Profissionais de Sucesso

Sempre uma entrevista com um
grande profissional!

O ex-diretor da maior maternidade pública do Rio fala sobre a profissão

Salvador Vieira de Souza | Médico

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Mineiro de Juiz de Fora, Salvador Vieira de Souza conta que quando começou a escrever seu nome, pediu para assinar Dr. Salvador. Nessa época já sabia que ia ser médico. Apesar da profissão não ser uma tradição na família, este era seu sonho de criança.

A escolha da especialidade veio meio por acaso, durante um plantão, ainda estudante. Logo após uma cirurgia abdominal muito cansativa que observara, teve a oportunidade de assistir seu primeiro parto. Foi amor à primeira vista e, ainda acadêmico, já tinha certeza da sua vontade: dedicar-se à ginecologia e obstetrícia.

Dr. Salvador formou-se em 1971 e foi fazer sua residência médica no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro. Ali morou por 2 anos. Coincidência ou não, fato é que ao terminar a residência médica, teve a notícia de que o serviço de obstetrícia do Hospital da Lagoa seria elevado ao status de hospital e transferido para a Praça XV. Conseguiu uma vaga e suas atividades na Maternidade da Praça XV evoluíram tanto que, depois de 16 anos na linha de frente, foi sendo promovido até ocupar o cargo de Diretor.

Dr. Salvador foi também diretor por sete anos, a partir de 1990, do Hospital Maternidade Carmela Dutra — a maior maternidade pública do Estado do Rio de Janeiro e, em seguida, do Hospital da Piedade. Ao longo de todos estes anos, o médico sempre esteve sempre à frente de sua clínica particular. Hoje, aposentado do serviço público, é onde exerce sua profissão.

Medicina ainda é a carreira mais disputada do Vestibular. Na sua opinião, por que tantas pessoas escolhem a profissão?

O status geral do profissional médico, apesar de mudanças recentes, ainda é muito elevado. Existe até hoje uma tradição de valorização da profissão. Face às mudanças recentes no relacionamento médico-paciente e da medicina como profissão liberal, acredito que esta demanda deverá diminuir. Porém a profissão médica continuará a ser muito procurada.

O que levou o senhor a escolher a carreira? E depois, por que a especialização em ginecologia e obstetrícia?

Não sei se fui induzido por alguém da minha família ou qual a causa. O fato é que não me lembro de ter considerado seriamente a possibilidade de fazer qualquer outra coisa desde criança. A especialização em ginecologia e obstetrícia tem muito a ver com o nascimento. Ela é uma das que lida com a vida, com o nascer, com o princípio de tudo. É uma belíssima especialidade e nunca me arrependi de tê-la abraçado.

Quando o senhor entrou para a faculdade, a disputa também era grande?

Quando prestei o vestibular eram aproximadamente 40 candidatos por vaga. Já era muito disputado.

Quantos anos de profissão o senhor já tem?

Estou formado desde Dezembro de 1971.

Que características pessoais o senhor destacaria como essenciais para quem quer ser médico?

Como em quase toda profissão o médico tem que gostar do que faz, estar bem preparado. O médico tem de ter um grau de maturidade elevado. A medicina é uma profissão que lida com o ser humano. O médico tem que ter também uma boa capacidade de se comunicar, uma grande dose de paciência e compaixão para com o próximo. O médico tem que ser uma pessoa sempre atualizada profissionalmente, tendo que dedicar parte do seu tempo à leitura e pesquisa.

O senhor acha que os alunos iniciantes devem participar desde cedo de atividades de campo?

Como uma profissão que lida com o ser humano, acho que o contato com o cliente é muito importante. É lógico que o contato precoce com a realidade da profissão tem que visar preparar um profissional apto a tratar de pessoas e não de doenças. É uma armadilha comum formar um profissional médico que não se preocupa com o ser humano e sim com a doença que o ser humano carrega.

Como está o mercado de trabalho hoje para o médico no Brasil?

A medicina está cada vez mais distante da profissão liberal e cada vez mais uma profissão com vínculos empregatícios e de convênio. Isto faz com que o profissional em início de carreira tenha hoje maiores dificuldades do que em qualquer outro momento da história.

Por que não temos mais aquele chamado "médico de família", que nos acompanha desde cedo nas mais diversas situações?

Com a tendência às superespecializações, a figura do clínico geral foi se tornando cada vez mais apagada. Hoje, porém, há uma certeza de que as faculdades têm que priorizar cada vez mais o aumento do número de generalistas. Com isso, espera-se que a figura do médico de família volte a existir.

Que conselhos o senhor daria a quem está prestes a entrar para a faculdade de Medicina?

A noção de que um diploma de curso superior assegura qualquer posição profissional ou econômica estável, não corresponde mais à realidade em qualquer campo. A medicina, pelas suas características de lidar com a vida, obriga àqueles que pretendem abraçá-la um preparo especial. Dedique-se profundamente à sua formação. Tire proveito de todo o acesso ao conhecimento médico que sua faculdade puder lhe proporcionar. Prepare-se da melhor maneira possível e aprenda sempre a lidar com os seres que de você vão depender sob uma ótica humana tratando, sempre do doente e não só da doença.



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