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Museologia: uma área pouco conhecida.

Márcia Moreira | Museologia

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Márcia Moreira formou-se em Museologia pela UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) em 1983, especializando-se em Ação Educativa em Museus. Quando ainda estudante, estagiou no Museu dos Teatros da Funarj e participou de diversos projetos de pesquisa em áreas relacionadas à memória e preservação de acervos históricos. Por fim, conseguiu, em 1982, através da Fundação MUDES, um estágio no Museu Villa-Lobos.

Trabalhar em um Museu, com acervo de características tão específicas à partituras e documentos que tratam da preservação e divulgação da vida e da obra do compositor brasileiro Villa-Lobos, foi muito apropriado para uma estudante que possuía formação e vivências no campo da música (Márcia estudava música como cantora de coros e como instrumentista) e, ao mesmo tempo, estudava Museologia. Seu conhecimento na área de música favoreceu sua atuação e contribuiu para que fosse contratada como funcionária da instituição.

No MVL, trabalhou por muito tempo com tratamento técnico do acervo (registro e catalogação de partituras, fotografias, discos, programas, filmes, etc), mas atuava também na área educativa, participando e desenvolvendo projetos voltados para a divulgação de Villa-Lobos e de sua obra junto ao público em geral, às escolas e às universidades. A partir dos anos 90, Márcia passou a se dedicar apenas ao trabalho de Ação Educativa no Museu, desenvolvendo e implantando diversos projetos desta natureza.

Como foi a escolha da Museologia como carreira profissional?

Estudei música desde criança. Ao mesmo tempo, sentia grande interesse por História, por Artes Plásticas e, principalmente, por conhecer o mundo (não sei se por viver numa pequena cidade do interior de Minas, o sentimento de escapar daquele espaço reduzido tomou uma dimensão maior dentro de mim). Tive um professor de Inglês no segundo grau que, apesar de nunca ter me ensinado uma palavra da língua inglesa, sempre conversava muito comigo e com alguns alunos sobre cultura, viagens e arqueologia. Foi através dele que eu soube da existência do curso de Museologia.

Na realidade eu pensava em fazer Arqueologia, mas no ano em que cheguei ao Rio de Janeiro para tentar o vestibular o único curso público de Arqueologia, oferecido pela antiga FEFIERJ, havia acabado. Meu pai não teria condições de pagar uma universidade particular, então, analisei o curso de Museologia e percebi que eu poderia estudar muitas matérias que me interessavam: Antropologia, História da Arte, Historia Geral e do Brasil, entre outras. Mas, na fase do vestibular, também me inscrevi em Geologia, pois eram muitas as dúvidas e pouca orientação vocacional. Iniciei o vestibular fazendo provas para UNIRIO (Museologia) e UERJ( Geologia). Num determinado momento, as provas caíram no mesmo dia. Acabei optando pela Museologia, por considerar que os conteúdos do curso eram mais interessantes.

O que faz o museólogo e onde pode trabalhar?

O museólogo, além de poder atuar em práticas específicas dentro dos Museus como documentação, pesquisa, conservação, educação, artes gráficas, pode direcionar sua formação para a administração de espaços culturais, ser gerenciador de projetos culturais e sociais, fazer a curadoria de exposições, a segurança de acervos, trabalhar com restauração, informatizar acervos etc. Desta forma, os museólogos podem trabalhar não somente em museus, mas também em centros culturais, universidades e instituições particulares. O curso oferece um leque bem rico de opções nas áreas de cultura, patrimônio, memória e cidadania, e a profissão possibilita uma prática multidisciplinar.

Há muitas diferenças entre gostar de visitar museus e ser um museólogo?

Essa é uma questão muito relativa e passa também por aspectos de personalidade. À princípio, uma coisa não atrapalha a outra, ou seja, posso não ter hábito de visitar museus mas trabalhar dentro de um museu. Isso também vai depender da área escolhida.

Quando entrei para a universidade, logo nos primeiros dias de aula, uma professora perguntou à turma quais eram os alunos que já haviam visitado os grandes museus europeus. Ao ouvir as respostas (a grande maioria não havia viajado para fora do país, pois minha turma foi uma das primeiras a fugir do modelo tradicional de alunos que faziam o curso de museus), a professora ficou abalada e disse não compreender como alunos que não tinham estas vivências poderiam estar naquele curso. Eu vinha de uma cidade pequena. Praticamente só havia entrado no Museu Imperial quando era criança, em viagens que fazia com minha família, mas não concordei com o que a professora havia dito. Não me intimidei e continuei minha trajetória neste ambiente hoje denominado "espaço museal".

O que move ou deveria mover um indivíduo em direção às suas escolhas são os seus sonhos, sua vontade, seu interesse em aprender, seu talento, sua capacidade de se adaptar ao meio, sua necessidade de crescimento. Tudo isso pode fazê-lo superar os obstáculos. Hoje, por exemplo, podemos acompanhar uma exposição via Internet. As coisas estão bem mais acessíveis, a informação está circulando de forma rápida, embora, para mim, nada se compara à emoção da experiência real.

Que interesses e características pessoais você acha que são necessárias para um museólogo?

Vai depender da área específica que ele se interesse. No geral: gostar de ler, possuir personalidade reflexiva, ser detalhista, curioso, gostar de história e temáticas da área das ciências humanas.

Quantos anos de curso e quais as matérias mais importantes para a formação desse profissional?
 
São quatro anos de curso. As matérias mais importantes são: História Geral, História da Arte, Antropologia, Documentação, Educação.
 
Como anda o mercado de trabalho?
 
O campo para trabalho avulso e estágio vem crescendo. Ainda são os grandes centros (capitais dos diversos estados brasileiros) que abrigam os maiores museus e centros culturais.
 
Com a criação da Fundação Nacional Pró-Memória (período em que me formei e logo fui contratada), houve uma abertura no campo dos museus para profissionais de diversas áreas. Hoje, o mesmo está acontecendo com a criação do Instituto Brasileiro de Museus / IBRAM, órgão federal vinculado ao Ministério da Cultura. O IBRAM vem promovendo a realização de concursos públicos e abrindo vagas para profissionais das áreas de Museologia, História, Bilbioteconomia, Arquivo, Educação, etc. Além disso, com a Política Nacional de Museus, o Minc tem apoiado instituições desta natureza espalhadas por todo o país. Existem também os Museus do Estado e do Município que, aos poucos, parecem estar ganhando fôlego com essa retomada / revalorização do nosso patrimônio cultural.
 
E salários, qual a expectativa?
 
Infelizmente, as perspectivas de salário ainda não são animadoras. Para o jovem em início de carreira, com vontade de estudar, ingressar no mestrado / dourado, as possibilidades podem ser melhores, a médio prazo. Nos museus federais o salário médio para quem está entrando é de R$ 3.500,00 (bruto).
 
Às vezes acontece de, no final do curso, o aluno se decepcionar com a escolha e querer mudar o rumo. Quais seriam as possibilidades que a área oferece?
 
Ele pode seguir a carreira acadêmica como professor universitário, e redirecionar seus estudos para História, Antropologia, Educação, Administração, Pedagogia, Arquivologia, Biblioteconomia, Letras, Artes plásticas e Restauração. A museologia oferece um conhecimento geral em diversas áreas. A escolha de uma área específica para se aprofundar vai depender do perfil do aluno.



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