O gosto pela política e o engajamento no movimento estudantil durante o ensino médio fizeram Anna Paula Cardoso Menezes escolher a carreira de assistente social. Formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, ela começou a trabalhar na Secretaria Municipal de Habitação e pôde acompanhar de perto programas como o Favela Bairro, o Bairrinho, as Grandes Favelas e o Morar Sem Risco. Atualmente, ela trabalha na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, na Coordenadoria Geral de Assistência.
Sua primeira experiência foi na área de saúde mental, que tinha como diretriz a desinstitucionalização de pacientes psiquiátricos. Depois, ela partiu para uma outra experiência na área de habitação, especificamente na urbanização de favelas.
Segundo ela, o trabalho de uma assistente social não é uma missão fácil, principalmente a de conscientizar a população da importância de se conservar os bens que recebe e também de se lutar por eles. Quem pretende seguir essa carreira deve gostar de política e ter muita vontade de ajudar o outro.
O que a levou a escolher a carreira de Serviço Social?
Desde a adolescência sempre me interessei por política e estava engajada no movimento estudantil,especialmente no segundo grau. Nessa época, sabia que qualquer carreira das ciências humanas era uma possibilidade, a opção pelo serviço social ocorreu devido à perspectiva da profissão oferecer um contato próximo com a população de baixa renda, diferente das carreiras como filosofia, ciências sociais, psicologia etc. A ideia de transformação e intervenção foi determinante para a escolha.
Você tem alguma especialidade?
Realizei minha especialização no Instituto de Geociências da UERJ, em Políticas Públicas Territoriais no Estado do Rio de Janeiro. A necessidade de uma pós-graduação surgiu de se repensar a prática profissional e conhecer novos conceitos teóricos que permitissem a leitura da realidade. Nesse processo de análise crítica é possível investigar e formular propostas. Quando estamos absorvidos pelo cotidiano e seus problemas, somos tragados e normalmente reproduzimos um exercício ausente de criatividade e isso pode ser devastador, é preciso se reciclar sempre, estar atualizado para acompanhar o debate. Apenas dessa forma é possível ser um profissional atuante e não um mero executor.
Como deve ser o perfil do estudante que pretende seguir essa carreira?
Em primeiro lugar deve gostar de acompanhar o cenário político do país, pois o profissional de serviço social trabalha com o planejamento, elaboração e execução de políticas sociais, sejam elas no setor da assistência, habitação, trabalho, cultura, saúde etc. Sabemos que no imaginário popular a assistente social é a aquela moça boa que trabalha com os necessitados, uma imagem sempre relacionada à boa vontade e à caridade. Enfim, parece um “profissional da ajuda“. Esta relação pode ser explicada através do nascimento da profissão e o papel da igreja, pois pobreza não era um problema do Estado.
Atualmente, o profissional de serviço social recebe da universidade instrumentos teóricos e metodológicos para planejar e intervir nas questões sociais. Tais instrumentais precisam estar sempre atualizados, daí a necessidade de cursos de especialização, seminários, congressos e palestras, pois a realidade é muito dinâmica e oferecer propostas coerentes é sempre um desafio e uma tentativa de dar resposta aos problemas que afligem a sociedade de maneira geral.
Como é o seu trabalho especificamente?
O assistente social pode trabalhar tanto na execução quanto no planejamento de diversas políticas sociais. Atualmente estou trabalhando da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, que tem como missão implantar a política de assistência. O público-alvo dessa secretaria é a população em vulnerabilidade social, isto é, menores e adultos que moram nas ruas, prostituição infantil, crianças e adolescentes em risco social, idosos com recursos precários para a subsistência etc. A diretriz que buscamos na Coordenadoria Geral de Assistência Social, onde trabalho, é integrar diversos projetos e programas de outras secretarias para atender a este público.
Nos últimos anos houve alguma mudança no seu campo de trabalho?
Sim. A partir da década de noventa, com a disseminação do pensamento neoliberal e a retirada cada vez maior do Estado das questões sociais, os postos de trabalho diminuíram muito e o desemprego no setor foi e é grande.
Qual a sua maior realização profissional?
Nos últimos seis anos trabalhei em favelas, tive a oportunidade de conhecer a dura realidade que essas pessoas precisam enfrentar. Essa realidade, às vezes, é utilizada por políticos sem escrúpulos e a minha maior realização foi saber que onde trabalhei consegui que os moradores entendessem que as obras e serviços públicos que chegavam a comunidade eram um direito e não um favor de um político. Aquilo era o início do pagamento de uma enorme dívida que o Estado tinha com eles.
Existe algum tipo de dificuldade na sua profissão?
Existe, a maior dificuldade é a continuidade. Você está desenvolvendo um projeto e começa o processo eleitoral, a pessoa que estava no poder perde e uma nova entra e quer arrumar a casa ao seu modo. No decorrer desse processo, o projeto para e, dependendo do público-alvo, isso pode significar deixar de comer, deixar de ir a escola, ficar doente porque a obra parou e o esgoto está contaminando a água, e por aí vai...
Como anda o mercado de trabalho para o assistente social no Brasil?
A partir do momento em que o Estado começou a se retirar e a diminuir cada vez mais os recursos para a área social, colocando o “mercado” como mais importante e delegando às instituições não-governamentais o tratamento a questão social, o mercado de trabalho sofreu uma grande retração. O maior empregador de assistentes sociais é o poder público, a partir do momento em que as instituições pararam de realizar concursos públicos e começam a terceirizar, o trabalho deixou a qualidade de lado e um único profissional trabalha por vários.
Como é a remuneração salarial?
Muito baixa. A categoria não tem piso o que faz o empregador pagar o que quiser. Como o desemprego é grande as pessoas acabam aceitando qualquer coisa, o que faz o salário diminuir cada vez mais.
Acredito que a falta de vagas atinge todas as profissões e o serviço social não seria uma exceção. O início é sempre muito difícil, mas se a pessoa fez a graduação em uma universidade respeitada já é um bom começo, se é dedicada, comprometida e bem preparada também tem grandes possibilidades.
Que dicas você dá para quem está ingressando na faculdade e quer seguir sua área?
Invista profundamente no conhecimento teórico e busque relacioná-lo à prática. O referencial teórico fundamenta toda a intervenção, é ele que dá os caminhos e explica o real. Esse real vai realimentar a teoria e renová-la, formando instrumentos cada vez mais afinados para dar respostas aos problemas. Leia muito e procure ter um pensamento crítico, procure estar atualizado e não tenha medo de mudar sua opinião, pois ainda é melhor ser uma “metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
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