Profissionais de Sucesso

Sempre uma entrevista com um
grande profissional!

Um apaixonado pela natureza

Lohengrin Fernandes | Biólogo

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Trabalhar em benefício da natureza é cuidar da própria vida. No caso do biólogo Lohengrin Fernandes, a vocação foi despertada ainda na adolescência com o sonho de realizar pesquisas na Antártica. Depois de anos de estudo e persistência, ele conseguiu. Embarcou duas vezes para a Antártica e viajou como pesquisador em navios oceanográficos nacionais e estrangeiros.

Hoje, o biólogo é mestre em Zoologia, especializado em reprodução de crustáceos. Lohengrin também é professor do curso de Biologia da Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e pesquisador do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). E, ao contrário do que muitos estudantes pensam, ser biólogo não se resume a encarar uma sala de aula como professor. O campo é bem amplo e existem muitas linhas de pesquisa a serem seguidas.

A profissão também ajuda a cuidar e a entender o meio ambiente para que seja preservado. Lohengrin acredita que a educação ambiental leve à conscientização e isso deve começar desde pequeno. “Conscientizar as pessoas dos benefícios de uma vida harmônica com o meio ambiente é a melhor forma de gerar respeito e preservação”, acredita.

O que o levou a escolher a carreira de biólogo?

Sempre fui apaixonado pela Natureza. A escolha da carreira deveu-se a um sonho de adolescente. Aos 14 anos, comecei a construir o sonho da minha vida: seria biólogo para trabalhar na Antártica. Parecia impossível, mas foi exatamente assim. Alguns anos depois, fiz o vestibular para o curso de Biologia na UFRJ e passei. No primeiro ano de faculdade, procurei, no curso, alguém que pudessem me ajudar a realizar pesquisas na Antártica. Para minha sorte, havia um professor que trabalhava lá e então resolvi procurá-lo . A primeira resposta foi um não, desagradável para quem está começando. Alguns meses de espera (o que eram meses para quem já estava esperando desde os 14 anos), esse professor finalmente me convidou a fazer parte de seu grupo de estudo, mas em outro projeto que não o PROANTAR. Era a chance de ficar perto das pessoas que trabalhavam lá. Para encurtar essa história longa, as pessoas ao meu redor perceberam a minha fixação pela Antártica e me convidaram a integrar a equipe de trabalho num novo projeto. Finalmente, consegui!

Como deve ser o perfil do estudante que pretende seguir esta carreira?

A profissão é muito ampla. Diversos perfis se adaptam à carreira, mas é fundamental: amor à natureza. Todos os biólogos têm em comum uma paixão por estar em harmonia com a natureza. O estudante que encontra na biologia uma escolha correta, no entanto, não pode ter como meta principal uma vida de ostentação. É perfeitamente possível sobreviver da biologia com uma certa tranquilidade, mas não se deve ter a ilusão de ficar rico com grande rapidez.

Como é o seu trabalho? Que papel você desempenha em benefício do meio ambiente? Muito corrido! Eu atuo em muitas frentes ao mesmo tempo. Na pesquisa, estudando a biologia reprodutiva de crustáceos; na educação, ensinando outros alunos; e na sociedade, monitorando populações de animais marinhos em regiões que tenham sido alvo de impactos ambientais, como a baía de Guanabara, a bacia de Campos e a lagoa Rodrigo de Freitas. Sucintamente, meu trabalho é coletar amostras de animais dessas populações e verificar alguns índices, como a densidade de organismos.

Como profissional, você vê, à medida que os anos passam, a natureza ser mais respeitada ou degradada? Por quê?

Degradada,  porque apenas as grandes empresas poluidoras têm tido preocupação – imposta, na maioria dos casos – em preservar o meio ambiente. As pessoas, de um modo em geral, não têm noção do quanto elas contribuem para a degradação do ambiente. Isso se aplica a todas as classes sociais, de forma diferente, mas definitivamente a todas as classes. O mau uso da água é um exemplo claro. Refiro-me à lavagem semanal de calçadas, ao lançamento de lixo e de esgoto, entre outros.

Cada vez que surge uma notícia sobre o impacto no meio ambiente, o governo anuncia liberação de verbas e novas providências. Na prática, alguma coisa acontece?

Pouca e de forma muito lenta. Ainda há muitos que veem nessas ações a chance de ganhar dinheiro fácil. As poucas pessoas, que efetivamente se comprometem com ações de recuperação, monitoramento e preservação ambiental, são incapazes de produzir grandes efeitos. Porém, seria uma visão muito pessimista lembrar apenas dos problemas, já que há apenas uma década foi realizada a primeira reunião internacional específica para essas questões.

O que seria necessário fazer para que as pessoas respeitassem e preservassem o meio ambiente?

Investir seriamente em educação. A alfabetização ambiental, expressão tão em moda hoje, leva à conscientização. E conscientizar as pessoas dos benefícios de uma vida harmônica com o meio ambiente é a melhor forma de gerar respeito e preservação.

As pessoas falam do fim da água potável e dos recursos naturais. Isso realmente é possível? A natureza um dia vai "cansar" de ajudar o homem?

Metaforicamente sim, mas é mais importante inserir o homem no contexto de usuário dependente da natureza do que usurpador. Nós participamos dos ciclos biogeoquímicos naturais como o da água. Estamos inseridos no ciclo por natureza, mas usando os recursos naturais numa taxa além da capacidade suporte (de renovação). O que você chama cansaço é a incapacidade de reposição desses recursos na mesma velocidade em que são consumidos. Resta aí a questão: ou se reduz democraticamente o consumo (com um melhor uso por todos), ou a redução será obrigatória e mais rigorosa com alguns.

Qual a sua maior realização como biólogo?

Ter ido à Antártica.

Quais são as angústias da sua profissão?

Ver que muitas pessoas realmente seriam excelentes colegas de trabalho, mas são obrigadas a seguir outros caminhos na vida para manter suas famílias. Ver que a profissão é tão linda e pouco valorizada por muitos.

Como anda o mercado de trabalho para o biólogo no Brasil?

Em crescimento. Muitas são as oportunidades, poucos são os profissionais habilitados. A formação universitária é ainda muito pouco profissionalizante. Empresas, que necessitam de biólogos, decidem fazer a escolha em outras áreas, dada a natureza técnica dos cursos de origem. Desta forma, podem treiná-los mais facilmente e melhor aproveitá-los dentro da empresa.

Qual a dificuldade de um recém-formado para entrar no mercado de trabalho?

Conseguir o primeiro emprego sem ter experiência. Por isso, fazer estágio é muito importante.

Que dicas você dá para quem está ingressando na faculdade e quer seguir sua área?

Tome decisões importantes o mais rapidamente possível e seja muito persistente. Escolher tarde a área da biologia, em que se pretender atuar, custa caro. Hoje, mais do que antes, o tempo é decisivo para o sucesso profissional. A persistência também é decisiva. Saiba dosar bem o lazer e os estudos.



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