O Engenheiro Eletricista é o responsável por tudo antes da tomada. A explicação é um pouco simplista, mas dá uma noção do trabalho desse profissional tão procurado atualmente no Brasil. Com os investimentos crescentes no País em infraestrutura e energia, a expectativa é que essa procura aumente ao longo dos próximos anos. Bruno Lacerda explica as atribuições de um engenheiro eletricista, comenta o tipo de trabalho que um profissional da área pode encontrar e as características para qualquer um vencer no mercado.
O que faz um engenheiro eletricista?Antes de entrar na faculdade, eu perguntei para um professor qual era a diferença entre um engenheiro eletricista e um engenheiro eletrônico. A resposta foi um tanto quanto simplificada, mas ajuda a entender a diferença entre os dois: “o engenheiro eletricista é responsável por tudo que está antes da tomada. O engenheiro eletrônico é responsável pelo que está depois da tomada”. É muito comum confundirem o trabalho do engenheiro com o trabalho do técnico. Entretanto o engenheiro não coloca a “mão na massa” como um técnico. A faculdade de engenharia é uma faculdade de 5 anos em tempo integral (na prática, a média de tempo para conclusão do curso é de 6,5 anos – apenas 20% da minha turma terminou em 5 anos!), quase toda baseada em estudos de modelos matemáticos. Dessa forma, você nunca verá um engenheiro fazendo a instalação elétrica de uma casa – a menos que esteja fazendo um favor para alguém - pois não é esse o seu trabalho.
Quais são as opções de trabalho para o profissional da área?
O engenheiro eletricista pode atuar em diversas áreas. As mais comuns são geração, transmissão, distribuição, proteção e instalações de energia elétrica, além de máquinas elétricas.
Um engenheiro pode trabalhar basicamente em três ambientes diferentes: em campo, no escritório ou com pesquisa. Cada um tem suas vantagens e desvantagens e a escolha depende muito do perfil de cada um.
O trabalho de campo é mais arriscado, envolve gastar muito tempo em deslocamento, ir para lugares que muitas vezes não são agradáveis e trabalhar diretamente com pessoas de baixa escolaridade e em condições climáticas diversas.
O trabalho em escritório é mais confortável e burocrático. São os engenheiros que fazem os projetos. Na prática, é um trabalho de aplicação de normas técnicas estabelecidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e envolve ficar quase o tempo todo na frente do computador.
O trabalho de pesquisa é o caminho seguido pela maioria dos professores universitários, e envolve continuar os estudos após a graduação, fazendo mestrado e doutorado. A parte ruim é a remuneração, pois até conseguir esses títulos você recebe apenas bolsa de estudo.
Em qualquer das três opções, o engenheiro sempre vai trabalhar em equipes, dessa forma, eu aconselho que comecem a desenvolver essa capacidade logo cedo.
Quais são as atribuições do engenheiro eletricista?
As atribuições de qualquer engenheiro são basicamente elaborar projetos, comandar sua implementação e fiscalizar se a implementação foi feita da forma que deve ser. Quando um engenheiro assina um projeto, ele está assumindo a responsabilidade por qualquer problema decorrente de um erro seu – é uma grande responsabilidade dadas as proporções e quantidade de pessoas envolvidas no projeto.
Quais são as características mais importantes de um bom profissional?
Acredito que o trabalho é a forma que o ser humano tem de se expressar para a sociedade. Quase todas as grandes personalidades da história ficaram famosas por seus trabalhos e não por qualquer outro mérito. Dessa forma, o bom profissional deve sempre buscar a excelência naquilo que faz, procurando saber o porquê de estar fazendo aquilo e ser capaz de defender o seu trabalho em vez de fazer “apenas porque mandaram”. Hoje, a criatividade e capacidade de inovação são muito valorizadas nos profissionais. Infelizmente existem muitas pessoas que não querem um trabalho e sim um emprego e ficam contando os minutos até a hora de ir embora. O bom profissional é aquele que busca realização através do seu trabalho.
Como está o mercado para o engenheiro eletricista?
O mercado está bem aquecido. Todos os alunos da minha turma que concluíram o curso estão empregados. Atualmente existe um grande investimento no país no setor energético, tanto na criação de novas usinas e linhas de transmissão como em pesquisas sobre formas de energia renováveis. As perspectivas são muito boas para os próximos anos.
Quanto ganha, em média, um profissional da área?
O Salário Mínimo Profissional (SMP) do engenheiro em início de carreira (engenheiro júnior) é determinado por lei em função do maior salário mínimo comum vigente no país – 9 salários mínimos para um emprego de 44h semanais. Muitas empresas, entretanto, contratam os engenheiros com cargos de “analista” e dessa forma pagam uma remuneração menor. Acredito que essas empresas não são sérias e nunca terão os profissionais de ponta. Os profissionais não devem concordar em trabalhar dessa forma, pois além de desmerecer a classe e a si mesmos, ainda estão jogando fora todos os anos de luta dos sindicatos. (aqui cabe um esclarecimento porque muitas pessoas confundem os papéis do CREA e do sindicato: O CREA é responsável pela fiscalização, defendendo a sociedade da prática ilegal da profissão, enquanto os sindicatos lutam pelos direitos e interesses da classe).
Uma dica para não cair nesse tipo de roubada é começar a estagiar o quanto antes. Ao sair da faculdade, todos os candidatos a emprego estão muito “crus” e com o currículo muito semelhante. Qualquer iniciativa de buscar projetos dentro da própria faculdade (como iniciação científica ou trabalho de monitoria), demonstra interesse e são um diferencial na hora de conseguir um emprego. Invista em um curso para sair da faculdade com inglês fluente e, se tiver condições, faça um work experience.
Quais são as perspectivas para o futuro na profissão?
Existem três áreas que devem se desenvolver muito nos próximos anos e que ainda contam com muito poucos profissionais qualificados: geração eólica, geração solar fotovoltaica e eletrônica de potência. As duas primeiras são formas sustentáveis de geração de energia, utilizando-se o vento e o sol, respectivamente. A terceira é uma revolução que está acontecendo bem debaixo dos nossos narizes e poucas pessoas têm conhecimento. Uma área que também está muito em voga é a de eficiência energética.
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