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Novo Mercado de Trabalho

Eduardo Rangel Brandão | Arquitetura da Informação

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Da formação em Desenho Industrial à Arquitetura da Informação, atividade que Eduardo Rangel Brandão desempenha atualmente, houve um caminho de muitas descobertas e estudos. Com uma mente inquieta, atenta às novidades e possibilidades à sua volta, Eduardo foi tecendo sua formação nos espaços que a tecnologia e a ciência foram abrindo no mercado de trabalho.

Numa entrevista leve e cheia de entusiasmo, mostra também como estava certo em ter começado tudo pelo Desenho Industrial e ainda dá "nome aos bois", ou seja, explica de forma simples quem é quem e o que faz no mundo da Internet. Vale a pena conferir, principalmente se você está interessado na área.

Faça um breve resumo da sua formação e experiência profissional
 
Sou formado em Desenho Industrial na PUC-Rio, na habilitação de Projeto de Produto (1997) e Comunicação Visual (2003). Fiz um curso de Aperfeiçoamento em Usabilidade de Interfaces, Ergonomização da Interação Homem-Computador na CCE/PUC-Rio (2002) e uma Pós-Graduação em Ergonomia e Usabilidade: Qualidade de Vida no Trabalho, em Casa, na Cidade na CCE/PUC-Rio (2004). Tenho Mestrado em Design (2006) e já participei de diversos congressos na área de Ergonomia, Usabilidade e Interação Humano-Computador.
 
Trabalho com Internet desde 1995, atuando em instituições e empresas como o RDC - Rio Datacentro/PUC-Rio (1995 até 1997), MTEC Informática (1999), Cadê?/Starmedia (1999), Agência Click (2000 até 2003) e, atualmente, Globo.com, onde exerço a função de Arquiteto da Informação. Também trabalhei como Consultor em Usabilidade e Design de Interfaces, atendendo a empresas e instituições como Rede Globo de Televisão, Museu Villa-Lobos, Projeto Portinari, Plaza Shopping Niterói, Pinto de Almeida Engenharia, Decta Engenharia, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, entre outros.
 
Além disso, sou professor da Pós-Graduação em Ergonomia, Usabilidade e Interação Humano-Computador: Ergodesign e Avaliação de Interfaces, na PUC-Rio, e ex-professor do Curso Superior de Tecnologia em Administração de Redes para Internet (Webmaster), na Faculdade Senac Rio.
 
Como se deu sua escolha profissional?

Desde criança, sempre gostei muito de desenhar e criar. Quando ouvi falar a primeira vez sobre desenho industrial, tive uma ideia errada sobre a profissão, pois fiquei com a impressão que um designer é aquele profissional que só cria cadeiras, mesas ou talheres. Desta forma, fui estudar publicidade, uma vez que sempre tive vontade de exercer uma profissão em que fosse possível trabalhar com a criatividade. Logo no primeiro período não me identifiquei com o curso de publicidade e busquei mais informações sobre o campo do design. Descobri que o designer exerce uma atividade muito mais ampla do que eu imaginava e que, além disso,utiliza a criatividade como um diferencial para exercer o seu trabalho. Resolvi encarar esse curso e acredito que esta foi uma das decisões mais acertadas da minha vida. Sou extremamente realizado na minha profissão.
 
Passei a trabalhar com Internet por acaso. Quando eu fazia estágio no Rio Datacentro, em 1995, tive o meu primeiro contato com a Internet. Não sei explicar muito bem o motivo de ter tomado esta decisão, ou seja, escolher trabalhar com Internet. Foi uma espécie de paixão à primeira navegada mesmo!  Na verdade, naquela época, era algo totalmente novo, uma nova profissão. Este desafio despertou o meu interesse, eu queria me envolver com esta nova mídia que surgia.
 
Minha formação em design ajudou muito o meu trabalho com Internet. Na faculdade, eu aprendi sobre teoria de cores, tipografia, composição de layouts, criação de logomarcas, desenvolvimento de cronogramas de projetos, fazer análise de produtos similares, etc. Além disso, o fato de estudar desenho industrial me ensinou algo essencial: que apesar de usar a criatividade para trabalhar, o designer não pode abrir mão da funcionalidade dos produtos, ou seja, ele tem que criar algo que as pessoas sejam capazes de entender como funcionam e de usar com facilidade, quase que intuitivamente. Isso é essencial para os sites, pois as pessoas não podem navegar em páginas que são confusas e que não levam aos links desejados. Isso se chama usabilidade, uma palavra que está muito na moda hoje em dia, mas na verdade é um conceito que já surgiu há muitos e muitos anos e não pode ser deixado de lado.
 
O que faz o Arquiteto da Informação?
 
O Arquiteto da informação participa do processo de planejamento dos sites. Sua função é determinar o que deve existir e o que é mais importante em cada página, a hierarquia e o posicionamento da informação, os fluxos de navegação, a nomenclatura de títulos, links, menus e botões, que tipo de funcionalidades e requisitos cada página que compõe o site deve ter, além de ficar responsável pelo controle de consistência e padrões entre as diversas páginas do site. Isso é muito diferente do webmaster, que cuidava da construção de todo o site, desde o início até o final. Vale lembrar que a profissão de webmaster praticamente não existe mais, pelo menos não com essa denominação.

Hoje há mais segmentação e existe um profissional responsável por cada etapa de desenvolvimento e manutenção de um site. O arquiteto da informação também tem uma função bem diferente do webdesigner. Geralmente, este não participava do planejamento do site, pois ele só executava as ideias criadas pelos arquitetos da informação e só mexem em programas como o Photoshop ou o Flash, para tratarem imagens, fazerem animações ou executarem layouts previamente definidos em etapas anteriores do projeto.

Vale lembrar que existe uma grande diferença entre o que o webdesigner fazia e o que o designer faz. Enquanto o webdesigner só executa ideias definidas por outras pessoas da equipe, como expliquei anteriormente, o designer pode atuar em parceria com o arquiteto da informação, planejando o site, contribuindo com ideias e criando layouts que definem a identidade visual do projeto. Por isso, nunca chame um designer (que fez uma faculdade e estudou sério) de webdesigner (que apenas fez meia dúzia de cursinhos para aprender a mexer em alguns programas de editoração e tratamento de imagens). É uma ofensa!
 
A maioria dos arquitetos da informação, que eu conheço, são jornalistas ou designers. Também já vi alguns que cursaram biblioteconomia e documentação. Para exercer a função de arquiteto da informação, é desejável que o profissional seja bem detalhista e organizado, que tenha boa imaginação e seja capaz de trabalhar com um bom nível de abstração, principalmente porque ele desenvolve uma etapa do trabalho que é anterior ao design da página, onde o layout do site é criado. Além disso, esse tipo de profissional também necessita gostar de navegar e sempre deve estar bem antenado com as tendências da Internet. É mister ficar atento às mudanças da tecnologia, aos rumos que o mercado está tomando e que tipos de novos padrões estão surgindo nos sites.
 
Qual é o mercado de trabalho para o Arquiteto da Informação?

Sobre o mercado de trabalho, qualquer empresa "pontocom" de respeito possui cargos para arquitetos da informação. Essa profissão está em franca expansão e muitas empresas estão percebendo sua importância. Sem um arquiteto da informação, há uma grande chance dos sites serem desenvolvidos sem um padrão coerente e consistente entre as suas páginas, sem funcionalidades que realmente tenham uma importância significativa para o projeto, pois o arquiteto da informação se encarrega de todo o planejamento do site. Páginas da Internet sem esse planejamento, consequentemente, são páginas ruins de navegar.

O que faz a diferença?

Não só nessa profissão, mas em qualquer outra, o que realmente faz a diferença é gostar do que se faz e trabalhar com extremo prazer. Qualquer um que faz o que gosta é bem sucedido! Fora isso, ajuda muito ter algumas das características que eu mencionei anteriormente, ou seja: ser detalhista, organizado, estar antenado com as novidades da rede, entender sobre usabilidade, ter capacidade de abstração e boa imaginação.

É importante dominar outro idioma?
 
Sim, é muito importante, pelo menos a língua inglesa, pois muitos sites são em inglês e muitos livros sobre arquitetura da informação também. Além disso, o que vou escrever a seguir não vale apenas para um arquiteto da informação, mas para qualquer um que trabalhe numa empresa "pontocom" ou no mercado de tecnologia da informação: muitos termos utilizados no dia a dia são em idiomas estrangeiros, principalmente em inglês. Você já ouviu falar de wireframe, search engine otimization, cascade style sheet ou pull-down, por exemplo?
 
Cite o que você considera uma vantagem e uma desvantagem na profissão
 
Vantagens são inúmeras, uma lista completa não caberia aqui. Mas, principalmente, o fato de estar em contato constante com novas tecnologias e sempre ter um novo desafio pela frente. Como as mudanças da Internet são muito rápidas, é importante estar sempre estudando e se atualizando, estar a par de tudo o que acontece na Web (pelo menos nos sites mais famosos). Encaro isso como uma vantagem, pois isso evita que o profissional se sinta estagnado ou desmotivado, uma vez que o arquiteto da informação precisa estar num processo contínuo de gerar novas idéias, novas soluções e apresentar coisas inovadoras.
 
Mas isso tudo que eu escrevi também é um pouco paradoxal. Essa necessidade de estar sempre tão atualizado e atento a tudo o que acontece também pode gerar uma certa frustração. Não dá tempo de navegar em todos os sites, de ler todos os livros, de participar de todos os congressos ou de conhecer todas as novidades... Por isso, essa frustração, mesmo que pequenininha, pode ser encarada como desvantagem. Mas como não é possível resolver esse "probleminha", o arquiteto da informação vai tocando a vida dele e convivendo em paz com esse tipo de limitação - risos.
 
Uma outra desvantagem são as longas horas de trabalho que o ritmo de uma empresa "pontocom" exige. São muitas horas extras! Não que isso seja algo ruim, pois como já disse antes, o trabalho é feito com muito prazer e dedicação, pelo menos no meu caso... Mas às vezes faz falta aquele tempinho para ficar de bobeira vendo TV, com a minha noiva.



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