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Priscilla Finotelli deixou o ramo industrial da química para seguir a carreira acadêmica

Priscilla Finotelli | Química

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Apaixonada por seu trabalho, a doutoranda em química Priscilla Finotelli, de 26 anos, decidiu seguir sua carreira pelo meio acadêmico. Depois de estagiar em grandes empresas nacionais, ela voltou para a faculdade para continuar estudando e aperfeiçoando suas pesquisas.
 
Formada em 1995 pela Universidade de São Paulo (USP), ela agora está no Rio de Janeiro pesquisando em seu doutorado, pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), uma nova forma de administração de insulina para diabéticos.  Priscilla sempre desejou trabalhar na área industrial, mas a vida a levou por caminhos diferentes.
 
Saturada pela rotina do trabalho e por não ter se realizado completamente, ela resolveu mergulhar na pesquisa e, futuramente, fazer outra especialização no exterior. Até lecionar, hipótese que antes era descartada em sua vida, assumiu outra posição.
 
Para química, o mercado de trabalho no Brasil é bom, mas precisa oferecer uma remuneração mais alta. Outra queixa da profissional é com a falta de valorização da carreira em relação a outras profissões. E para os interessados na carreira ela dá uma dica: “não deixem de aproveitar a universidade e tudo o que ela proporciona”.
 
O que levou a escolher Química como profissão?
 
Após terminar o 1o grau ingressei em um colégio técnico de química, pois, além de ser um colégio público, o ensino era bom e já se obtinha uma profissão. Terminado o colégio realizei um estágio em uma multinacional química onde pude conhecer algumas áreas onde um químico pode atuar dentro de uma indústria, a área de pesquisa e desenvolvimento, controle de qualidade e produção. Eu estava encantada com o trabalho, as descobertas e transformações que se podem realizar dentro dessa profissão. Meus coordenadores me deram a chance de conhecer o trabalho de um químico e de um engenheiro, e percebi que meu perfil se enquadrava melhor no papel de químico. Essa carreira preencheria mais minhas expectativas de adquirir conhecimento para poder resolver problemas.
 
Você tem alguma especialidade?
 
Dentro da faculdade que cursei, Instituto de Química da USP, temos quatro opções de habilitação: bacharel, licenciatura, industrial e biotecnológico. Eu fiz bacharel e biotecnológico, faltando apenas uma disciplina para fechar o industrial. Após terminar o curso, fiz um mestrado em Ciência de Alimentos pelo Instituto de Química da UFRJ e, atualmente, faço doutorado nesta mesma área, também na UFRJ.



Qual deve ser o perfil do estudante que pretende seguir esta carreira? Acredito que o estudante deve ser uma pessoa curiosa, que não acredita sempre naquilo que vê e que está disposta a questionar, quebrar paradigmas. A Química, como ciência básica, busca conhecer o “detalhe” para explicar e poder modificar o “todo”. A pessoa deve ser meticulosa e muitas vezes paciente, sempre observadora. Ter criatividade para poder vencer as “barreiras” – principalmente a falta de recursos – e para poder inovar sempre.

Que tipos de mudanças ocorreram na sua carreira nos últimos anos?
 
Cursando a faculdade sempre tive em mente que a indústria seria o meu lugar. Fiz iniciação científica, onde trabalhei em laboratórios na faculdade e continuava querendo tentar a indústria. Não pensava em dar aulas, pois nunca tive o perfil de professora. No último ano do curso fiz estágio em indústria de grande porte na área de cosméticos e não obtive uma realização completa, a rotina acabou me saturando. Optei por tentar seguir a carreira acadêmica e ingressei no mestrado, me identifiquei e hoje faço o doutorado. Pretendo seguir trabalhando com a pesquisa e já não descarto a possibilidade de lecionar.
 
É uma carreira valorizada no Brasil?
 
No Brasil, ao contrário da Europa e dos Estados Unidos, temos uma inversão de valores. Aqui engenheiros são mais valorizados que profissionais como químicos, físicos e matemáticos. Para se ter uma ideia um engenheiro químico pode pertencer tanto ao CREA (Conselho Regional de Eng. Química) quanto ao CRQ (Conselho. Regional de Química) e o contrário não ocorre. Há ainda disputas com farmacêuticos com relação à delimitação de áreas de atuação. Penso que as pessoas deveriam ser mais esclarecidas sobre os reais benefícios que um químico pode oferecer, desta forma, a carreira poderia ser mais valorizada.
 
Qual a sua maior realização profissional?
 
Minha maior realização profissional até o momento foi defender minha tese de mestrado. Foi muito gratificante, especialmente, porque fui a primeira pessoa a defender uma tese de mestrado nesta área dentro da UFRJ. Houve comemoração com direito a champanhe e discurso do diretor do Instituto de Química da universidade. Foi uma grande conquista.
 
E um desejo a ser realizado?
 
Estou com planos de fazer um doutorado sanduíche, isto é, ir para uma universidade no exterior e ficar um tempo desenvolvendo uma parte da minha pesquisa.
 
Que tipos de problemas ou angústias existem na sua profissão?
 
Acredito que um grande problema seja a escassez de empresas que invistam em pesquisa. O químico que deseja trabalhar com pesquisa tem poucas opções dentro de instituições acadêmicas ou órgãos públicos. Dessa maneira, nos deparamos com a falta de recursos, como equipamentos, reagentes e materiais de pesquisa.
 
Qual a dificuldade de um recém-formado para entrar no mercado de trabalho?
 
Como em qualquer outra profissão, sinto que a falta de experiência é sempre uma dificuldade, e como, em geral, o curso de química é em período integral, é muito difícil obter essa experiência durante a faculdade. Há ainda a dificuldade de mercado de trabalho em algumas regiões do país. No Estado de São Paulo, por exemplo, temos uma grande concentração de indústrias não só químicas, mas que também empregam químicos. Já no Paraná, a oferta não é tão generosa.
 
Que dicas você dá para quem está ingressando na faculdade e quer seguir sua área?
 
Para aqueles que estão ingressando em Química aconselho não desanimarem no começo da faculdade, pois no início as disciplinas são bastante difíceis, temos muita matemática e física. A faculdade não é como no colégio, onde temos tudo muito pronto. Os estudantes na faculdade têm que “se virar” sozinhos e é exatamente isso que nos faz crescer, desenvolver e melhorar.  Estejam sempre dispostos a ler bastante para conhecer as novidades realizadas pelos cientistas estrangeiros, isso pode instigar a criatividade. E não deixem de aproveitar a universidade e tudo o que ela proporciona: esportes, arte, cultura, línguas... Não deixem de viver.
 



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