A assistente social Carla Pinheiro teve o seu primeiro contato com o universo da profissão ainda adolescente, quando era voluntária em projetos sociais. Quando descobriu a possibilidade de trabalhar ajudando os outros, não houve dúvida. Atualmente, com sete anos de profissão, Carla trabalha com crianças que possuem deficiência mental na Apae.
Segundo Carla, o assistente social enfrenta muitas dificuldades como baixos salários, a carência de educação no país, a violência nas comunidades carentes, a falta de recursos, entre outras coisas. Por outro lado, Carla ressalta que é uma profissão extremamente gratificante.
"No dia a dia estamos sempre lidando com a nossa capacidade de sermos pessoas melhores. No trato com as crianças com problemas mentais lido com uma série de situações comoventes, emocionantes e difíceis, que é impossível não ser tocado por isso. Aqueles que estão sendo auxiliados nos ajudam muito mais do que o contrário", diz a assistente social.
Por que você optou por trabalhar com serviço social?
Desde adolescente, tenho consciência da minha responsabilidade social. Sempre participei de projetos voluntários, de ajuda a comunidades carentes. Assim que "descobri" a profissão me encantei com ela. E, apesar de todos os problemas que enfrentamos e dos baixos salários, não conseguiria fazer outra coisa. Acabei me especializando no tratamento de crianças com problemas mentais e auxílio aos pais. Atualmente trabalho na Apae.
Em que áreas o assistente social pode atuar?
A principal função do assistente social é prestar auxílio e ajudar na integração das pessoas na sociedade. Ele pode prestar assistência à criança e ao adolescente desenvolvendo projetos de amparo, educação e integração social de jovens e crianças de comunidades carentes em entidades filantrópicas e fundações. Nos fóruns, pode acompanhar processos de adoção e mudança de guarda de menores. Pode trabalhar também em campanhas públicas de prevenção de doenças, combate às drogas, além de prestar assistência a pacientes e seus familiares em hospitais, postos e centros de saúde. Também pode trabalhar em empresas organizando programas de lazer, saúde e segurança para os funcionários.
Como está o mercado de trabalho para este profissional?
O mercado de trabalho está se ampliando. Acho que, de forma geral, a população está começando a tomar consciência da sua responsabilidade social, assim como as empresas. E isto se reflete no crescente número de projetos sociais. Acredito que o assistente social está ganhando um papel mais importante na sociedade, mas a principal dificuldade ainda são os baixos salários.
Quais são as dificuldades da profissão? E o que é mais gratificante?
Contamos com a falta de educação do país, com a violência nas comunidades carentes, com a falta de recursos, entre outras coisas. Como já disse, não é uma profissão na qual se ganha "rios" de dinheiro, mas é extremamente gratificante. No dia a dia estamos sempre lidando com a nossa capacidade de sermos pessoas melhores. No trato com as crianças com problemas mentais lido com uma série de situações comoventes, emocionantes e difíceis. É impossível não ser tocado por isso. Todos que tomaram a decisão de ajudar aos outros dizem algo que é a mais pura verdade: aqueles que estão sendo auxiliados nos ajudam muito mais do que o contrário.
Como deve ser o perfil de quem deseja trabalhar nesta área?
Em primeiro lugar, ele deve estar disposto a ajudar e assistir àqueles que necessitam e ter consciência da sua responsabilidade social. Deve também ter muita disposição para trabalhar em comunidades carentes, hospitais, lugares distantes etc. Deve ter sensibilidade, sociabilidade e ser extremamente ético. Além disso, precisa ter uma boa capacidade crítica e de análise e compreensão dos problemas sociais.
Como é o curso de serviço social?
O currículo da faculdade inclui sociologia, antropologia e gestão social. Há muita teoria sim, mas os alunos também vão ter muito trabalho de campo, realizados desde o início do curso. O aluno age diretamente com comunidades carentes e em hospitais. Na fase inicial, observa o comportamento das pessoas e, depois, entre em contato direto com eles.
Que conselhos você pode dar para quem está ingressando na faculdade?
Entre na faculdade de coração aberto, pois durante o curso, os estágios e na carreira toda lidamos com situações muito difíceis. Dê uma atenção especial às matérias do início da faculdade, pois elas serão a base teórica importante para que você desenvolva a sua capacidade crítica. Esteja sempre atento às questões sociais do país. Costumamos dizer que uma vez que você começa a ajudar aos outros nunca mais consegue parar.
