Saúde

TOC: você sabe o que é?

Repetição de gestos, rituais e pensamentos

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Manias e superstições sempre fizeram parte da vida do cantor Roberto Carlos. "No início da carreira, quando visitou uma fábrica de automóveis, deu duas voltas no prédio porque queria sair pela porta por onde entrou", lembra Marcos Lázaro, seu ex-empresário. Histórias como esta, hoje, são motivo de risos e brincadeiras em suas entrevistas com os jornalistas.

Falar com tranquilidade sobre o assunto revela a consciência e o alívio de quem superou ou está superando o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, conhecido pelas iniciais – TOC ou DOC, de distúrbio.

O TOC se caracteriza basicamente pela repetição de gestos, rituais e pensamentos que a pessoa sabe que não faz sentido, mas que não consegue evitar, pois é tomado por tal estado de ansiedade que, se não o fizer, crê que poderá acontecer algo ruim para si ou para alguém.

Nesse transtorno de ansiedade, os sintomas envolvem alterações de comportamento, pensamento e emoções. Seus portadores sofrem de muitos medos: de contrair doenças, de cometer falhas ou de ser responsáveis por acidentes. Algumas das compulsões ou rituais mais comuns são:

- Lavar as mãos com água, sabão, álcool, inúmeras vezes ao dia
- Não pegar em objetos que possam ter caído no chão ou tocado em algo sujo ou por alguém que pudesse ter alguma doença
- Voltar para conferir janelas, portas, torneiras, bicos de gás mesmo tendo certeza de que estão fechados
- Ficar se remoendo por ter feito algo que possa ter sido errado ou que possa ser interpretado como tal
- Levar tempo demais para fazer coisas comuns por causa das inúmeras repetições e conferências que precisam fazer.

Alguns comportamentos, aparentemente compulsivos, são na verdade normais, como no caso de pessoas distraídas que têm o hábito de verificar se fecharam a janela ou trancaram a porta. A diferença é que no transtorno obsessivo compulsivo a dúvida vem acompanhada de sofrimento.

O TOC é mais comum do que se imagina: está presente em quase 3% da população de jovens. Manifesta-se frequentemente na infância, em média aos 9/10 anos, com um quadro clínico bastante semelhante ao do adulto e o tratamento precoce pode evitar muito sofrimento, inclusive, no desenvolvimento das relações sociais.

A forma como a criança se comporta nas brincadeiras pode revelar os sintomas iniciais. Contar tudo o que aparece, é comum quando se aprende a contar, mas pode se manifestar de forma obsessiva para algumas crianças, com a busca pela exatidão, contando e recontando aflitivamente. Elas brincam sem se divertirem, brincam com ar de seriedade. Assim como gostar de arrumar os brinquedos ou colecionar objetos são condutas comuns na infância, o padrão de inflexibilidade e insistência nas "brincadeiras" podem ser a dica de que algo não vai bem.

Nas crianças, os sintomas mais comuns da doença são:

- Qualquer ritual diário de higiene, repetitivo e exagerado
- Repetição de ações, como de uma escrita ou leitura
- Checagens compulsivas (por exemplo, na tarefa escolar)
- Contagens compulsivas (contar as lâminas de uma persiana várias vezes)
- Simetria, por exemplo, na arrumação das roupas no armário

O portador do TOC é escravo de seus pensamentos (obsessões) e repetições de gestos (compulsões). Os pensamentos continuados geram angústia e ansiedade e as ações compulsivas são uma tentativa de controlá-los. Lavar as mãos incontáveis vezes, por exemplo, tem por objetivo aliviar o incômodo trazido pelo pensamento obsessivo de estar sempre sujo. Só que o alívio é temporário e o pensamento ressurge, desencadeando, novamente, as compulsões. Em crianças, encontram-se muitos casos de compulsão (repetição de gestos) sem obsessão (pensamentos obsessivos, angustiantes). É também frequente não serem críticas a respeito dos sintomas que apresentam.

O tratamento do TOC deve combinar medicamento e psicoterapia. A resposta terapêutica varia em cada caso, mas, é importante que haja persistência no tratamento, tanto do adulto quanto da criança e que sejam feitas as adaptações medicamentosas para se chegar à melhor combinação para cada um.

A causa da doença não é precisa, mas existe um exemplo curioso da manifestação do TOC em crianças, que é precipitado pela reação auto-imune após infecção por estreptococo.



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