Engana-se quem pensa que os matemáticos passam os dias trancados e pensando em expressões mirabolantes. A atuação destes profissionais é cada vez mais importante nos mais diferentes tipos de empresas, abrindo boas possibilidades para os graduados na área. Conversamos com o doutor em matemática Carlos Tomei, da PUC-RIO, para entender um pouco melhor sobre a formação.
Carlos graduou-se em matemática na PUC-Rio entre 1973 e 1975 e em meados de 1977 obteve o mestrado. Depois da morte do pai, foi para a New York University, onde se doutorou entre 1979 e 1982. Logo depois, foi nomeado Gibbs Instructor na Yale University por dois anos. Desde então, é professor da PUC-Rio.
Como e onde trabalha um matemático?
A vida acadêmica é o caminho natural para atividades mais teóricas, mas matemáticos são cada vez mais requisitados pelo setor produtivo. Os problemas vão ficando mais difíceis em todas as áreas - como distribuir a eletricidade por todo um país, como investir um capital, como projetar carros melhores - e matemáticos se tornam parceiros naturais dentro de equipes multidisciplinares. O contato entre colegas faz com que as possibilidades de viagens a trabalho sejam freqüentes.
Que profissões interagem com a matemática?
É uma questão de gosto. Uma alternativa muito interessante é formar-se em matemática e passar a uma pós-graduação em outra atividade, como Engenharia Mecânica ou Economia. A formação em matemática dá uma excelente preparação para estudos mais profundos.
Além da paixão por números, quais os outros requisitos para quem deseja cursar matemática?
Entre os vários colegas que passaram comigo do colégio para a faculdade, acho que fui o único que nunca teve uma máquina de calcular. Matemáticos em potencial não são fáceis de identificar, e frequentemente não é a escola que diz aos alunos o que realmente faz um matemático. Os primeiros semestres de cálculo e álgebra linear são exemplos expressivos: a impressão que fica é que gastamos os anos escolares andando em círculos.
Quem não se formou na área, encontra boas possibilidades de especialização?
Existe uma demanda enorme para professores de matemática, e isso dá conta que uma grande fração dos alunos que entram para a universidade com a intenção de se formar em matemática. Isso requer vocação, claro, mas depende também de fatores sociais: quanto respeito merece um professor, qual salário, que prestígio tem alguém assim?
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