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Psicanálise e Psiquiatria: Formações Diversas

José Carlos Zanin | Psiquiatria e Psicanálise

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Psiquiatras, Psicanalistas e Psicólogos são profissionais que têm em comum o trabalho com comportamento e emoções humanas. Nesta entrevista, o psicanalista e  psiquiatra José Carlos Zanin procura estabelecer as diferenças, inclusive as relativas à formação de cada um destes profissionais.

Faça um breve resumo da sua formação e carreira

Após terminar o curso médico, fiz pós-graduação em Psiquiatria e depois, especialização em Psicanálise, no Instituto de Ensino de Sociedade Psicanalítica, filiada à International Psychoanalytical Association (fundada por Sigmund Freud, no início do século passado).

Foi na Faculdade de Medicina que tomei conhecimento de trabalhos clássicos dos pioneiros da Psicanálise, fazendo crescer meu interesse pelo assunto e priorizar  os estudos de Psiquiatria e de Neurologia. Ainda na faculdade, tive meu primeiro contato com doentes mentais trabalhando como auxiliar psiquiátrico numa moderna clínica que empregava o método de Comunidade Terapêutica, de inspiração psicanalítica.

Há 30 anos me dedico à prática clínica em consultório, a estudos, à participação em reuniões científicas, à elaboração e apresentação de trabalhos científicos  e à colaboração na formação psicanalítica de novos colegas.  
                                    
Quais as diferenças e semelhanças entre o trabalho (e formação também) do psiquiatra, do psicanalista e do psicólogo?
     
A Psiquiatria é uma ciência, um ramo da medicina. Após formado, o médico pode escolher o curso de especialização em psiquiatria, que tem duração de dois anos. O psiquiatra pode atender aos doentes numa instituição hospitalar ou em seu consultório, em consultas esporádicas, empregando tratamento medicamentoso, ou  também praticar psicoterapia, em encontros mais freqüentes com o paciente. 

A formação de um psicanalista é mais trabalhosa e elaborada. Trata-se de uma  pós-graduação com características próprias, inclusive com a exigência de que o aluno se submeta a tratamento psicanalítico antes de se formar, por ser considerado indispensável à capacitação e ao exercício da atividade. Para trabalhar, o psicanalista terá um único rumo: o consultório, tratando as pessoas com sofrimentos mentais e perturbações emocionais através da instrumentação técnica e teórica da Psicanálise, que é exclusiva e singular.

O psicólogo tem um variado leque de opções após a faculdade, inclusive a de dedicar-se à prática clínica e até a de buscar uma formação psicanalítica para se tornar psicanalista também, uma vez que esta pós-graduação não é exclusiva da área médica. Assim como os psiquiatras, os psicólogos podem se dedicar à psicoterapia (diferente de psicanálise) sem a exigência de se submeterem a um tratamento pessoal. Muitos fazem psicoterapia (ou psicanálise) por desejarem e ser recomendável, mas não é obrigatório.

Que características/habilidades são indispensáveis ao psiquiatra e ao psicanalista?

São necessários recursos emocionais e intelectuais para o processo analítico-terapêutico que se desenvolve em parceria com o analisando, por um longo período. Mas é importante também o acolhimento e compreensão para com as pessoas que sofrem de, ou estão vivendo, distúrbios emocionais. Esta compreensão vem do conhecimento profundo do psiquismo, da natureza complexa da vida mental, de suas perturbações e conflitos. Costumo sintetizar estas habilidades com três "Cs": Consideração (= acolhimento) - Compaixão (= empatia) - Conhecimento (= trabalhar com a verdade).

Como está o mercado de trabalho para os profissionais da área? É melhor para o psiquiatra ou para o psicanalista?  

Acredito que os psiquiatras sempre dependam de um trabalho em instituição hospitalar, além de seus consultórios. Pode ser difícil, pelos efeitos da conjuntura econômica do país que não favorece o emprego. Já os psicanalistas são prejudicados pelas variadas práticas de psicoterapia - umas corretas, outras, nem tanto - que são leviana e erroneamente intituladas de "análise". A prosperidade e o desenvolvimento profissional variam de acordo com a aplicação e  a perseverança de cada psicanalista

Quais os aspectos mais difíceis e os mais interessantes da profissão?

Os mais difíceis são o desconhecimento do que seja um tratamento psicanalítico e as naturais e intrínsecas resistências do ser humano ao contato e à descoberta, pelo auto-conhecimento, dos meandros da vida mental e da realidade emocional de nosso mundo interior, inconsciente. No tratamento psicanalítico há necessidade de uma entrega e persistência que não são atraentes para a maioria das pessoas, sobretudo nos tempos atuais de submissão ao imediatismo, aos atalhos e  às buscas de alívio sem mudanças internas verdadeiras.

Por outro lado, ser psicanalista é uma experiência enriquecedora pelo contato com a realidade interior, emocional, afetiva, psíquica  de cada pessoa que tratamos e de nós mesmos, simultaneamente.

Que conselho você daria para quem está começando?

Primeiro, "conhecer a si mesmo" e desenvolver uma "familiaridade" com as características e manifestações do que é mental, emocional, psíquico, enfim, da verdadeira natureza humana. A análise pessoal é a experiência mais promissora para conhecer/compreender a alma humana.

Depois, estudar, estudar e estudar muito. Não só sobre Psicologia, Psiquiatria (os transtornos  mentais),  Psicanálise, seu corpo teórico e seus instrumentos técnicos, mas também um pouco de Filosofia, Antropologia, História e Literatura, sobretudo Poesia que certamente irá apurar a sensibilidade para o trabalho com as pessoas em sofrimento emocional.



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