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Roberto Farias: o cineasta que iniciou a carreira aos 18 anos

Roberto Farias | Cineasta

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O cineasta Roberto Farias é de Friburgo, cidade da região serrana fluminense, morou uma temporada em São Paulo, mas mora no Rio de Janeiro desde os 18 anos, quando iniciou sua carreira de cineasta. Eram os anos 50 e o cinema brasileiro vivia sua época de ouro, na Atlântida.

Hoje, aos 68 anos, define a si mesmo como um bom espectador. Gosta dos filmes cabeça e dos de entretenimento. Mas também adora um bang-bang e os filmes policiais. E ainda gosta de Fellini. Sua formação teórica é autodidata. Esse pai coruja confesso é totalmente louco por cinema e vê o que há de novo e de bom no mundo da sétima arte todos os dias. E confessa: aprende com o cinema até hoje.

Qual foi o seu primeiro filme e o primeiro sucesso?

Meu primeiro filme como diretor foi um grande sucesso. Chamava-se Rico Ri à Toa, com Zé Trindade e Violeta Ferraz. O filme foi feito em 1957 e eu já trabalhava em cinema há sete anos, tendo feito mais de 10 filmes como assistente de direção.

Você tem formação universitária?

Não. Comecei em cinema aos 18 anos e nunca mais parei de trabalhar. Não dava para fazer universidade. Minha formação teórica é autoditata. E a profissional veio do trabalho junto a grandes profissionais. Tive muita sorte porque em dois anos de trabalho, aos 20 anos, eu já tinha sido assistente de cinco filmes: Maior que o Ódio, Aviso aos Navegantes, Aí vem o Barão, Areias Ardentes, É fogo na Roupa e O Petróleo é Nosso. Anselmo Duarte, Eliana, Cyll Farney, Fada Santoro, Adelaide Chiozzo, Oscarito, Grandeo Othelo, José Lewgoy, Jorge Dória são os principais atores com quem trabalhei nesses filmes.

Um diploma ainda é importante no Brasil, até na carreira de cineasta?

O diploma é sempre importante. Mas mais importante ainda é estudar, saber, conhecer. Só dirigi meu primeiro filme, como expliquei, depois de sete anos como assistente de vários filmes. Talvez, se existissem cursos de cinema na universidade e eu tivesse feito, quem sabe poderia ter estreado antes, como diretor?

O que você gosta de assistir? Quais são os melhores filmes que você já viu?

Gosto de cinema de um modo geral. Quando criança assistia filmes de mocinho; mais tarde, os da Série Negra, americanos. Sou um bom espectador. Gosto dos filmes cabeça e dos de entretenimento. Adoro um bang-bang e filmes policiais. Mas gosto de Fellini, Bergman, John Ford, e dos modernos, como Tarantino. Mas não ligo muito para o nome do diretor. Quase todo filme tem algo para você observar e aprender. E em cinema você está sempre aprendendo.

Na atual safra brasileira o que mereceria seu destaque?

Gosto de Eu tu Eles, gosto do Celso Brant, do Central do Brasil do Waltinho Salles, gostei do filme da Eliane Café, que me esqueci o nome; gosto muito dos filmes do meu filho Mauro e admiro muito o meu filho Lui como diretor. Sou coruja. Gosto do trabalho do meu filho Maurício na televisão e do curta com que ele ganhou vários prêmios em Gramado e no exterior, o filme A Espera.

Que aptidões um aluno deve ter para seguir essa carreira?

Muita vontade, muita disposição para lutar pelo cinema brasileiro. Além de saber cinema, ele terá de estudar as forças que compõem a atividade cinematográfica, o concorrente estrangeiro, sua força e influência no mundo. Além de arte, cinema é um negócio que é disputado palmo a palmo pelos grandes estúdios americanos. E eles têm um poder de persuasão enorme, capaz de convencer a governos do mundo inteiro que só eles, americanos, deveriam produzir cinema, enquanto o resto do mundo deveria só consumir.

Existem bons cursos de cinema nas universidades brasileiras?

Há bons e maus professores. Mas todos amam o cinema. Os cursos bons são os da USP, da UFF, da PUC do Rio e de Porto Alegre. Parece que o da Estácio de Sá também é bom. Minha filha Marise está fazendo lá um curso de pós graduação.

Em que você está trabalhando atualmente? E os projetos futuros?

Em televisão. Preparo também um longa extraído de um livro chamado Caçadas de Vida e de Morte de João Gilberto Rodrigues, da Editora Peirópolis.

Você é um cinéfilo?

Sou. Adoro cinema e vejo cinema todos os dias. Infelizmente, hoje em dia, tenho preguiça de sair de casa para ver cinema na tela grande, mas vejo cinema pela televisão, nos canais a cabo.

Qual seria o conselho para os futuros cineastas, que estão fazendo vestibular e sonhando em entrar para essa carreira?

Estudar muito, trabalhar duro e começar a filmar logo. Hoje em dia não é como antigamente, quando filmar era uma coisa caríssima. Filmes, revelações, câmeras. Experimentar era difícil, e a gente estreava quase no escuro. Por isso foi importante para mim trabalhar em tantos filmes como assistente, participar da gênese e do parto dos filmes; ver filmar, editar, sonorizar. Hoje é possível fazer todo tipo de experiências a um custo muito corpo. É só pegar uma câmera de vídeo e sair filmando para ver no que dá. Façam isso. Experimentem, filmem, olhem se o que vocês pensaram que estavam filmando saiu na tela. Antes de romper as regras, conheçam a gramática cinematográfica, o eixo, as posições de câmera que permitem ao espectador entender que um personagem está olhando para o outro. Façam isso com eles parados, depois experimentem fazer com eles em movimento; depois de fazer com dois personagens, tentem fazer com três, quatro. E vejam que cinema é uma coisa muito legal, mas não é tão simples, como muita gente pensa.



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