As inscrições para os vestibulares de Publicidade e Propaganda vêm batendo recordes em todo o Brasil, em algumas faculdades superando até os números de Medicina. Todo o glamour e a imagem moderna dos profissionais de criação ajuda nesta valorização da carreira, mas o dia a dia da profissão envolve muito menos luxo e muito mais suor do que se imagina. Conversamos com um grande nome da publicidade brasileira para conhecer um pouco mais sobre esta formação.
Clóvis Speroni, 48 anos, formou-se em Comunicação na Universidade Gama Filho. Atualmente é sócio da Agência 3 e presidente da ABAP-Rio (Associação Brasileira de Agências de Publicidade - Capítulo Rio de Janeiro). Sua atuação como empresário no segmento de publicidade tem como foco as áreas de atendimento e planejamento, mas também forte atuação na parte administrativa e financeira da empresa.
Como presidente da ABAP- Rio tem como objetivo a busca do fortalecimento do mercado carioca tanto em relação às agências de publicidade filiadas à ABAP, quanto aos seus profissionais.
As inscrições para o vestibular de Publicidade e propaganda vêm batendo recordes e a área é cercada de glamour. Como é na verdade o dia-a-dia da profissão?
Como em qualquer profissão, os profissionais que alcançam o topo desfrutam de fama e sucesso. Na publicidade ainda temos o glamour por estarmos muito ligados aos veículos de comunicação de massa, como televisão, revistas, jornais etc..
Entretanto, o dia-a-dia na nossa profissão exige muita dedicação, empenho e, principalmente, conhecimento aliado a talento. Trabalhamos em média 12 horas por dia e muitas vezes não temos finais de semana e feriados. Nossa profissão passa por muitas mudanças, uma vez que as formas de comunicação ganham contornos novos a cada dia. Precisamos estar conectados o tempo todo, ler muito, exige-se uma atualização full-time.
Quais as áreas mais quentes da publicidade atualmente?
Pessoalmente, acho que planejamento é a área que mais cresce, uma vez que precisamos continuamente nos antecipar para podermos encontrar formas eficientes e criativas de conquistar a preferência e a fidelidade dos consumidores.
Como a internet mudou a maneira de veicular a publicidade?
A internet mudou o mundo, o internauta é um consumidor com grande capacidade seletiva, pois ele escolhe o que quer ver, consumir e conhecer num cardápio de opções infinitas.Tem o mundo diante do seu monitor e teclado. Sem sombra de dúvida, é um grande desafio e, ao mesmo tempo, também uma excelente oportunidade. Na Agência 3 este é o segmento que mais cresce, planejamento e criação interativa tem sido um grande laboratório para descobertas de novas formas de comunicação. Recentemente, para o nosso Cliente CCAA fizemos uma campanha conjugada, utilizando mídias off line + on line e, em menos de 20 dias, os acessos diários ao site quadruplicaram.
Sabemos que o trabalho nas agências sempre envolveu muita "ralação", sem rotinas e horários definidos. Quais os pontos positivos e negativos disso para os profissionais?
Pontos positivos: não temos rotina, todos os dias temos novos desafios, novos conhecimentos. Eu me sinto uma pessoa jovem, pois a cada dia preciso saber de mais alguma coisa, estudar um determinado assunto novo. Hoje acumulo experiências no setor de varejo, mercado financeiro, moda, política, educação, energia nuclear, imobiliário, turismo, não apenas em comunicação e publicidade. Esta diversidade é muito instigante, mantém a gente literalmente "plugado". Não saberia viver fazendo todos os dias as mesmas coisas.
Pontos negativos: 24 horas por dia é muito pouco tempo para nossa profissão. Com isto, muitas vezes a vida pessoal é duramente penalizada.
É difícil arrumar emprego na área? Qual a expectativa de salário?
O mercado não cresceu na mesma proporção que a oferta de profissionais, existe muita gente formada sem emprego. O piso técnico no Rio de Janeiro na nossa profissão é de R$ 750, 00, e os salários podem variar muito por área. Seguem aqui alguns exemplos: um atendimento com mais de 5 anos de experiência, formação incluindo MBA, numa agência de médio porte, ganha em média de R$ 3 a R$ 5 mil/mês. Um diretor de arte com mais de 3 anos de experiência numa empresa média pode ganhar em torno de R$ 5 mil/mês.
Que conselhos você daria para os interessados na área?
Não se deixe seduzir pelo glamour, nossa profissão é árdua, temos compromissos muito sérios com os resultados das marcas com as quais trabalhamos. Passam pelas nossas mãos o gerenciamento de grandes investimentos em comunicação das empresas e seus produtos. Somos todos os dias cobrados por resultados.
Trabalhamos na construção de marcas e na venda de produtos e serviços, por este motivo devemos encarar que precisamos mais do que talento, precisamos de muito conhecimento, comprometimento e garra.
O nosso maior sucesso é ajudar construir marcas de sucesso. Mas sem sombra de dúvidas, para quem gosta de desafios e muita adrenalina, este é o lugar certo.
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