O mundo fascinante das ideias atrai cada vez mais estudantes para as universidades, que só não conseguem preparar o futuro profissional na parte pedagógica. Como se não bastasse encarar adolescentes em duas escolas – Colégio Teresiano e Centro de Ensino Faria Brito –, Alexandre, que já é mestre em filosofia, está fazendo doutorado na PUC.
Para o filósofo, a carreira oferece muitas oportunidades como trabalhar em empresas e a oportunidade de criar grupos de discussão. E para quem vai seguir a linha de pesquisa, a dica do professor é começar a pensar na dissertação desde cedo, o que facilita a linha de pesquisa.
O que levou o senhor a escolher a carreira de Filosofia?
Eu não segui o percurso normal de todo estudante. Parei de estudar assim que terminei o 2o grau. Fui viajar, morei um ano e meio na Europa, e quando voltei fui trabalhar com a minha família no mercado imobiliário. Quando tinha 28 anos senti necessidade de retomar os estudos. As opções que mais me agradavam eram na área de humanas: Direito, Letras, História e Filosofia. Acabei optando pela filosofia talvez porque nessa idade a pessoa sente necessidade de avaliar seus valores, suas escolhas, enfim, ampliar seus parâmetros existenciais. E a filosofia é o foro privilegiado para essas questões, de modo que minha escolha final acabou sendo mesmo a filosofia.
Qual é sua especialidade e como decidiu escolhê-la?
Minha especialidade é filosofia antiga, particularmente Platão. A primeira aula que eu tive na universidade foi justamente sobre ele. Depois da aula eu tive o sentimento de que se havia um pensador que valia a pena ser estudado e esse pensador era, justamente, Platão. O universo clássico é fascinante e Platão é o expoente maior desse universo. Qualquer pessoa que leia um de seus diálogos não tem como não se sentir seduzido por seu pensamento.
Como deve ser o perfil do estudante que pretende seguir esta carreira?
Em primeiro lugar, ele deve ter uma boa dose de curiosidade e ceticismo. Depois, ele deve gostar muito de ler e escrever. E, por fim, um profundo desejo pelo conhecer.
Basicamente, o magistério. Além do magistério, tem a pesquisa quando você tem a sorte de obter financiamento por algum dos órgãos de fomento à pesquisa. O problema é que, por falta de reajustes, a bolsa deixou de ser atraente. Quanto à política, o filósofo pode trabalhar nela tanto quanto qualquer outro cidadão. A ideia de que todo político deveria ser “meio” filósofo é própria do universo grego clássico. Hoje em dia, essa ideia não faz mais sentido. Parece mesmo haver uma certa desassociação entre o filósofo e a política, a mesma que separa teoria e prática.
Houve alguma mudança no campo de trabalho do filósofo nos últimos anos?
Parece que sim. Soube de alguns filósofos que unem filosofia e psicanálise e que atendem pessoas em “crise” em consultórios. Também já soube de empresas que contrataram filósofos para ajudarem na área de estratégia principalmente com relação à questão da ética. Mas a principal mudança diz respeito ao aumento de procura por grupos de estudo de filosofia. A filosofia parece estar na “moda”. Tenho colegas que vivem só de grupos de estudo e não estão reclamando.
Qual a sua maior realização como filósofo?
Ter escrito a minha dissertação de mestrado. Só quem já viveu a angústia de escrever algo assim pode entender a sua dimensão. É verdadeiramente um “parto”.
Quais são as angústias mais frequentes na sua profissão?
Enquanto pesquisador, a angústia é uma constante. Vive-se sempre preocupado com prazos, com o teor do nosso trabalho, da nossa contribuição. Enquanto professor do ensino médio, a principal é a dificuldade de apresentar a filosofia de uma maneira agradável e acessível sem que se perca o seu caráter radical e particular. Estou sempre tendo que me deparar com questões do tipo: por que estudo essa matéria? Por outro lado, estou sempre buscando novas práticas filosóficas no cotidiano dos alunos, assim como uma linguagem que facilite o contato com a filosofia. Ou seja, tenho que estar sempre “antenado”.
Como anda o mercado de trabalho para o filósofo no Brasil?
Em crescimento, ainda que um tanto tímido. Há cada vez mais escolas incluindo a filosofia em seus currículos, o que aumenta consideravelmente o mercado de trabalho. A dificuldade muitas vezes é encontrar um profissional habilitado, pois durante muito tempo desvalorizou-se a licenciatura em filosofia em prol da pesquisa. O que faz com que muitos filósofos não se encontrem habilitados para exercer o magistério no âmbito escolar. Além disso, como já disse, a procura por grupos de estudos aumentou bastante a possibilidade de se viver só de filosofia.
Qual a principal dificuldade do recém-formado para entrar no mercado de trabalho?
A falta de preparo no aspecto pedagógico, uma vez que pouco se aprende na universidade sobre filosofia na sala de aula. Este é um saber que o professor tem que construir a partir da sua própria experiência cotidiana. A outra dificuldade é quanto à oferta ainda tímida de novas vagas nas escolas e universidades do país.
Que dicas o senhor dá para quem está ingressando na faculdade e quer seguir sua área?
Procure escolher logo um tema ou uma área de interesse e se concentre nele. Os prazos concedidos pelos órgãos de fomento à pesquisa já não permitem mais que se pule de um tema para outro. O ideal é que tanto a monografia de fim de graduação, a dissertação de mestrado e a tese de doutorado sigam uma mesma linha de pesquisa. Quanto à licenciatura, tente se atualizar constantemente sobre as questões pedagógicas inerentes ao papel do professor. Isso poderá ajudar quando ele tiver que enfrentar uma sala de aula.
Ozana Hannesch
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