Profissionais de Sucesso

Sempre uma entrevista com um
grande profissional!

Regulamentação da profissão de oceanógrafo está em tramitação no Congresso

Marcos Fernandez | Oceanógrafo

A  A  A     

À primeira vista, a Oceanografia parece estar relacionada a uma vida tranqüila e bucólica. Nada mais falso. Uma das primeiras coisas que o estudante do curso percebe é que terá uma carga horária pesada e uma grande quantidade de conhecimento teórico para adquirir, antes de poder começar realmente a trabalhar no mar. Essa é a avaliação do professor de Oceanografia e pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Marcos Fernandez, de 42 anos, um apaixonado pela profissão. Formou-se em Oceanografia na Uerj, fez mestrado em Geoquímica Marinha na Universidade Federal Fluminense e atualmente prepara sua tese de Doutorado em Química Analítica na PUC-Rio.

Segundo ele, o curso é um dos mais importantes para se entender as relações atuais entre o meio-ambiente e o impacto da ação humana sobre o planeta. É também um dos mais procurados da Uerj. Apesar de sua importância, a profissão ainda não é regulamentada. O projeto que trata do assunto está em tramitação no Congresso Nacional há pelo menos 15 anos. Esse contratempo torna a vida do oceanógrafo um pouco mais difícil. Ele não pode, por exemplo, assinar um simples laudo. Mas, devido ao aumento da demanda por esse tipo de profissional nos útimos dois anos, Fernandez acredita que a lei terá que ser revista em breve. "Não há como não reconhecer que estamos fazendo um bom trabalho", diz ele.

Por que você decidiu estudar Oceanografia?

Sempre fui apaixonado pelo mar e queria uma profissão que me permitisse melhorar as condições do ambiente marinho.

Qual o grau de destruição dos ambientes marinhos atualmente?

Há muito a ser feito em três escalas de resolução: a local, a regional e a global. No nível local, ou seja, na cidade do Rio de Janeiro, os principais problemas são o saneamento básico e a poluição industrial nas baías de Guanabara e Sepetiba. No nível regional, carecemos de uma política de exploração racional dos recursos marinhos, tanto em termos de levantamento de estoques quanto em termos de avaliação de impactos. Falta muita pesquisa básica na maior parte do nosso litoral. A exploração irracional dos recursos marinhos também ocorre a nível global. Por exemplo, compostos orgânicos, metais pesados, defensivos agrícolas e mercúrio podem permanecer no meio ambiente por muitos anos e continuarem chegando ao mar, principalmente nos países industrializados. A Oceanografia é uma das áreas em que a frase "Pensando globalmente, agindo localmente" pode ser aplicada de forma inequívoca no trabalho do dia-a-dia.

Em que áreas o Oceanógrafo pode atuar?

O campo de atuação é bastante amplo, indo desde a pesquisa básica até a exploração racional dos recursos marinhos, passando por levantamentos físicos, químicos, biológicos e geológicos até a modelagem matemática dos processos ambientais. A multidisciplinaridade está presente o tempo todo nas interfaces com as diversas áreas do conhecimento humano que estudam o mar. O mercado atualmente está forte no campo de exploração de recursos vivos (pescado e maricultura) no campo dos levantamentos hidrográficos e geofísicos, principalmente para a indústria do petróleo, e no campo dos estudos e avaliações de impactos ambientais.

Qual a importância do oceanógrafo para a sociedade?

Ele cuidará da manutenção do equilíbrio do ambiente marinho e fará isso com uma abordagem sistêmica. O oceanógrafo deve trabalhar numa equipe multidisciplinar, composta por biólogos, geólogos, físicos e químicos. Mas ele é uma peça-chave nesse grupo porque será o responsável pela visão de conjunto, integrando os conhecimentos das diversas áreas. É importante também que não haja competição entre os profissionais. Os trabalhos de bióogos, químicos e oceanógrafos devem ser complementares. Competição é coisa para peixes, os seres humanos têm que ser cooperativos, aprender a trabalhar em grupo.

Como está hoje o mercado de trabalho para quem está começando?

Razoável. De dois anos para cá a demanda por esse profissional vem aumentando, em parte por causa do boom do petróleo, em parte devido aos problemas crescentes relacionados à preservação do meio-ambiente marinho.

Qual a habilidade que o estudante deve ter para fazer este curso?

O oceanógrafo, ao contrário do que se pensa, não fica mergulhando o tempo todo. Ele deve ser paciente, estudioso e perseverante porque o currículo é muito extenso e a faculdade dura cinco anos. Há aulas de Cálculo, Física, Geologia, Química, entre outras. Se o estudante não passar por essa fase de aprendizado teórico, continuará observando o mar com os mesmos olhos de antes...

Que dica você daria para quem escolheu a Oceanografia?

Não se assustar no início do curso, que é composto por três partes principais: o ciclo básico, de dois anos, o ciclo de formação profissional básico, de um ano, e o ciclo de aperfeiçoamento profissional, de uma ano. O último ano é dedicado ao trabalho obrigatório de conclusão de curso, a monografia. A formação é dividida entre as áreas física, química, biológica e geológica da forma mais equilibrada possível ao longo dos primeiros três anos, que incluem ainda Cálculo, Fundamentos de Climatologia e Estatística. O quarto e o quinto anos permitem ao aluno escolher seu perfil de atuação, através das matérias optativas e da escolha do seu trabalho de final de curso. Nesta altura, o aluno começa a ver o mar com olhos de oceanógrafo e a saber que fez um curso de bom nível que o capacitou para entrar no mercado de trabalho bem preparado.



compartilhe em: Twitter Facebook Windows Live del.icio.us Digg StumbleUpon Google

EDUCA

O seu portal de ensino online.

CONTATO

4002-3131

regiões metropolitanas

08002830649

demais regiões