Profissionais de Sucesso

Sempre uma entrevista com um
grande profissional!

Muita criatividade e ideias na cabeça

Antônio Nogueira | Publicitário

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A escolha da profissão foi meio ao acaso. A decisão de qual carreira cursar na faculdade se deu em função do gosto pela escrita do então vestibulando Antônio. Mas em pouco tempo o publicitário Antonio Nogueira, hoje redator da Agência F/Nazca Saatchi & Saatchi, tornou-se um profissional realizado e premiado. Na última edição do festival de Cannes, em junho desse ano, Antonio ganhou um Leão Prata pela campanha para a ONG Médicos Solidários.

Formado em Comunicação Social, em 1997, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o publicitário passou pelas agências Doctor Propaganda e Publicis Salles Norton – onde trabalhou nos últimos quatro anos. Para quem tem vontade de seguir os passos do publicitário, ele diz que é uma carreira instigante e divertida, porém é preciso trabalhar com prazos e ter boas ideias.

As chances no mercado existem, mas é difícil para um recém-formado conseguir de imediato um bom emprego. Antonio diz que é preciso persistir e não desistir com as possíveis negativas que receber. E ainda manda um recado: “metam as caras, corram atrás, insistam. Para quem quer de verdade, as coisas acontecem”.

O que o levou a escolher a carreira de publicitário?

Pode parecer mentira, mas eu acabei escolhendo fazer faculdade de propaganda por eliminação. Eu gostava muito de escrever no colégio e era muito bom em redação e em português. Na hora de decidir o que fazer no vestibular, eu pensei: "tem que ser alguma profissão que trabalhe escrevendo". Daí eu eliminei tudo que fosse das áreas tecnológicas e biomédicas. Sobrou pouca coisa. Comunicação Social foi um caminho natural. E dentro da comunicação, publicidade me parecia o curso mais atraente. Ainda bem que deu certo, porque hoje eu adoro e me identifico muito com o que eu faço. Não me imagino fazendo outra coisa.

Como deve ser o perfil do estudante que pretende seguir esta carreira?

Olha, essa coisa de perfil é meio complicada. Acho que não existe um perfil psicológico ideal para esta ou aquela profissão. Existe, sim, afinidade e vocação para a coisa. E em publicidade, você vê pessoas com perfis bastante heterogêneos sendo profissionais igualmente competentes. Ser tímido ou extrovertido (só para ficar em um exemplo de personalidades diferentes), tanto faz. O importante é ter a "mão" para coisa. Existem duas características fundamentais para seguir na carreira de publicidade e em qualquer outra carreira: ter humildade e ser trabalhador.

Como é o trabalho de um publicitário?

O trabalho de um publicitário é divertido, instigante e empolgante. Mas também pode ter um nível de cobrança e de stress que só quem realmente gosta da profissão suporta na boa. Depende do dia, depende do trabalho que está rolando no momento, depende de muita coisa. Em geral, o trabalho de um publicitário é uma busca incessante pela ideia mais diferente, adequada e consistente para os clientes. Ao mesmo tempo em que criar é prazeroso, pode ser estressante. As ideias boas podem levar cinco minutos ou cinco dias para aparecerem, e as campanhas não podem ficar esperando. Elas têm prazo. É por isso que tem que gostar da profissão e não ter medo de trabalhar. Porque as madrugadas e os fins de semana estão aí, para você ficar na agência pensando até chegar na Ideia, com “i” maiúsculo.

Em quais setores o publicitário atua?

Um publicitário pode trabalhar, basicamente, em três áreas: atendimento, que é o profissional que faz a ponte entre a agência e o cliente. É ele que pega as informações com o cliente para se criar uma campanha e é ele que leva essa campanha, depois de pronta, para o cliente aprovar. Outra área é a criação, que é o setor que efetivamente cria as campanhas. Essa área é dividida em redação e direção de arte. Os redatores e diretores de arte trabalham em dupla. E a terceira área é a mídia, que é responsável por decidir em quais veículos de comunicação aquela campanha irá sair. É a mídia que decide, de acordo com a verba do cliente, se a campanha terá comercial de TV, se vai ter anúncio de revista, enfim, buscam o melhor aproveitamento da verba.

Nos últimos anos houve alguma mudança no campo de trabalho do publicitário?

Não houve mudança radical. O que aconteceu na propaganda foi o mesmo que aconteceu em muitas outras áreas e é reflexo da crise econômica que o mundo atravessa. O mercado se retraiu para se adaptar à nova realidade financeira. Agências fecharam, outras encolheram e um contingente enorme de profissionais está na rua. Isso porque a propaganda é um dos primeiros setores da economia a sentir a crise. O primeiro investimento que uma empresa corta quando o lucro diminui é a propaganda. Não devia ser assim, é um pensamento errado, mas é o que acontece.

Sua profissão é valorizada em termos financeiros?


É e não é. É bastante valorizada para alguns profissionais talentosos, competentes e trabalhadores, e pouco valorizada para muitos profissionais. Fazendo uma comparação ruim, é mais ou menos como no futebol: alguns poucos conseguem ganhar muito bem e muitos outros (até bons jogadores) não conseguem.

Qual a sua maior realização como publicitário?

Deixando a modéstia um pouco de lado, a minha maior realização profissional aconteceu há pouco tempo: um Leão na última edição do Festival de Cannes, que aconteceu em junho. O Festival de Cannes é o festival de propaganda mais importante do mundo. Ganhar um prêmio lá é um fato marcante dentro do mercado. E o fato de ter um emprego em uma das melhores agências do país dentro de um mercado tão competitivo também me faz bastante realizado.

Quais são as angústias mais frequentes na sua profissão?

Vou falar da criação, que é o departamento em que eu trabalho e, consequentemente, conheço melhor. A maior e mais comum angústia de um criativo é o prazo. Porque quando o anunciante pede para a agência fazer uma campanha, ou um comercial, ou um anúncio, ele dá um prazo. E as ideias não vêm necessariamente na hora que a gente quer. A angústia é ver o prazo acabando e nada de ter uma ideia que preste. Mas no fim das contas sempre dá certo. Até porque, depois de um tempo na profissão, a gente acaba aprendendo os "atalhos" para chegar mais rápido nas boas ideias.

Como anda o mercado de trabalho para o publicitário no Brasil?

O mercado não anda muito bem das pernas. Mas qual mercado está? A publicidade é apenas um reflexo do que vêm acontecendo no país e no mundo. Mas os bons profissionais sempre terão seu espaço.

Qual a dificuldade de um recém-formado para entrar no mercado de trabalho?


O primeiro estágio na criação é uma coisa bastante complexa. Porque acontece o seguinte: em 95% das agências, é necessário mostrar o portfolio para arrumar uma vaga na criação. Portfolio é uma pasta onde você coloca os melhores trabalhos que você já fez. E o problema é justamente esse: a maioria das pessoas que estão saindo da faculdade não tem trabalho nenhum. Só vai ter anúncios para mostrar quando estiver em uma agência. Aí vira um círculo vicioso: o cara não arruma estágio porque não tem portfólio, e não tem porque não arruma estágio. A solução, para quem quer trabalhar na criação, é ir montando seu material desde a faculdade. Pegar os trabalhos da faculdade, pensar em anúncios para qualquer cliente em casa, montar uma pasta e sair mostrando nas agências. Se chegar em alguma agência na hora certa (e com um portfólio que mostre potencial), as chances são grandes.

Que dicas você dá para quem está ingressando na faculdade e quer seguir sua área?


Ignorem tudo o que eu falei sobre crise, demissões e retração do mercado. Metam as caras, corram atrás, insistam. Para quem quer de verdade, as coisas acontecem. Procurem se informar sobre o que acontece no mercado e ver anuários de propaganda. Para entrar em criação, criem anúncios em casa. Pode ser para qualquer cliente. Ninguém quer ver anúncios premiados e veiculados no portfólio de um estagiário. O que se procura é potencial. Aí, se nada der certo, façam o seguinte: continuem insistindo.
 



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