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Paleontologia: profissão com perspectivas de crescimento

Alexander Kellner | Paleontólogo

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As perspectivas de crescimento da Paleontologia no Brasil são excelentes. A frase é do Paleontólogo Alexander Kellner, 39 anos. O número de fósseis encontrados no Brasil ainda é muito pequeno se comparado com o de outros países, pois falta à Paleontologia brasileira investimentos e profissionais. Mas nos últimos anos essa situação vem mudando — as verbas e os alunos aumentaram — e a possibilidade de crescimento no futuro é bastante plausível.

Kellner formou-se em Geologia (1985) e fez Mestrado em Zoologia (1991), com especialização em Paleontologia, ambos na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em seguida, estudou na Columbia University, em Nova York, adquirindo o título acadêmico de Master of Philosophy, equivalente a um Mestrado. O Doutorado (1996) de Kellner também foi na Columbia, com uma bolsa da própria universidade. Atualmente, ele se dedica a conseguir o apoio de empresas privadas que queiram investir na Paleontologia.

Como começou o seu interesse pela Paleontologia?

Sempre fui fascinado por fósseis de mamutes e dinossauros. Quando pequeno, via o desenho animado "Os Herculóides". No fim do Segundo Grau no Colégio Corcovado, no Rio, eu pensava em fazer Administração de Empresas na PUC-RJ.

Numa tarde, no entanto, minha turma disputou um campeonato de futebol com o time juvenil do Flamengo. Chamamos ex-alunos que já estavam na universidade para jogar. Conversando com um estudante de Geologia, comentei que o que eu gostaria mesmo era de estudar fósseis. Então ele me disse que eu deveria fazer Paleontologia, uma ramo da Geologia.

O Paleontólogo precisa ser formado em Geologia?

A Paleontologia é uma especialização das áreas de Geologia e Biologia. Sou Geólogo, mas se tivesse que escolher hoje, optaria por Biologia, que dá ao aluno uma boa base em Sistemática, uma disciplina que estuda a classificação de organismos, e Anatomia.

É possível saber como um animal funcionava em vida. Se andava com as pernas embaixo ou ao lado, por exemplo. Mas a Geologia também é muito importante para a formação do Paleontólogo. No curso, estuda-se, por exemplo, Sedimentologia, que é a formação das rochas sedimentares.

Como está a área de Paleontologia no Brasil?

A Paleontologia brasileira tem uma defasagem em relação à mundial. Falta dinheiro para a pesquisa e profissionais em quantidade suficiente para coletar fósseis e analisá-los. Nas universidades, nós incentivamos os alunos a coletarem fósseis porque nosso acervo é muito pequeno. No Brasil, só temos oito espécies de dinossauros conhecidas. A Argentina tem 40. Também precisamos ter mais trabalhos científicos publicados.

Há espaço no mercado de trabalho para o Paleontólogo?

Sim e acho que cada vez haverá mais, principalmente se os investimentos nessa área aumentarem. Nos últimos anos, recebemos mais financiamento, embora ainda estejamos longe do que seria o ideal. O setor privado brasileiro ainda não descobriu que o investimento em Paleontologia pode trazer benefícios em termos de imagem para a empresa. Em 1999, montamos a primeira exposição de dinossauros no Brasil, no Museu Nacional, e conseguimos 220 mil visitantes. Foi o recorde de público de uma exposição de conteúdo científico no Brasil.

Quanto custa para montar uma exposição deste tipo?

Considero essa exposição um divisor de águas no que se refere ao interesse da mídia pela Paleontologia. Houve uma divulgação muito boa e de lá para cá, a Paleontologia conta com uma mídia espontânea. A mostra custou R$ 150 mil, o que é pouco se considerarmos o retorno que tivemos. Uma exposição de arte custa entre meio e 1 milhão de reais. Só com o seguro de uma exposição deste tipo já conseguimos pagar uma de dinossauros.

Quanto ganha em média um Paleontólogo?

Muita gente que se interessa por Paleontologia desiste de prestar vestibular para o curso porque pensa que vai morrer de fome se estudar dinossauro. Isso não é verdade. Um professor ou pesquisador da área ganha cerca de R$ 3 mil. Em final de carreira, o salário pode chegar a R$ 8 mil. Mas o Paleontólogo precisa ter Mestrado e Doutorado. Sem esses títulos, ele não pode nem pensar em iniciar uma carreira. É preciso deixar claro que ninguém fica milionário fazendo Paleontologia.

Em que campos o Paleontólogo pode atuar?

Há basicamente dois caminhos: trabalhar em pesquisas relacionadas a microfósseis, que são patrocinadas pela Indústria do Petróleo, ou naquelas que visam desvendar a vida no planeta através dos fósseis.

No primeiro caso, ele vai datar uma camada geológica, o que é interessante para a indústria petrolífera, que pode saber onde existe ou não petróleo. Se optar pelo estudo da vida na Terra, o Paleontólogo estará se dedicando a algo cuja utilidade não pode ser medida em valores financeiros, mas estará contribuindo para o desenvolvimento da ciência, da cultura e da educação.

É uma área essencialmente acadêmica, voltada para a pesquisa. Esta divide-se em duas vertentes: a coleta e a análise de material. Procuramos, no entanto, incentivar mais a coleta porque nosso acervo é muito pequeno. Para se ter uma ideia, só o setor de mamíferos fósseis do American Museum of Natural History, em Nova York, possui 200 mil exemplares. E todo o museu tem mais fósseis do que os descobertos no Brasil inteiro, que está em torno de 700mil.

O que falta para melhorar esse campo de estudos?

Mais investimento. Estamos tentando mobilizar o setor privado para investir em Paleontologia e até agora não obtivemos sucesso. Queremos mostrar que investir nessa área traz retorno por meio da propaganda. Se a empresa patrocina uma exposição de fósseis que recebe 200 mil visitantes, quantas pessoas verão a sua marca? Outro ponto é a falta de profissionais. Mas isso vem mudando. Mais alunos estão procurando o nosso mestrado.

É necessário também orientação. Tive a sorte de trabalhar, desde o primeiro ano de faculdade, com o paleontólogo Diógenes de Almeida Campos, um dos maiores pesquisadores de fósseis que o Brasil já teve. Fui orientado por ele e acabei publicando meu primeiro trabalho sobre fósseis ainda na Graduação.

Quais são as universidades que têm bons cursos de Paleontologia?

O curso do Museu Nacional é um dos melhores. Há também a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com um setor de paleontologia de vertebrados muito bom. Eles também se destacam em paleobotânica. Há ainda o Cenpes, da Petrobrás, cujos pesquisadores trabalham com microfósseis.



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