Saúde

Ronco: noites do barulho

Causas e tratamentos

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O volume pode ser alto — cerca de 80 decibéis — comparado ao volume médio da voz humana que é de 70 decibéis, mas o ronco não incomoda apenas a quem o ouve. Ele pode ser um problema isolado ou parte de uma doença mais séria e acarretar, doenças respiratórias, problemas cardíacos e hipertensão arterial. Em alguns casos é possível acabar com o ronco através de pequenas mudanças de hábitos, em outros, é necessário procurar um médico.

Segundo o otorrinolaringologista Pedro Paulo Ribeiro, o grande problema do ronco é a possibilidade de ocorrerem interrupções na respiração, que podem ter como consequência quadros mais graves de sobrecarga cardiopulmonar, sonolência durante o dia, baixo rendimento intelectual e no trabalho, cansaço e irritabilidade.

Mas existe uma diferença entre aquele barulhinho que todo mundo faz quando dorme e o ronco. “Existem pessoas que ressonam à noite, principalmente se estiverem deitadas de barriga para cima. O ronco caracteriza-se por grandes vibrações e ruído intenso e não apenas pelo ressonar. O grande roncador precisa ser estudado para avaliar a possibilidade de ter outra patologia associada”, explica o médico.


Causas do barulho

Quem convive com um “roncador” sabe quanto o barulho é incômodo. Cotoveladas e empurrões não resolvem. Em poucos minutos a pessoa volta a roncar. Ribeiro explica a causa: “No sono, a musculatura relaxa, estreitando a garganta e causando resistência para a passagem do ar. É como um tubo que se estreita e pelo qual o ar tenha que passar para ser expirado. O ronco é o efeito dessa vibração causada por esse estreitamento”, diz.

Alguns fatores contribuem para o aparecimento do ronco: amídalas e adenoides muito grandes, tumores, desvio de septo, pólipos nasais, etc. O problema também pode ser causado por doenças que provocam a obstrução crônica do nariz e obrigam a pessoa a respirar pela boca, como a rinite.

Excesso de peso, refeições pesadas à noite, dormir de barriga para cima, fumo, álcool são as principais causas do ronco. “O álcool, por exemplo, tem a propriedade de relaxar o músculo da faringe. Medicamentos à base de diazepínicos também relaxam a musculatura. Daí, o paciente vai ao médico que lhe prescreve um desses medicamentos para que durma melhor e o quadro se agrava porque a faringe já relaxa naturalmente à noite”, diz o médico.

De acordo com o otorrino, o ronco é mais comum em homens a partir dos 40 anos e nas mulheres que engordam depois da menopausa. Devido à perda do tônus muscular que faz parte do processo normal de envelhecimento, idosos também costumam roncar. Entre as causas do ronco, o médico destaca ainda as doenças infecciosas, como tuberculose, hanseníase e sífilis e o funcionamento deficiente da glândula tireoide.

Alerta para apneia

O médico alerta que roncar também é sintoma de apneia obstrutiva do sono, uma doença progressiva e fatal que pode causar problemas cardiovasculares graves. “Apneia é a parada de respiração, quando o paciente pode ficar até dois minutos sem respirar”, diz Ribeiro. Durante o sono, um pequeno número de apneias pode aparecer em indivíduos normais. Quando ocorrem com frequência maior que cinco apneias por hora, ou 30 por noite, já é considerado anormal.

Em cada apneia, a garganta se fecha interrompendo a passagem do ar. Porém, o músculo diafragma não interrompe a sua movimentação e a pessoa fica tentando respirar até que começa a ficar sensível à falta de oxigênio. O paciente pode desconfiar que possui a doença quando o ronco é alto e tem sonolência excessiva durante o dia. O tratamento das apneias do sono varia conforme o caso. Pode-se usar medicamentos, aparelhos e até cirurgias.

Mudança de hábito

Adotar uma dieta saudável rica em frutas, legumes e verduras e praticar exercícios são as primeiras medidas para combater o ronco.

Essas duas recomendações valem para a maioria das doenças, mas no caso do ronco, é fundamental que sejam cumpridas. Alimentos de difícil ingestão como frituras devem ser cortados do cardápio à noite. Os exercícios devem ser feitos, se possível na parte da manhã ou quatro horas antes de dormir”, explica Ribeiro.

Dormir de lado, de preferência, com a cabeceira da cama um pouco levantada pode ajudar muito a reverter o ronco. “Também é importante evitar bebidas alcoólicas e o uso indiscriminado de diazepínicos que relaxam a faringe. Pacientes com refluxo gastroesofágico devem procurar um gastroenterologista, porque o refluxo pode agir sobre o ronco”, orienta o médico.

Hora de procurar o médico

Segundo o otorrrino, muitas vezes quem procura tratamento é a pessoa que dorme com o roncador. O problema acaba sendo um verdadeiro transtorno para a família toda. “Quem ronca, geralmente não percebe. A hora de procurar o médico é quando a família começa a reclamar ou quando o próprio roncador acorda à noite por causa do barulho. Além da sonolência, o paciente, que acorda muitas vezes por causa do ronco, apresenta déficit cognitivo, memória e concentração comprometidas, impaciência e irritabilidade”, explica.

É o especialista que vai avaliar a situação e indicar o melhor tratamento. “Há situações em que uma pequena cirurgia ou cauterização pode resolver um problema de obstrução nasal como um pólipo, por exemplo”, diz Ribeiro. Adultos obesos devem perder peso e consultar um endocrinologista sobre a possibilidade de algum problema hormonal ou de tireoide estar interferindo.

Tratamentos

Na abordagem inicial, levanta-se a história do paciente. Vale sempre a pena ter por perto uma testemunha, geralmente a esposa ou um filho para descrever o problema. Depois, parte-se para um exame físico cuidadoso. Muitos têm a mandíbula posicionada um pouco para trás; outros, o nariz obstruído ou semi-obstruído o que provoca dificuldade respiratória nasal plena durante a noite e eles respiram pela boca. Dependendo da causa, o médico vai indicá-lo para outro especialista ou simplesmente o ajuste de alguns hábitos.

Se o problema for mais grave e diagnosticado como apnéia, o tratamento é diferente. O diagnóstico é multidisciplinar, demanda a intervenção de vários profissionais, como otorrinos, neurologistas, cirurgiões de cabeça e pescoço. Para casos mais graves, a alternativa é usar uma máscara ligada a um respirador mecânico que bombeia ar nas vias aéreas superiores.



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