As estrelas e os planetas são alguns dos objetos de estudo do Astrofísico. Em meio a telescópios e computadores, quem quer investir na área precisa de muita dedicação, já que os anos de estudo são muitos até alcançar uma posição no mercado de trabalho. Pesquisadora do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), Patrícia Spinelli fala do mercado de trabalho para o astrofísico e explica os pontos importantes para quem deseja abraçar a profissão.
Quais são as atribuições de um astrofísico e qual é o seu campo de atuação?
Um astrofísico é um pesquisador que estuda a física dos objetos celestes como estrelas, planetas, galáxias, asteroides, etc. Também pode estudar a matéria e a radiação que constitui nosso universo e sua origem. Pode atuar em institutos de pesquisa, universidades ou observatórios, em museus e centros de divulgação de ciência como planetários, ou ainda, em indústrias que desenvolvam produtos de tecnologia espacial ou de comunicação por satélites.
Qual é a formação necessária para alguém se tornar um astrofísico? Estudar no exterior é importante para a carreira?
A formação em geral é longa, beirando dez anos ou mais. A carreira inicia-se pelo ingresso no curso de bacharelado em física ou astronomia, ou ainda, em ciências afins como engenharias, geografia ou matemática. Essas faculdades têm duração mínima de quatro anos. Depois da graduação, são pelo menos mais dois anos de mestrado e quatro de doutorado, quando o astrofísico escolhe sua área de investigação. Até conquistar uma posição permanente em uma universidade ou instituto de pesquisa, o astrofísico atua como pós-doutor. O pós-doutorado dura de um a cinco anos. Ao contrário do que muitos pensam, o pós-doutorado não é um título, e sim uma espécie de estágio, quando o profissional exerce sua pesquisa. Estudar no exterior não é um requisito, mas atuar em diferentes lugares e portanto, em distintos países, enriquece a experiência do profissional e aumenta a sua rede de colaboração, tornando o astrofísico mais apto e capaz para conquistar um posto permanente.
O conhecimento de línguas estrangeiras pode abrir oportunidades para o crescimento na profissão?
O domínio do inglês é obrigatório. A partir do quarto semestre da graduação em física ou astronomia, a literatura é praticamente toda em inglês. Além disso, a pesquisa é publicada em jornais internacionais cujo idioma é o inglês, a língua oficial da ciência.
Quais são as características necessárias para um bom profissional na área?
Além de gostar de física e matemática, procuro salientar que o astrofísico precisa gostar de informática, de viajar e de se comunicar. A informática é pelo fato de que toda análise astronômica dá-se pelo computador. As viagens são necessárias para participar de congressos, grandes colaborações, para observar o céu em grandes telescópios e para estagiar em diferentes institutos. A boa comunicação é essencial para promover a importância da pesquisa feita.
Como é um dia de trabalho de um astrofísico?
Basicamente é na frente do computador, analisando dados (imagens de telescópios) e lendo sobre as pesquisas atuais. O tempo pode ser dividido entre aulas, orientação de jovens pesquisadores e divulgação da astronomia para o público leigo.
Como estão as perspectivas de trabalho para um jovem que escolhe a profissão?
As perspectivas são boas. O Brasil tem investido bastante na área de ciência, tecnologia e inovação. Vários programas e bolsas têm sido implantadas e financiadas pelo governo brasileiro, como é o caso do programa Ciências sem Fronteiras, que leva jovens talentos a estudar no exterior. O Brasil também está começando a participar em grandes colaborações científicas como o JPAS (Javalambre Physics of the Accelerating Universe Astrophysical Survey) e o DES (Dark Energy Survey), que proporcionarão dados de excelente qualidade aos jovens pesquisadores.
