove as Belas-Letras na corte Portuguesa – sua descendência de oito filhos é considerada uma ilustre geração – que prega o decoro e os bons costumes, sem negacear a cultura e a arte: “Que enigma havia em teu seio/ Que só gênios concebia?”
III. As Quinas
Primeira / D. Duarte, Rei De Portugal
11º Rei de Portugal, em seu reinado, inicia-se a expansão marítima. É visto como um rei inativo por alguns, porém, críticas mais profundas admitem seu grande valor como rei. Como vemos nos versos: “Cumpri contra o destino o meu dever. / Inutilmente? não, porque o cumpri”.
Segunda / D. Fernando, Infante De Portugal
O Infante Santo, irmão de D. Duarte, morreu em cativeiro numa guerra pela conquista de Ceuta.
Terceira / D. Pedro, Regente De Portugal
Regente de Portugal e tutor do herdeiro do trono, D. Afonso, D. Pedro é visto no poema como um regente equilibrado: “Claro no pensar, e claro no sentir”.
Quarta / D. João, Infante De Portugal
Condestável de Portugal, cargo militar de grande importância, junto com regente D. Pedro, foi contra a expedição a tanger que resultaria na morte de D. Fernando.
Quinta / D. Sebastião, Rei De Portugal
Rei corajoso e destemido que morre em batalha. Como não se acha o cadáver, cria-se o mito de que não morrera e voltaria para reclamar seu trono. tido como louco por suas iniciativas bélicas: “Louco, sim, louco, porque quis grandeza”
III. A Coroa
Nun’Álvares Pereira
Comandante militar de ação decisiva na Revolução de Avis – considerado pelo próprio mestre de Avis como responsável pela independência de Portugal.
IV. O Timbre
A Cabeça Do Grifo / O Infante D. Henrique
O mais importante rei da era das grandes navegações, visionário, foi, como expresso nos versos do poema, ”O único imperador que tem, deveras,/o globo mundo em suas mãos”
Uma Asa Do Grifo / D. João Segundo
Grande incentivador das grandes navegações – “Braços cruzados, fita além do mar”.
A Outra Asa Do Grifo / Affonso De Albuquerque
Gênio militar, foi um grande conquistador, que dominou o Oriente, sendo conhecido como César do Oriente. Homem justo, dedicou-se a diplomacia: “De pé, sobre os países conquistados/Desce os olhos cansados/De ver o mundo a injustiça e a sorte”.
Segunda Parte – Mar Portuguez²
A segunda parte, que tem como epígrafe Possessio Maris (termo em latim que significa possuir os mares), possui onze poemas, todos se referindo às navegações marítimas.
² Grafia Original
I. O Infante
Neste poema, fala-se sina de Portugal que apesar das grandes navegações não se demorou como uma grande e próspera nação – “Cumpriu-se o mar, e o império se desfez./Senhor, falta cumprir-se Portugal!”
II. Horizonte
Neste poema, fala-se da descoberta da América: “E, no desembarcar, há aves, flores, onde era só, de longe a abstrata linha.”
III. Padrão
Neste poema, cita-se um importante navegador português, diogo cão, Além de mencionar a importância das navegações para Portugal.
“Que o mar com fim será grego ou romano:/O mar sem fim é português”
IV. O Mostrengo
Aqui, menciona-se o incentivo de D. João segundo ás grandes navegações: “Sou um povo que quere o mar que é teu”. Os portugueses desbravam os mares, apesar dos medos e superstições. Como vemos no verso inicial do poema: “O mostrengo que está no fim do mar” .
V. Epitáfios De Bartolomeu Dias
Capitão que iniciou a rota para a Índia, chegando ao Cabo das Tormentas (renomeado de cabo da Boa Esperança): “O Capitão do fim. Dobrado O Assombro,/O Mar é mesmo: já ninguém o tema!”
VI. Os Colombos
Neste poema, menciona a descoberta da América do Norte pelos espanhóis, Com Cristóvão Colombo, sugerindo que a glória cabia a Portugal: “E por isso a sua glória/É justa aureola dada/por uma luz emprestada”.
VII. Ocidente
Neste poema, fala-se da descoberta do Brasil e das teorias levantadas: “Foi acaso, ou vontade, ou temporal”.
VIII. Fernão De Magalhães
Navegador responsável pela circunavegação, morre em combate nas Filipinas, durante a expedição, que seguiu sob comando de Juan Sebastián Elcano: “Que até ausente soube cercar/A Terra inteira com seu abraço”.
IX. Ascensão De Vasco Da Gama
Navegador que fixou a rota para a Índia.
X. Mar Português
O mais conhecido poema de Mensagem. Com alguns dos mais famosos versos de Pessoa:
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!”
Neste poema, Pessoa questiona se as mortes decorrentes das grandes navegações valeram à pena:
Valeu a³ pena? Tudo vale a³ pena
Se a alma não é pequena.
Mais uma vez, a grandiosidade do espírito lusitano é ressaltada.
³ No original, a expressão apresenta-se sem crase.
XI. A Última Nau
Neste poema, ressalta-se, mais uma vez, D. Sebastião. Grande rei lusitano, responsável, pela glória do império português.
XII. Prece
No último poema da segunda parte, lastima-se a glória perdida: “Restam-nos hoje, no silêncio hostil,/ o mar universal e a saudade”.
Terceira Parte – Símbolos
Dividia em três grupos: Os Símbolos; Os Avisos; Os Tempos – é a parte final do poema. Aqui, explicam-se:
I. Símbolos
Composto por cinco poemas:
Primeiro / D. Sebastião; segundo/ Quinto Império; terceiro/ O Desejado; quarto / As Ilhas Afortunadas; quinto / O Encoberto.
Juntos, os cinco poemas tratam do mito de D. Sebastião, que acreditava que Portugal seria o quinto império da Terra.
II. Os Avisos
Formando por três poemas, primeiro/O Bandarra; segundo / Antonio Vieira; terceiro, que juntos expressam a crença lusitana no quinto reino (em referência à interpretação de Daniel, sobre sonho de Nabucodonosor – segundo a Bíblia, haveria cinco reinos que dominariam o mundo até que o reino dos céus de fizesse presente).
Para Pessoa, Portugal seria a quinto reino pela cultural e pela arte.
III. Os Tempos
Formado por cinco poemas: primeiro / Noite; segundo / Tormenta; terceiro / Calma; quarto / Antemanhã; quinto/ Nevoeiro, esta última parte de Mensagem retrata a decadência de Portugal: “Ó Portugal, hoje és nevoeiro”.