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grande profissional!

Historiador não deve ficar restrito à sala de aula

Eduardo Barcelos | Historiador

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Eduardo Barcelos é um historiador. Graduado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Mas não para por aí. Seus interesses pela História da Ciência e História da Astronomia fizeram com que ele tomasse um caminho muito diferente da maioria dos profissionais da sua área. Pesquisador do Ministério da Ciência e Tecnologia e assessor da Agência Espacial Brasileira, atualmente trabalha divulgando o Projeto Espacial Brasileiro.

Como foi a trajetória de historiador para pesquisador de vida em outro planeta?

Parece um grande salto, mas na verdade essa mudança tem toda uma ligação. Logo depois que me formei em História, fui trabalhar em um museu em Belém do Pará, onde fiquei dois anos. Eu já trabalhava como pesquisador no museu e me interessei por um curso de mestrado oferecido pela USP, de História da Ciência. Uma das disciplinas desse curso é História da Astronomia, que era o que eu estava procurando.

Fale um pouco mais sobre sua experiência como um historiador no campo da ciência.

Depois do mestrado, trabalhei como pesquisador no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), passei um ano como pesquisador do Museu de Astronomia e Ciências Afins, no Rio de Janeiro, e depois fiquei um ano em um projeto do CNPq, em Brasília. Em 1995, fui trabalhar como assessor de relações institucionais da Agência Espacial Brasileira, onde estou até hoje, divulgando o Projeto Espacial Brasileiro, dando palestras e participando de congressos.

Como surgiu o interesse pelo assunto?

Essa é uma questão que interessa a quase todo mundo, é uma questão milenar da filosofia. É um assunto que mexe com a emoção das pessoas, traz à tona dúvidas sobre a concepção de mundo, da religião. Ainda na adolescência, eu fazia parte do Clube de Astronomia de Porto Alegre (RS) e sempre me interessei pelo tema. Por causa desse interesse, custei a descobrir o que queria fazer, e, por isso, minha formação pode ser considerada "meio torta". Fiz dois anos de Física e abandonei o curso, pois vi que ali não encontraria o que estava procurando. Achei que devia fazer História, pelo gosto que tinha em pesquisar. Mas eu procurava um curso que não existia, que era o de História da Ciência, que só fui achar mais tarde, no mestrado.

Fale um pouco sobre o seu livro.
 
O meu livro tenta traçar um histórico sobre as pesquisas espaciais no século 20, é uma união das teses de mestrado e doutorado sobre o assunto, numa linguagem mais leve. O objetivo é mostrar que existem pesquisas interessantes feitas por cientistas, e que isso não tem nada a ver com ufologia. Na verdade, os ufólogos defendem uma pseudociência, que acredita que seres de outros planetas estão tentando entrar em contato conosco o tempo todo. Só que, para a ciência, nada disso está comprovado ainda.
 
Quando será lançado? Já tem nome?
 
Provavelmente será lançado no primeiro semestre do ano que vem. O nome é "Telegramas para Marte". Por quê? Porque até o final do século 19 e início do século 20, os astrônomos achavam que tinham descoberto vida em Marte, esse planeta era objeto de polêmica entre os cientistas. Também por causa da proximidade com a Terra, já que é o único dos planetas do nosso Sistema Solar cuja superfície podemos ver com alguma facilidade . Marte já impulsionou a imaginação de cientistas e pesquisadores do mundo todo, além de escritores, cineastas e historiadores.
 
Como é a profissão de historiador?
 
O historiador geralmente se ocupa de tarefas de ensino ou de pesquisa. Ou das duas. Eu sou pesquisador, mas dou aula de História na UPIS, em Brasília. Dar aula alimenta o trabalho do pesquisador, principalmente por causa do contato com os alunos, ele está sempre aprendendo.
 
Como é o campo de trabalho para essa profissão?
 
É um campo muito ampliado, pois qualquer elemento que fale da Humanidade é um elemento histórico; sempre surgem novos temas, objetos de estudo e metodologias. A História não é apenas um documento escrito, é muito mais interessante que isso. O leque de trabalho é muito grande: até mesmo um filme pode ser usado como fonte histórica. O campo da ciência, por exemplo, oferece muitas oportunidades, e ainda precisa ser muito desenvolvido.
 
E o mercado de trabalho para quem está se formando?
 
Uma necessidade que o Brasil tem é de manter um arquivo de sua História, um registro de tudo o que já aconteceu. Esse trabalho de resgate e preservação da nossa História só amplia o leque de ação de um profissional da área.
 
Qual o perfil e quais as aptidões que uma pessoa tem que ter para exercer a profissão de historiador?
 
O historiador não é um experimentador, ele é um laboratorista. É fundamental gostar de escrever, porque um historiador escreve muito, isso é um objeto constante do seu trabalho. Sabendo se expressar bem por meio da escrita, ele vai conseguir alcançar um público de leitores muito maior, pois é capaz de produzir um texto menos formal. Acima de tudo, é fundamental ter um grande interesse pela Humanidade e pela trajetória do mundo.
 
Alguma dica para quem pretende abraçar essa profissão?
 

Não se enquadrar somente em posições pré-determinadas, como "ter que" dar aula, por exemplo. As oportunidades são múltiplas, há grandes possibilidades de trabalhar nas áreas mais diversas. Como o campo da ciência, que está crescendo muito e cada vez mais no Brasil; há uma grande necessidade desses profissionais. 



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