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Os estudos de impacto

Antonio Fonseca | Engenheiro Civil

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O Brasil tem hoje uma das legislações ambientais mais avançadas do mundo. No fim dos anos 80, com a aprovação da nova Constituição Federal e as resoluções do CONAMA, os instrumentos para proteger o meio ambiente se tornaram mais sofisticados. O engenheiro civil com especialização em Hidrologia e Recursos Hídricos Antonio Fonseca entrou para a COPEL (Companhia Paranaense de Energia) no início da década de 90, quando a empresa criou uma área executiva de meio ambiente para acompanhar os programas de geração de energia.

Atualmente, Fonseca realiza determina a viabilização ambiental de empreendimentos da COPEL. Segundo ele, este tipo de trabalho é cada vez mais solicitado no Brasil, devido ao aumento dos investimentos estrangeiros e às dificultadas colocadas pela própria legislação. O engenheiro diz ainda que uma obra não precisa necessariamente desorganizar a vida das pessoas instaladas no local onde ela será feita. Um exemplo disso é a experiência de Salto Caxias, onde foi construída uma usina hidrelétrica. A população da cidade participou das discussões e hoje está se beneficiando de um progresso associado com qualidade de vida.
 
Sou formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, na turma de agosto de 1980, e tenho mestrado em Hidrologia e Recursos Hídricos pela Colorado State University, de Fort Collins, Colorado, USA.

Você fez algum curso de especialização para trabalhar com Meio Ambiente? Como foi a mudança de carreira para você?

O próprio curso de mestrado que fiz em 1986 nos Estados Unidos já era direcionado à gestão ambiental de recursos hídricos, mas realizei cursos promovidos pela Eletrobrás de gerência de meio ambiente de empreendimentos de energia e curso de Auditoria Ambiental pela EARA – Environmental Audit Registration Association da Inglaterra. Trabalho na COPEL (Companhia Paranaense de Energia) desde 1980, sendo que trabalhei durante dez anos na área de hidrologia. No início da década de 90, quando estava retornando dos meus estudos nos EUA, a COPEL, à luz de toda a mudança na legislação com as resoluções do CONAMA e a nova Constituição Federal, entendeu ser interessante criar uma área executiva de meio ambiente na companhia que acompanhasse e realizasse o licenciamento ambiental e a gestão dos programas ambientais ligados aos seus novos empreendimentos de geração de energia. Neste instante, com a base recebida por ter morado fora do país e realizado curso com visão ambiental resolvi me candidatar a trabalhar nesta área.

Como está o mercado de trabalho para quem se especializa numa área ligada ao Meio Ambiente?

O mercado de trabalho na área ambiental está muito aquecido no Brasil. Especialistas do mundo inteiro dizem que o nosso país é aquele que tem a maior demanda para serviços desta natureza. Isto se deve à quantidade muito grande de investimentos estrangeiros que vem sendo feitos aqui, à necessidade de melhoria da infra-estrutura do nosso país e à nossa legislação ambiental, que é considerada uma das mais avançadas e restritivas de todo o planeta, exigindo um bom trabalho neste campo para a implementação de qualquer empreendimento.

Como era esse mercado na época em que você começou a trabalhar com preservação ambiental?

Naquela época, o mercado era pequeno, restringindo-se às empresas estatais e a uma ou outra empresa com maior consciência ambiental, pelo simples motivo de que a legislação era relativamente nova e os órgãos ambientais, fiscalizadores e reguladores destas atividades, eram pouco aparelhados.

Como é o seu trabalho atual? O que você faz no dia-a-dia?
 
Hoje em dia o meu trabalho é no sentido da viabilização ambiental de empreendimentos, ou seja, qualquer empreendedor que queira realizar uma obra deve verificar não só a sua viabilidade técnica e econômica, mas também e principalmente a sua viabilidade ambiental. O meu dia a dia é feito de muitas viagens para locais onde se pretende construir obras, bem como para locais onde estão sendo implementados programas ambientais. Fazemos aqui a análise ambiental de empreendimentos, serviços de auditoria ambiental (estamos realizando alguns serviços para o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID), licenciamento ambiental de empreendimentos, gestão ambiental técnica de programas ambientais de obras em implantação bem como o monitoramento ambiental de obras já em operação.
 
Na sua opinião, a questão ambiental progrediu no Brasil? Governo e sociedade estão mais conscientes da necessidade de preservar o Meio Ambiente?
 
A questão ambiental no Brasil progrediu muito nestas últimas duas décadas. Antigamente quando se queria, por exemplo, construir uma usina hidrelétrica a primeira atitude a ser tomada era a de declarar o local como área de segurança nacional e pronto. Estavam resolvidas as questões ambientais pois ninguém tinha acesso às informações ou ao local e nada se discutia (vide o caso de Itaipu). Hoje com as resoluções do CONAMA, e a nova Constituição Federal que garantiram o avanço na legislação, e a mobilização da sociedade através do terceiro setor (Organizações Não Governamentais), pressionando a iniciativa pública e a iniciativa privada, qualquer grande empreendimento deve ser antes de tudo discutido com a comunidade para que ele possa ser integrado ao meio ambiente de forma equilibrada levando ao verdadeiro desenvolvimento sustentável.
 
Quais foram as maiores conquistas dos movimentos ambientalistas nos últimos anos?
 
A maior conquista dos movimentos ambientalistas do mundo inteiro, a meu ver, foi a conscientização da sociedade global como um todo de que os recursos do nosso planeta não são inesgotáveis, e que ele é a nossa casa e por isto nós somos os responsáveis por cuidar dela se quisermos que as próximas gerações tenham pelo menos alguma condição de sobrevivência com alguma qualidade de vida.
 
Qual a maior recompensa que você já teve na sua profissão?
 
Quando terminamos a implantação da Usina Hidrelétrica de Salto Caxias, constatarmos a melhoria de qualidade de vida e ambiental das populações afetadas pelo empreendimento. Isto prova que qualquer obra, independente dos impactos que causa, pode se transformar em instrumento de desenvolvimento econômico, social e ambiental desde que todas as suas ações sejam discutidas abertamente por todas as pessoas interessadas (em Salto Caxias foram três anos e meio de discussões com a comunidade antes da implantação dos programas ambientais), e que a sociedade consiga discernir quais ações são positivas, atuando como sujeito do processo e não como objeto. Quando você verifica o avanço de uma comunidade neste sentido, como foi o caso de Salto Caxias, você consegue ter sua recompensa, pois fez sua parte como cidadão.

Que conselho você daria para o estudante que quer cursar uma faculdade ou um curso de especialização voltados para a área ambiental? Há alguma característica que ele precise ter de antemão, antes de começar a estudar o assunto?
 

O conselho e a característica que posso passar é a mesma, a pessoa que quer trabalhar na área ambiental deve ter a humildade e o desprendimento necessário para poder enxergar que ela á apenas um instrumento nas mãos das comunidades afetadas. Nós como especialistas no assunto devemos saber ouvir os anseios da sociedade, e mostrar tecnicamente os caminhos para que as suas ansiedades sejam resolvidas, suas vontades sejam respeitadas e o meio ambiente seja realmente preservado, pois qualquer empreendimento, para que seja considerado sustentável, tem de achar o necessário equilíbrio entre a preservação ambiental e os anseios da sociedade. 



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