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Museologia: uma profissão pouco divulgada

Maria De Simone Ferreira | Museologia

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Maria De Simone Ferreira é museóloga, profissão ainda pouco divulgada. O que faz este profissional, onde trabalha, o que estuda e quais as suas possibilidades de remuneração é o que Maria De Simone, formada pela Unirio e, atualmente, funcionária do IPHAN, nos conta nesta entrevista.

A formação

Concluí a Escola de Museologia da UNIRIO em dezembro de 2004. Comecei a estagiar no final do 1º período no Museu Histórico Nacional (MHN), onde permaneci por um ano e meio, retornando no meu último período para cumprir a carga horária exigida pela Universidade para o estágio curricular obrigatório. Além do MHN, estagiei no Complexo Cultural da Marinha (Ilha Fiscal, Museu Naval e Espaço Cultural da Marinha). Afora os estágios, fui, também, bolsista de iniciação científica do CNPq no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e monitora de duas disciplinas de História da Arte na faculdade.

Após o término da faculdade, em 2005, fui selecionada como bolsista para a primeira turma do Programa de Especialização em Patrimônio (PEP), fruto de um convênio entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a UNESCO, cujo objetivo é o desenvolvimento de uma pesquisa voltada para questões referentes a patrimônio e a integração dos bolsistas às atividades de rotina do IPHAN. No meu caso, as atividades e a pesquisa foram realizadas no Departamento de Museus e Centros Culturais (DEMU/RJ) sob orientação de seu coordenador técnico Prof. Dr. Mário Chagas, que já havia sido meu professor na UNIRIO. Desde junho de 2006, integrei os quadros técnicos do IPHAN como museóloga concursada e estou em exercício no Museu de Arqueologia de Itaipu, em Niterói. Este ano, inicio a continuidade de minha formação acadêmica no mestrado em História Social da Cultura, na PUC-Rio.

A escolha profissional

A escolha pela Museologia, ainda que não definitivamente, se deu por volta de 14 anos quando começava a me questionar a respeito de uma futura profissão. Ao consultar, no mural da escola, os aprovados no vestibular daquele ano, me deparei com este curso. Sabendo já, àquela época, que meus interesses e habilidades se voltavam mais para as áreas de Humanas e Ciências Sociais, resolvi pesquisar um pouco sobre esta profissão para mim, até então, desconhecida.

Minha família sempre deu total liberdade para que eu optasse pelo que me interessasse, nunca houve qualquer pressão para que eu seguisse as profissões de meus pais, nem questionamentos acerca da remuneração na área. O apoio e incentivo que tive foram sempre no sentido do melhor desempenho possível e da ética no exercício da profissão e da relação com meus colegas.

Onde trabalha o museólogo

O museólogo pode trabalhar nos mais variados locais, sendo seu compromisso maior com a preservação da memória, seja ela de uma coletividade (por exemplo, o patrimônio cultural nacional) ou privada (caso das coleções particulares). Portanto, ele pode estar em exercício tanto num museu público como numa empresa multinacional ou, ainda, num parque ecológico. Em todos esses espaços, o museólogo pode desenvolver sua profissão, tanto realizando uma exposição como zelando pela conservação de um acervo. Nosso grande desafio se constitui na habilidade em lidar com o objeto, preservando sua integridade física para que possa ser pesquisado e, finalmente, exposto ao público.

É, principalmente, através da exposição que o visitante percebe o trabalho do museólogo. A exposição é parte de um longo processo e do esforço e colaboração de diversos profissionais e de museólogos especializados em determinadas funções. Não se pode caracterizar nosso trabalho como uma só coisa, há aqueles que preferem lidar com conservação e restauração, outros se sentem mais confortáveis com a pesquisa de um acervo ou de um tema para exposição; estes costumam ser trabalhos mais solitários, ainda que possa existir toda uma equipe para desenvolver essas atividades.

Por outro lado, aqueles que se identificam mais com o aspecto comunicacional dos museus - concepção e montagem de exposições, ação educativa, organização de eventos da instituição - dependem não só de uma equipe, mas lidam diretamente com o público. Não se pode esquecer, ainda, que pode caber ao museólogo a administração de um museu ou, simplesmente, a opção por desenvolver uma carreira acadêmica na qual a pesquisa é o cerne de seu trabalho.

Competências e habilidades e formação

O museólogo necessita de versatilidade e de um grande desprendimento quanto a noções de cultura tidas por mais valoráveis ou não. Cabe a nós, justamente, desnaturalizar tais conceitos, auxiliar na construção de novos discursos e olhares para o patrimônio e, principalmente, descategorizar a cultura, desvinculando sua legitimidade da produção de um grupo, em geral, daquilo produzido ou declarado como cultura por uma elite. O museólogo trabalhará, inevitavelmente, com múltiplas tipologias e proveniências de acervo.

A grade curricular da Museologia na UNIRIO dá ênfase a disciplinas teóricas, de estudo de conceitos e práticas da área, como: Comunicação em Museus, Conservação, Museologia, Museografia, compreendendo aí desde a preservação e a documentação até a realização de uma exposição e a administração de um museu. Outras disciplinas de grande carga horária são as de História, História da Arte e Antropologia, não deixando o curso de abranger, também, disciplinas auxiliares como as voltadas para o estudo de determinado tipo de acervo ou assunto específico, as chamadas Museologia Aplicada a Acervos e Prática em Museus (como Numismática, Heráldica, Indumentária, Prataria, Arte Sacra etc).

É fundamental para o estudante que queira ingressar em um curso de Museologia saber que será necessária a realização de uma grande carga de leitura, tanto em português como em outras línguas - boa parte da literatura da área está em espanhol, inglês e francês. As avaliações de disciplinas, em sua maior parte, se dão através de trabalhos individuais ou em grupo e, em algumas, por prova, além do requisito de realização de uma monografia como conclusão do curso. O fato é que leitura e escrita são essenciais para a formação deste profissional, principalmente, se extrapolarmos a graduação e visarmos a recomendada continuidade dos estudos através de pós-graduações strictu senso (mestrado, doutorado etc) e latu senso (especialização).

Mercado de trabalho

O mercado de trabalho para o museólogo se restringe, atualmente, muito ao serviço público, seja por meio dos novos concursos que têm surgido, como o do IPHAN, ou através de contratos temporários para a prestação de serviço em projetos etc. No entanto, há aqueles que prestam serviços avulsos de consultoria tanto para o Estado como para empresas da iniciativa privada, como a realização de pareceres e laudos técnicos, a participação num projeto de desenvolvimento de uma exposição. As possibilidades são muitas e a procura se dá de acordo com o perfil do profissional. Outra opção que, acredito, vá se desenvolver nos próximos anos e que merece maior atenção por parte da Universidade é o estímulo ao empreendedorismo, ou seja, a formação de empresas com serviços voltados para os vários campos de atuação do museólogo. Já existem algumas, mas não na medida da demanda que, tudo indica, tende a crescer, visto que certos serviços só podem ser efetuados por museólogos de acordo com a regulamentação da profissão.

A tendência é de aumento das oportunidades de emprego na área, especialmente, após o lançamento, em 2003, da Política Nacional de Museus, que vem sendo implementada e indica que haverá modificações ainda mais expressivas na área depois de décadas de estagnação na absorção destes profissionais. Quanto a estágios, eles aparecem com muita freqüência, só não estagia, basicamente, o aluno que não tiver interesse. 

Remuneração

As remunerações na área não são altas de uma forma geral, ficam por volta dos R$ 1.500,00 podendo chegar até os R$ 6.000,00 em determinadas instituições. Quanto aos profissionais autônomos, a remuneração pode ultrapassar esses valores, dependendo da quantidade de serviços prestados.

Vantagem e desvantagem

Uma vantagem é saber que seu trabalho atinge diretamente a sociedade. Uma desvantagem é, sem sombra de dúvida, a baixíssima remuneração pela maior parte dos empregos oferecidos.



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