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Maestro: uma carreira ligada à música

Ricardo Prado | Maestro

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A vida musical de Ricardo Prado começa como a da maior parte de meninos e meninas – aprendendo um instrumento. Em seu caso, no piano que tinha sido presente do pai para a mãe quando ela ficou grávida.

Ricardo tinha muitas dificuldades com a disciplina e a solidão que o piano exige, impõe, aborrecendo-se com as professoras por não entenderem uma vontade muito natural, um pouco de curiosidade com brincadeira,de compor, inventar melodias e acordes, ou apenas novas versões para coisas já conhecidas.

Essas dificuldades iniciais com a educação musical tradicional não o deixaram perceber, de início, a importância que a música tinha em sua vida. É o que acontece com muitos jovens de talento, que são impedidos de compreender e experimentar a música com a naturalidade que ela possui, e com um entendimento correto das dificuldades que também estão ali.

Na época do vestibular, com 16 anos, Ricardo deparou-se com as mesmas angústias e incertezas que a maioria dos jovens enfrenta. Os pais achavam ótimo um filho que adorava música, mas se preocupavam com as incertezas da carreira no Brasil.

A escolha acabou sendo Economia, que cursou por quase dois anos. Finalmente decidiu fazer outro vestibular, desta vez para Composição e Regência. "Outro desastre... O curso, na época, era muito ruim, burocrático, com um ambiente muito pouco crítico, artístico, articulador", diz Ricardo. Antes do fim do ano, outra mudança, desta vez para São Paulo, para estudar com Camargo Guarnieri e Elezar de Carvalho, depois de uma boa experiência, ainda no Rio, com John Neschling.

Conheça as dificuldades e desafios das carreiras relacionadas à música nesta entrevista com o Maestro Ricardo Prado.
 
Como e quando você decidiu seguir a carreira de maestro?

A decisão de me tornar regente foi quase uma surpresa, uma oportunidade decorrente da composição, que mudaria o curso da minha carreira. O que foi ótimo. Acho que desde o início reger foi muito natural e simples, possivelmente pelo fato de ter pensado sempre com a cabeça do compositor, tentando entender e transmitir as idéias de quem criou.

As primeiras oportunidades apareceram com a regência de coros amadores em escolas, universidades e empresas, uma grande escola para quem quer aprender a perceber as dificuldades e apresentar soluções – uma questão central no cotidiano de um maestro.

Que pessoas serviram como exemplo para que você seguisse este rumo?

Meus maiores exemplo foram meus professores e alguns ídolos de juventude. John Neschling, Camargo Guarnieri, como professores, Leonard Bernstein, Seiji Osawa, Kurt Masur, Daniel Baremboim e Isaac Karabtchevsky como regentes e realizadores.

Que cursos e formações podem ajudar quem deseja seguir esta profissão?

Acho que as experiências musicais devem começar por onde a palavra indica – experimentar. Eu toquei em banda de rock, na noite de São Paulo, escrevi arranjos, compus jingles, trilhas de cinema e teatro, e tudo isso foi importante na minha formação. Depois, acho que é preciso encontrar uma formação musical que inclua a troca - música não se faz sozinho. Finalmente, penso que a formação acadêmica no Brasil melhorou muito nos últimos anos, na maior parte dos cursos, inclusive os de Composição e Regência.

Mas durante todo esse percurso, não pode faltar um interesse sincero, uma busca permanente por uma formação intelectual a mais sólida possível, Música não nasce do nada, não vem no vento, não nasce além da nossa humanidade. Ela é resultado do trabalho de homens e mulheres que viveram num lugar em algum momento. Isto significa que a música é fruto de um tempo e um espaço, uma cultura e uma história.

Para compreender a música e transmiti-la com clareza e simplicidade - funções de todo maestro - é preciso ler muito, tudo o que se possa, ver, comparar, criticar, para poder propor, avançar, clarear. Caso contrário, estaremos fazendo um monte de barulho desconexo, destituído de sentido e de emoção.

Qual a maior satisfação em seu trabalho? E os pontos ruins?

Meu maior prazer é poder abordar a música de formas muito variadas. Compor, reger, tocar, mas também pensar, conversar, escrever, formular, incentivar. Agora mesmo estou muito mais dedicado à direção geral de óperas, a dar palestras em empresas, escolas e centros culturais, além de preparar o lançamento de um romance contando as aventuras de um jovem descobrindo as músicas. Assim mesmo, necessariamente no plural. Isto, agora, tem me dado muito mais alegria do que estar na frente das orquestras, onde estive desde os 20 anos de idade – um bocado de tempo, já!

O ponto ruim é ter a sensação de que o país está perdendo mais do que conquistando, em termos musicais. Ainda há muita coisa boa, mas temos desperdiçado um bocado de nossas melhores conquistas. Somos pobres porque desperdiçamos o que temos, não por não termos as coisas. Mas isto também será vencido por nós, se tivermos competência e fizermos o nosso trabalho.

As carreiras em música, no geral,ainda sofrem preconceito no Brasil?

Acho que o preconceito é cada dia menor. O Brasil é um país muito musical, somos um povo que tem na música a sua expressão mais rica e mais interessante.

Que dicas você daria aos candidatos a futuros maestros?

Minha dica é gostar de música mais do que de regência. Interessar-se por tudo, ouvir muito, ler muito, discutir muito, compartilhar muito, adorar trabalhar com outras pessoas, freqüentar os concertos, as óperas, os shows, os teatros, os cinemas, os museus e as bibliotecas.

E antes de dormir, devorar Bach, Beethoven, Brahms, Villa-Lobos, Pixinguinha, Miles Davis, Jimmi Hendrix, Frank Zappa,  Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Los Hermanos. E sem deixar, é claro, de ir à praia e namorar.



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