A professora de língua portuguesa Carolina Fernandes conta que descobriu a vocação vivenciando a profissão. Formada em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ) ela trabalha no Colégio Teresiano, na Gávea, no Rio de Janeiro dando aulas para alunos da 5ª série do Ensino Fundamental.
Carolina conta que foi estagiando nas escolas Parque e Santo Inácio que conseguiu experiência em sala de aula e teve certeza do que queria. Sempre gostei da área de humanas, mas no início da faculdade não sabia que caminho seguir e a sala de aula me ajudou, conta.
O magistério ainda é uma profissão de altos e baixos. O trabalho e a dedicação são grandes para um salário que muitas vezes não compensa. O ensino no Brasil, para a professora, ainda tem que melhorar muito para conseguir atingir um bom nível de qualidade.
Para quem pensa em seguir a carreira dela, uma dica: "Não se limitem ao que se vê em sala de aula e leiam muito".
Por que você escolheu cursar Letras?
Sempre gostei de estudar as matérias da área de humanas, mas na época de fazer vestibular para Letras eu não tinha definido exatamente que área eu iria seguir. Depois de formada, eu poderia trabalhar em editoras fazendo revisão de livros, como secretária executiva e professora. Durante a faculdade comecei a vivenciar o dia-a-dia do ensino e, apesar do meu curso não exigir, eu decidi estagiar de graça. Me apaixonei pela sala de aula e acabei descobrindo a minha vocação.
O aluno precisa ter algum perfil para cursar Letras?
O aluno deve gostar de ler e ter afinidade com a área. Esse é um bom curso e oferece um banho de cultura.
Como anda o mercado de trabalho para o professor?
O mercado não está muito bom. Ao mesmo tempo em que existem escolas pagando muito mal, outras pagam muito bem. Não existe um padrão de salário. E além do mais, a inadimplência dos pais nas mensalidades escolares contribui ainda mais para o atraso e a diminuição dos salários. Muitas escolas estão endividadas e não conseguem pagar os professores.
O ensino no Brasil é bom?
Falta muito ainda para melhorar. O ensino das escolas particulares é melhor que das escolas estaduais e municipais porque faltam recursos. Não existe material de qualidade e até o professor fica desmotivado em ensinar porque recebe pouco. é um ciclo que se repete e não tem saída. As particulares têm computadores e material didático de qualidade. Infelizmente para o ensino no Brasil melhorar muitos aspectos ainda tem que ser modificados.
Você se sente realizada ou decepcionada?
Sinto-me muito realizada, descobri minha vocação na sala de aula. Pretendo estudar ainda mais, fazer mestrado e dar aulas em universidades.
Como é o retorno financeiro na sua profissão?
Nesse aspecto eu me surpreendi. Sempre me disseram que professor morre de fome, para eu não cursar Letras, mas no meu caso tive sorte. Trabalhei em excelentes colégios que pagam bem e em dia os professores. Mas no geral sei que o salário não é tão bom e a hora/aula é muito baixa. Além da escola, complemento a minha renda dando aula particular. Muitos professores como eu tem a chance de se dedicar exclusivamente a uma única escola e ainda ter alunos particulares.
Os recém-formados enfrentam alguma dificuldade para entrar no mercado de trabalho?
Para o recém-formado conseguir trabalho é difícil. Porque as escolas querem professores experientes e com um bom currículo. Também tive sorte nesse ponto porque sempre estagiei e consegui experiência antes de me formar. Para quem está formado e começando a vida, arrumar trabalho é muito difícil.
Que dicas você daria para quem está ingressando na faculdade e quer seguir a sua área?
Não se limitar ao que é visto em sala de aula. Ler o máximo que puder, aproveitar as dicas dos professores e procurar vivenciar tudo. Estagiar é o melhor caminho. O aluno tem que experimentar para ter certeza se está no curso certo. O contato do aluno com o professor ajuda a crescer ainda mais.
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