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Matemáticos: espaço no meio acadêmico e no mercado.

Flavio Abdenur | Matemático

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Sempre que falamos em matemática somos levados a pensar em contas complexas, números gigantes e um mercado de trabalho diferente, quase restrito às aulas e pesquisas. A realidade, entretanto, é bem diferente, como mostra essa entrevista com Flavio Abdenur, matemático da PUC-RJ.

Ele tem uma formação um pouco fora dos padrões normais para os matemáticos. Na faculdade, entrou para o curso de economia da PUC-RJ, e já no início da graduação se interessou pelas partes da economia que envolvem o uso de técnicas matemáticas mais sofisticadas, tais como microeconomia teórica e teoria dos jogos.

Começou então a cursar disciplinas do mestrado em economia matemática no IMPA durante a graduação, e acabou se interessando cada vez mais pela matemática pura, até que deixou a economia de lado e se transferiu para o mestrado em matemática pura. Quando concluiu (aos “trancos e barrancos”, segundo ele) a faculdade de economia, já estava mais ou menos na metade do doutorado em matemática pura do IMPA.

Depois de concluir o doutorado, Flavio passou três anos como bolsista de pós-doutorado, inicialmente na UFRJ e depois no próprio IMPA. No final desse período surgiu uma vaga no departamento de matemática da PUC-RJ. Flavio se candidatou e acabou conseguindo a vaga, onde está desde o início de 2006 e gosta muito de trabalhar.

Como trabalha um matemático?

Depende se ele é um acadêmico ou se trabalha no mercado. Se for um acadêmico como eu, além de dar aulas ele (ou ela) estuda problemas "em aberto" da matemática, ou seja, problemas que ninguém resolveu ainda. Quando consegue resolver o problema, ele envia a solução - que muitas vezes rende um artigo de dezenas de páginas - para um periódico internacional. Se os editores do periódico acharem que o problema e a sua solução são interessantes o suficiente, o artigo é publicado. Os melhores periódicos são os internacionais, onde os artigos aparecem todos em inglês (ou às vezes, cada vez mais raramente, em francês) e portanto são lidos e estudados em universidades e institutos de pesquisa por todo o mundo.

Boa parte trabalho é feita em colaboração com outros matemáticos. Eu mesmo tenho colaboradores da Suécia, da China, da França, e de vários outros países. Para facilitar essa colaboração, o matemático acadêmico precisa viajar para muitas conferências, no Brasil e no exterior, para que ele possa trocar idéias com matemáticos de outros lugares.

Já o matemático aplicado se preocupa com questões mais concretas e, digamos, práticas. Ele usa a matemática (freqüentemente aliada a recursos de computação) para resolver problemas do "mundo real", seja em finanças, em computação, na extração de petróleo, ou o que for. Com isso o trabalho dele pode ser muito valioso para as empresas daquela área. Hoje em dia alguns dos matemáticos aplicados mais bem-sucedidos ganham muitíssimo bem.

Onde estão as melhores oportunidades atualmente?

Para os pesquisadores, os empregos mais interessantes estão nas boas universidades e em institutos de pesquisa. Mas para conseguir um emprego de pesquisador acadêmico o aluno precisa ter feito um bom doutorado depois de concluir a faculdade.

Para quem quer ir pro mercado, o doutorado muitas vezes não é necessário. Basta um bom mestrado, ou mesmo uma excelente graduação. Os (bons) matemáticos são cada vez mais valorizados em setores da economia que exigem uma capacidade elevada de raciocínio e análise. Muitos dos nossos melhores alunos são contratados por instituições do mercado financeiro, por empresas de consultoria e análise econômica, ou por empresas de computação. Um de nossos formandos recentes na graduação, por exemplo, acaba de ser contratado pela Google; já outro foi trabalhar no fundo de investimentos administrado pelo Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central.

Qual a média salarial de um recém-formado e como começar na carreira?

Depende muito. No caso de um matemático "acadêmico", se o aluno se formar na faculdade e for trabalhar como professor sem ter feito nenhuma pós-graduação, ele dificilmente conseguirá um emprego numa universidade. Ele provavelmente se tornará professor do ensino médio ou fundamental, onde infelizmente os salários em geral não são altos. Em compensação, para um aluno que concluir um bom doutorado, o salário inicial numa boa universidade hoje em dia gira em torno dos R$5000 líquidos, em média.

Já para um aluno com uma formação matemática muito boa que quiser ingressar no mercado de trabalho não-acadêmico, o salário inicial pode ser bem alto, mesmo que ele não tenha o mestrado. Por exemplo, não sei quanto o tal aluno que entrou para a Google vai ganhar, mas certamente será um excelente salário. O mesmo se aplica ao que está trabalhando com o Armínio Fraga. E por aí vai. Eu poderia citar muitos outros exemplos.

Quais os principais requisitos para quem deseja seguir carreira na área?

Gostar de matemática, ter muita disposição para o estudo, e também uma boa dose de talento para o raciocínio abstrato e rigoroso. Não precisa ser um gênio, mas para se tornar um bom matemático é preciso ter uma certa facilidade com o raciocínio lógico sim.

Quem não se formou na área, encontra boas possibilidades de especialização?

Para atuar na área é necessária ou uma boa graduação em matemática, ou então uma boa pós-graduação (mestrado e/ou doutorado) em matemática. Como expliquei, eu mesmo não me formei em matemática na faculdade, mas em compensação fiz um bom mestrado e um bom doutorado. Mas não conheço nenhum matemático "amador" (ou seja, que não tem nenhum diploma de matemática) que consiga atuar com competência na área.

Departamento de Matemática PUC-Rio

Bacharelado em Matemática da PUC-Rio



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