O dono da Editora Bom Texto, criada em 2000, Elio Demier, acredita que o crescimento do mercado editorial brasileiro será diretamente proporcional ao aumento da educação básica. Demier, no entanto, diz que só publica livros que considera importantes e tenham algo a contribuir para o desenvolvimento do país, sejam de autores consagrados ou não. Uma das marcas da Bom Texto é justamente a descoberta e valorização de novos autores.
O editor formou-se em Comunicação Social e chegou a trabalhar como jornalista, mas foi no ramo editorial que ele descobriu sua verdadeira vocação. Pôde dar vazão a seu lado empresarial e, ao mesmo tempo, manter o contato com a leitura e a escrita. Seu objetivo agora é manter a Bom Texto financeiramente saudável para poder editar com frequência bons autores.
Qual a sua formação?
Sou formado em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense, fiz especialização em Publicidade e Propaganda e depois cursei o MBA no Copead da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Por que você escolheu essa carreira?
Porque sempre gostei de escrever e ler, fiz vários jornais estudantis, alguns grandes para o ambiente escolar, vendidos em bancas de jornais e entrei para a faculdade pensando em ser jornalista. Mudei no 2º ano, por uma questão de sobrevivência.
Como foi a sua entrada no mercado de trabalho?
No meu caso não foi difícil porque aos 21 anos abri com dois amigos uma empresa de consultoria de Marketing oferecendo aos empresários uma ajuda rara na época, 1972. Daí em diante as portas foram se abrindo e eu fui entrando.
Como era o mercado de trabalho na época em que você se formou e como está hoje?
O mercado está sempre muito fechado para novatos, mas quando entrei era menos selvagem do que hoje, mas também havia menos opções profissionais. Várias funções foram criadas nos últimos 30 anos. Hoje, o mercado está um pouco mais difícil, mais competitivo.
Como você vê o futuro do mercado editorial no Brasil?Vejo com otimismo, sem entretanto conseguir enxergar as tendências. Tudo vai depender do desenvolvimento da educação básica e do hábito de leitura daí decorrente. As pessoas estão lendo mais, porém um tipo de literatura que não empolga um editor com meus objetivos. A boa, verdadeira e gostosa arte de contar uma boa historia, num livro, está perdendo terreno para esoterismos, autoajuda etc.
Quais as habilidades que um editor deve ter para ser bem-sucedido?
Ler bastante, saber com clareza o que quer publicar, buscar bons textos dessa fonte, conhecer livreiros, distribuidores de livros, ter um bom conhecimento da mídia especializada em livros e, principalmente, gostar muito do que faz e fazê-lo com entusiasmo, contagiando todos à sua volta.
Qual a maior recompensa que você já teve no seu trabalho?
O reconhecimento de leitores, livreiros e jornalistas que reconhecem nos nossos livros qualidade de texto e de forma. Fazemos livros bonitos também.
Qual o perfil da Bom Texto Editora? Que tipos de livro você publica?
Literatura brasileira predominantemente, contos, romances, novelas, poesias, biografias, de autores novos ou não.
Quais os seus planos para a Bom Texto?
Crescer o suficiente para manter um grupo de bons autores editando-os com boa frequência, publicando literatura de boa qualidade, abrindo espaços sempre para novos autores, nunca sendo uma editora que não tem tempo para seus autores, os livreiros e os leitores.
Qual a dica que você daria para o jovem que quer seguir esta carreira?
Buscar um emprego numa boa editora, aprender o ofício e seguir sua intuição. A intuição é a base da carreira de qualquer pessoa. Siga o que seu coração mandar, seu instinto, seus desejos. Só assim pode-se buscar a realização e a felicidade. Em tudo na vida.
Ozana Hannesch
Restaurador de papelDiego Santos Vieira de Jesus
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