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Musicoterapia: ainda uma profissão pouco conhecida

Andréa Toledo Farnettane | Musicoterapia

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Conversamos com Andréa Toledo Farnettane, musicoterapeuta com Especialização em Psicossomática e em Saúde Mental, para conhecer melhor esta importante e (ainda) desconhecida profissão.

Andréa começou a formação em Musicoterapia no curso de graduação em São Paulo e, num encontro de Musicoterapia em Buenos Aires - Argentina, conheceu professores / musicoterapeutas do Rio de Janeiro do Conservatório Brasileiro de Música - CEU, onde se iniciou no Brasil o primeiro curso de Graduação. Não pensou duas vezes e pediu a transferência para o Rio, formando-se no ano de 1993.

Sempre trabalhou como musicoterapeuta em várias áreas, tais como: com pacientes HIV+ / AIDS no Hospital Universitário Gaffree Guinle (2 anos), com crianças e adolescentes com câncer na casa Ronald McDonald - na Tijuca (trabalho voluntário durante 7 anos), na APAE com portadores de Síndrome de Down (2 anos), no colégio A. Liessen como musicoterapeuta, mas realizando um trabalho mais voltado para a musicalização (4 anos) e, atualmente, através de concurso público, trabalha há 6 anos no Hospital Geral de Guarus (HGG) no setor de Reabilitação no município de Campos dos Goytacazes. Neste, faz parte de uma equipe multiprofissional (musicoterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, etc) onde dá assistência à população da região - pacientes graves de média e alta complexidade, ou seja, pacientes neurológicos - crianças, adultos, idosos, com seqüelas de AVC, síndromes, acidentes, amputados, etc.

Em Campos, trabalha dois dias e divide a semana trabalhando também no CAPS - Centro de Atenção Psicossocial - José Muller no município de Nova Iguaçu (uma outra área que adora trabalhar - saúde mental com pacientes psicóticos e neuróticos graves). Trabalha em CAPS / saúde mental há 9 anos, tendo iniciado no CAPS Arthur Bispo do Rosário em Jacarepaguá, onde chegou a coordenar o mesmo durante 2 anos e meio. Também atende pacientes particulares em casa / Atendimento Domiciliar, e faz parte da Associação de Musicoterapia do Estado do Rio de Janeiro (AMT-RJ) como 2ª Vice-Presidente.

É importante ressaltar que, no Brasil, além do Conservatório Brasileiro de Música, com o curso de Graduação e de Especialização em Musicoterapia, também existe a graduação no Paraná, Goiânia e São Paulo, e especialização em Pernambuco e Brasília. Em outros países há também cursos de Graduação e Especialização.

O que é a Musicoterapia e quais os seus objetivos? Como é o cotidiano da profissão?

Em 1996, no Congresso na Alemanha, foi criada uma definição geral de Musicoterapia pela Comissão de Prática Clínica da Federação Mundial de Musicoterapia, que também acho importante destacar:

"A Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas. A Musicoterapia objetiva desenvolver potencias e/ou restabelecer funções do indivíduo para que possa alcançar uma melhor integração intra e/ou interpessoal e, conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida, pela prevenção, reabilitação ou tratamento."

Através da ação de estar junto ao paciente, se dá a relação e desta relação se dá a comunicação, ou seja, o musicoterapeuta irá oferecer um espaço onde o paciente poderá interagir com o musicoterapeuta tocando, cantando juntos para que se dê seu processo / tratamento. Utilizo técnicas como a improvisação, na qual o paciente faz música tocando, cantando, criando uma melodia, uma canção ou uma pequena peça musical, recreativas, na qual o paciente executa, transforma e interpreta qualquer parte ou um todo de uma música/ canção já existente, composição, na qual o paciente tem a ajuda do musicoterapeuta para escrever canções, letras ou peças instrumentais, receptivas, na qual o paciente ouve músicas e responde à experiência de forma silenciosa, verbalmente, através da dança, do desenho e etc.

Adoro atender casos individuais e em grupo. No hospital, junto com a fonoaudióloga, por exemplo, tenho um trabalho com um grupo de pacientes adultos com seqüelas de AVC (acidente vascular cerebral). Afásicos, com comprometimento na fala e na compreensão, já algum tempo, que desde o ano passado, estes que não conseguiam se expressar verbalmente, hoje se apresentam em forma de coral - cantando.

O paciente pode trazer para a sessão toda e qualquer tipo de música: canções de ninar, infantis, populares, eruditas, religiosas e instrumentais. Utiliza-se também qualquer tipo de sons vocais, corporais, sons da natureza, sons do cotidiano deste paciente, além dos instrumentos musicais.

Que profissões interagem com a musicoterapia?

O musicoterapeuta interage com todo e qualquer outro profissional, seja na área da saúde como na de educação.

Onde o musicoterapeuta pode trabalhar e como está o mercado?

O musicoterapeuta pode trabalhar nas mais variadas instituições, em hospitais, em clínicas, nos CAPS, em consultórios, atendimento domiciliar, em escolas. Muitos municípios já contam com o profissional musicoterapeuta junto à equipe multiprofissional, no Rio, em Campos, Niterói, Cabo Frio, Bom Jardim, Duas Barras, Itaperuna, Macaé, Mendes, Nova Iguaçu, Resende, São Gonçalo, São Pedro da Aldeia, Volta Redonda, tanto contratados como concursados.

No Rio, por exemplo, já se conta com o musicoterapeuta no Hospital Central do Exército, Marinha - Unidade Integrada de Saúde mental, Aeronáutica - Casa Gerontológica, No INCA - Instituto Nacional do Câncer, UFRJ- Maternidade Escola e IPUB - Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil, Degase - Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas, CPRJ - Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro, Faetec-Fundação de Apóio à Escola Técnica, nos CAPS adultos, crianças e de Álcool e outras drogas, Funlar, ABBR, APAE, etc.

Que dicas você daria aos interessados na formação?

Apesar de comemorarmos este ano os 40 Anos da Associação de Musicoterapia do Estado do Rio de Janeiro e 30 Anos de Regulamentação do Curso de Graduação de Musicoterapia do CBM (Conservatório Brasileiro de Música) - CEU, a profissão Musicoterapia ainda é considerada nova para muitos profissionais e serviços. Cabe a nós, musicoterapeutas, cada vez mais abrir novos campos de trabalho e falar da importância desta. Agora, em julho, teremos na Argentina o XII Congresso Mundial de Musicoterapia, que será realizado na Universidade de Buenos Aires, onde eu também estarei apresentando meu trabalho do HGG.



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