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Franklin Rumjanek diz que o Brasil precisa formar mais e melhores cientistas

Franklin David Rumjanek | Professor e Cientista

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O professor e cientista Franklin David Rumjanek foi um dos idealizadores do curso de Biomedicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, criado em 1994. A iniciativa surgiu a partir da constatação de que o número de cientistas brasileiros ainda era muito baixo em comparação com os dos países desenvolvidos. Além disso, Rumjanek percebeu que o estudante que queria fazer pesquisa na área biomédica era obrigado a cursar outra faculdade e só mais tarde adaptar-se à pesquisa.

Em 1969, ele formou-se na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. A especialização na área de pesquisa aconteceu na pós-graduação, cursada na Dinamarca e na Inglaterra. Diferentemente do que ocorreu com ele, agora o pesquisador de Biomedicina já se especializa nessa área durante a graduação.

Qual a sua formação e quando você descobriu que queria se especializar em Biomedicina?

Sou formado pelo Curso de Ciências Biológicas - Modalidade Médica da UERJ. Descobri que queria seguir a carreira por uma série de razões. Em primeiro lugar, eu sabia o que não queria fazer, o que incluía quase todas as carreiras mais tradicionais. Em segundo lugar, eu sempre gostei de ciência. Desse modo, quando abriram o vestibular na UERJ (essa foi a segunda turma) eu abracei a oportunidade com entusiasmo e até hoje não me arrependi.

O curso de Biomedicina é relativamente novo — foi criado em 1994. Por que surgiu essa necessidade de criar um curso especificamente sobre o assunto?

Eu e meus colegas percebemos que no Brasil existem poucos cientistas, em comparação com o primeiro mundo. Em segundo lugar, descobrimos que quem gosta de pesquisa na área biomédica é obrigado a fazer um outro curso para depois "adaptar-se" à pesquisa. É uma perda de tempo. O nosso curso tem um nome que talvez induza ao equívoco. Ele tem por missão formar pesquisadores na área biomédica (bioquímica, fisiologia, imunologia, biofísica, genética etc.), mas fomos obrigados a adotar esse nome por causa da legislação existente. Foi mais rápido usar um nome menos perfeito e agilizar o seu reconhecimento pelo Conselho Federal de Educação.

Poderíamos dizer que o curso de Biomedicina ensina o aluno a aplicar a Biologia em prol da Medicina? Seria esta a melhor definição para o curso?

Conforme mencionei acima, o nosso maior objetivo é formar pesquisadores na área biomédica, seja qual for a especialidade. Tampouco creio que se deva pensar principalmente em aplicações médicas. O pesquisador deve pesquisar os fenômenos biológicos em geral. Se o resultado de seu trabalho puder ser aplicado, melhor ainda. Mas a principal motivação do pesquisador deve ser a sua curiosidade pelo fenômeno biológico, independentemente de sua aplicação.

Você acha que os laboratórios brasileiros deveriam se voltar para a pesquisa de remédios contra doenças como a malária e algumas verminoses, que são doenças típicas do Terceiro Mundo?

Os laboratórios brasileiros não devem tentar fazer uma "pesquisa brasileira". Essa é uma tendência nociva, um tanto imperialista, que vigorou há um tempo atrás. Temos que fazer ciência, simplesmente. Tanto isso é verdade que o trabalho com malária e outros parasitas de interesse nacional é também realizado no primeiro mundo. As células, sejam de um tecido de mamíferos ou de bactérias, ou de parasitas, possuem mecanismos que por si só já merecem a atenção dos pesquisadores de qualquer nacionalidade.

Um laboratório privado investiria na pesquisa de doenças mais comuns em países pobres? Seria financeiramente recompensador para esses laboratórios? O que você pensa sobre este assunto?

Em geral, as grandes indústrias farmacêuticas não têm muito interesse nas doenças de pobres, por razões exclusivamente comerciais, do tipo investimento-retorno.

Como você avalia a atuação do Governo federal na área de saúde? Os investimentos em laboratórios de pesquisa tendem a aumentar daqui para a frente?

O governo tem uma atuação péssima na área da saúde. A iniciativa mais aparente é a aplicação de vacinas. Mas, de uma forma geral, a saúde pública é muito ruim. Estamos todos nas mãos das seguradoras. Os investimentos em pesquisa são muito modestos, o que gera, sobretudo, uma competição muito grande entre os poucos grupos. Há também uma burocracia muito grande ao redor das bolsas conferidas.

Qual a principal característica que um biomédico deve ter ou desenvolver ao longo do curso para ser um profissional bem-sucedido?

Qualquer formando bem treinado, culto e interessado será necessariamente um bom profissional. Nunca é demais enfatizar a necessidade de estudo intenso.

Como está o mercado de trabalho nessa área e quanto ganha um profissional recém-formado em Biomedicina ?

O mercado de trabalho não está ruim. Comparado às outras profissões liberais, em ciência é relativamente fácil conseguir trabalho. Como existem poucos cientistas no país, aquele que se destaca profissionalmente, fatalmente será disputado pelos laboratórios tanto nas universidades como nos institutos de pesquisa.

Qual o conselho que você daria para um estudante que quer fazer o curso de Biomedicina?

Se o estudante gosta de ciência na área biomédica, eu o estimularia fortemente a ingressar no curso. É um curso sério e que se volta inteiramente para aqueles que querem fazer pesquisa. Diz-se que o bom aluno já vem pronto. Eu sei por experiência que o estudante cujo olho brilha ao se falar de ciência será fatalmente o nosso material preferido. O meu conselho é: faça aquilo que você gosta, pois o resultado será sempre bom.



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