Saúde

Transtorno do Espectro Autista

O autismo merece especial atenção...

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Um distúrbio do desenvolvimento
Por Claudia Romano, Cíntia Guilhardi e Leila Bagaiolo

O autismo merece especial atenção por ser um distúrbio de alta prevalência na população. Estima-se que a cada mil crianças, quatro podem se situar dentro do espectro do autismo.

A observação comportamental é a única forma de identificar essa síndrome que se revela por algumas características marcantes: pouco ou nenhum contato visual, atraso ou ausência do desenvolvimento da linguagem, mais interesse por objetos do que por pessoas, pouca sensibilidade a elogios sociais, atraso em habilidades básicas do desenvolvimento (não imita, não aprende a brincar, tende a isolar-se), dificuldade de quebra de rotina. Também se caracteriza pelo desenvolvimento de comportamentos estereotipados, que podem ser com objetos, com o corpo, com as mãos ou com sons.

Por causa destes comportamentos (ou de parte deles), a síndrome afeta a convivência social e a comunicação, dificultando a aprendizagem de muitas regras sociais e conteúdos acadêmicos pelas vias convencionais de educação.

No princípio, algumas mães suspeitam de um problema de audição, pois chamam o(a) filho(a) pelo nome e ele(a) não atende. Outras percebem que o filho está demorando a aprender a falar, ou, ainda, que ele está parando de desenvolver o pouco vocabulário que adquiriu. A criança também se mostra irritadiça e não segue instruções, por isso muitos julgam que ela está sendo mimada pelos pais.

Como tratar

Sabe-se hoje que o tratamento com eficácia comprovada é baseado na Psicologia Comportamental. Desde 1970 essa abordagem começou a desenvolver tecnologia e pesquisa, visando não só ao ensino de habilidades que faltam no repertório dessas crianças, como também à suspensão de comportamentos indesejados para o aprendizado e a socialização delas (estereotipia, auto-lesão, agressão).

A primeira característica de uma Intervenção Comportamental é o planejamento da intervenção individualizada. De acordo com o modelo ABA (Applied Behavior Analysis), a criança é atendida por, pelo menos, um professor/terapeuta, o que é chamado de atendimento um-a-um, um terapeuta para uma criança.

Mas, com frequência, dois terapeutas atendem à criança durante a mesma sessão. Enquanto um interage com ela, o outro faz o registro, que é necessário para avaliar constantemente a eficiência dos procedimentos adotados.

Na intervenção individual programada para a criança, há duas preocupações iniciais: a maximização de certos repertórios comportamentais e a minimização de outros repertórios.

A maximização implica a construção de um currículo para o ensino de repertórios pré-acadêmicos, acadêmicos, sociais, verbais e aqueles observados em atividades de vida diária (higiene, alimentação, independência para uso do banheiro). Todos essas informações estão entrelaçadas, mas, ao mesmo tempo, possuem características e controles comportamentais específicos. Tais repertórios ensinados/ fortalecidos facilitam ou, pelo menos, são pré-requisitos para o desenvolvimento da criança, maximizando suas potencialidades em todos os ambientes, inclusive no escolar.

Já a minimização de repertórios visa a diminuir a frequência dos comportamentos disruptivos, isto é, aqueles que prejudicam a interação da criança com as outras pessoas ou com o ambiente, e que impedem ou dificultam a aprendizagem de novos comportamentos.

Um exemplo de comportamento disruptivo é a estereotipia. Se durante um ensinamento a criança começar a emitir respostas de “balançar as mãos”, nada do que o professor estiver falando e da estimulação apresentada por ele terão relevância para a criança. A auto-estimulação, gerada pelas respostas estereotipadas, absorve completamente a atenção da criança. Outros exemplos de comportamentos disruptivos são a agressão a outras pessoas e a auto-lesão (nesses dois casos, as conseqüências geradas podem ser ainda mais graves).

O segredo do sucesso da Intervenção Comportamental é a orientação de pais/professores/ e de quem convive com a criança para programar a generalização de todos os comportamentos aprendidos na terapia. Uma intervenção completa não pode ser restrita ao setting terapêutico, mas deve multiplicar os ganhos individuais nos ambientes sociais que a criança convive (casa, escola, clube, academia, parque, etc.).

No Brasil, a Gradual (Grupo de Intervenção Comportamental) tem se especializado no tratamento e no desenvolvimento de pesquisas para proporcionar a crianças autistas a possibilidade de aprendizado e inclusão social. Nesses anos de atuação, temos muitas histórias de sucesso. Temos crianças que começaram sem falar nada e hoje se comunicam verbalmente ou com um sistema alternativo à fala (PECS – Picture Exchange Communication System) e podem escolher o que querem comer, onde querem ir, conseguindo vencer a barreira da comunicação imposta pelo diagnóstico.

Também temos conquistado uma verdadeira inclusão escolar, capacitando toda uma equipe integrada que promove a convivência de crianças autistas na sala de aula com crianças neurotípicas (para acompanhar conteúdos acadêmicos) e no recreio ou momentos de interação social (para aprender a brincar e conversar com os pares).
 
OBS: As psicólogas, autoras da matéria, são responsáveis pelo Grupo Gradual - Grupo de intervenção Comportamental, em São Paulo-SP, especializado no atendimento terapêutico de pessoas com desenvolvimento atípico. Para saber mais, visite o site, no link abaixo.

Grupo Gradual

 

 

 



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