Camila Araujo, 25 anos, se decidiu pela arquitetura por gostar de rascunhar ambientes e ter jeito para decoração. Na faculdade, ela se encantou ainda mais pelo curso quando percebeu as possibilidades de trabalho que ele proporcionava. Estudou na Universidade Federal Fluminense (UFF) e desde cedo foi buscar estágios. Trabalhou em uma loja de design e no Núcleo de Projetos de Habitação e Urbanismo de Niterói. Hoje ela está no escritório DB Arquitetura, no Rio, fazendo projetos de interiores.
A arquiteta diz que o curso é bem agradável e as aulas são muito interessantes. O aluno estuda disciplinas das áreas de Humanas e Exatas como história da arte, arquitetura e urbanismo, cálculos estruturais, conforto ambiental, decoração, matemática, física, história, geografia, entre outras matérias. O curso tem duração de cinco anos e para exercer a profissão, é preciso ter registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea).
Por que você escolheu cursar Arquitetura?
Sempre gostei muito de projetar ambientes e de decoração. Quando entrei na faculdade percebi que o curso abria um leque de opções para o mercado de trabalho, o que me incentivou ainda mais. O curso possibilita o trabalho desde a decoração até a projetos de habitação popular.
Em quais áreas um arquiteto pode atuar?
Um arquiteto pode trabalhar com decoração, projetos de iluminação, cenografia, desenho de móveis, projetos de construção civil, restauração de bens tombados, urbanismo, projeto de mobiliário urbano, na habitação popular e como design de interiores. Trabalho com projeto de interiores e desenho plantas para lojas, clínicas... No momento estou fazendo a planta da loja de um shopping.
Como deve ser o perfil de um estudante que pretende seguir esta carreira?
No vestibular para arquitetura é exigido um exame de habilitação específica e o aluno tem que ter uma noção de desenho, até porque isso pode ser desenvolvido depois. Além de habilidade, ele tem que ter um mínimo de interesse sobre a profissão.
Como anda o mercado de trabalho para os arquitetos no Brasil?
O mercado não está muito bom. O arquiteto que não trabalhar com decoração terá que trabalhar muito. Existem sempre pessoas com muito dinheiro dispostas a decorar alguma coisa e pagam bem por isso. Quem entra nesse ramo se dá bem logo. O ramo da construção civil é mais restrito porque um arquiteto não faz o trabalho sozinho, ele precisa de uma equipe com engenheiro, topógrafo, geógrafo para trabalharem juntos. Não existem muitas chances para concurso e quando aparece um não oferece muitas vagas.
Como é o retorno financeiro na sua profissão?
Quem trabalha em escritório ganha por hora. Isso é bom e ruim, quem trabalha mais ganha mais, mas em compensação passa muito tempo no trabalho. Recém-formados ganham R$ 10 por hora. O salário é baixo, mas com o tempo ele ganha experiência, faz contatos e um dia pode montar a própria empresa pelo volume de clientes que consegue. O bom é conseguir projetos por fora, pois as empresas que solicitam pagam bem. Ganha-se em uma semana o que levaria um mês inteiro para ganhar.
Que tipo de dificuldades você enfrenta normalmente?
A primeira dificuldade é o trabalho em si. Tem mês que aparecem serviços extras e em outros não. Quando aparece trabalho, os prazos são curtos e não podem expirar de jeito nenhum. Tenho que virar a noite trabalhando, deixar de comer e não paro enquanto não termino. Depois que entrego o projeto, dá uma sensação de alívio que dura até o próximo trabalho. Não existe uma constância e esse ritmo desgasta um pouco.
Um aluno de arquitetura encontra dificuldades para conseguir estágio?
O aluno que não se enturma na faculdade com outros alunos e com os professores pode ter dificuldades de conseguir trabalho. Eu mesma nunca consegui nada em jornal, só por indicação de amigos. Ele tem que procurar professores, ligar para conhecidos e estar sempre de olho no quadro de avisos da faculdade.
Que dicas você daria para quem está ingressando na faculdade e quer seguir a sua área?
Sempre procurar buscar mais do que o professor ensina. Se ele te oferece dois, queira oito. Procure informações em livros, tente extrair do professor tudo o que ele puder te oferecer e procure anúncios de estágios, participe de concursos, mesmo que não ganhe nada, pois isso garante um portfólio. Num estágio aprenda a usar muito bem o autocad (programa usado para desenvolver plantas no computador) e depois procure outro lugar para trabalhar. Quem não buscar outras coisas, só vai fazer isso a vida inteira. Outra dica é aproveitar os cursos oferecidos pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e participar dos encontros estudantis que acontecem dentro e fora do Brasil.
Ozana Hannesch
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