Profissionais de Sucesso

Sempre uma entrevista com um
grande profissional!

Engenharia de Petróleo: profissão composta por diferentes especialidades

Virgílio José Martins Ferreira Filho | Engenharia de Petróleo

A  A  A     

A Engenharia de Petróleo é uma das áreas mais promissoras da Engenharia e atrai um número cada vez maior de interessados. Conversamos com Virgílio José Martins Ferreira Filho, engenheiro de petróleo e doutor em Engenharia de Produção, para conhecer um pouco mais sobre esta formação.

Faça um breve resumo de sua formação e carreira.

Formação: Engenharia Civil, UFJF, 1982; Especialização em Engenharia de Petróleo, Petrobras, 1983, Mestrado e Doutorado em Engenharia de Produção, 1995.

Atuação profissional: Engenheiro de Petróleo na Petrobras, 1983 - 1989. Professor da UFRJ de 1991 até os dias atuais atuando na Engenharia de Produção e na Engenhnara de Petróleo. Fui coordenador de graduação de ambos os cursos.

O que faz um engenheiro de petróleo?

A indústria do petróleo se caracteriza por ser uma indústria intensiva em tecnologia, se apoiando fortemente no desenvolvimento científico. A exploração e a produção de petróleo em condições cada vez mais adversas demandam o desenvolvimento de pesquisas avançadas e a formação de recursos humanos qualificados, tanto em nível mundial quanto nacional. O termo Engenharia de Petróleo denota a área da Engenharia que se preocupa com desenvolvimento das acumulações de óleo e gás descobertas durante a fase de exploração de um campo petrolífero, com as atividades que vão desde a perfuração de poços até a processamento primário do petróleo. O termo já está consagrado e em uso há pelo menos 50 anos (A SPE, Society of Petroleum Engineering foi fundada em 1957 e hoje congrega mais de 70.000 profissionais em todo o mundo) e já é utilizado em diversos países.

A Engenharia de Petróleo compreende diferentes especialidades.  Uma vez descobertos reservatórios de óleo ou gás natural, os engenheiros de petróleo, especializados em reservatórios, trabalham com os geólogos e outros especialistas de forma a entender a formação geológica, as propriedades da rocha e dos fluidos contidos no reservatório. A partir dai podem avaliar o seu potencial de produção. Uma vez que apenas uma pequena proporção de óleo e gás em um reservatório flui para a superfície sob forças naturais, os engenheiros de petróleo desenvolvem e usam vários métodos de recuperação melhorada. Estes incluem injeção de água, substâncias químicas, gases, ou vapor em um reservatório de óleo para produzir mais óleo. Engenheiros de petróleo, especialistas na área de poços, determinam os equipamentos, os métodos e definem o projeto de perfuração a serem usados.  Fazem isto de forma que o máximo de segurança operacional e ambiental sejam garantidos a um custo mínimo, que muitas vezes é da ordem de milhões de dólares.  

Já os especialistas na produção e processamento do petróleo projetam e monitoram equipamentos e processos para garantir o fluxo de óleo/gás, do reservatório até a superfície, na planta de processamento e o envio para os sistemas externos de transporte ou armazenagem. Fazem isto de forma a alcançar o máximo de produção lucrativa de óleo e gás.  Com o crescente aumento da produção de petróleo no mar são necessários também os especialistas orientados para o desenvolvimento de métodos e ferramentas para a definição, caracterização, dimensionamento e avaliação de sistemas flutuantes (navios, plataformas, estruturas oceânicas flutuantes, embarcações especiais, etc.) ou submarinos, utilizados para a exploração e produção deste petróleo no mar. 

A compatibilização entre a garantia da produção de petróleo e gás e as necessidades de um desenvolvimento sustentável resulta em considerar como atores importantes o Homem e o Meio Ambiente. Especialistas em Saúde, Segurança no Trabalho e Meio Ambiente tratam das questões relacionadas ao estudo de fatores humanos, bem como da gestão ambiental da produção de petróleo e gás.  Por fim especialistas em gestão de recursos naturais visam entender e diagnosticar a dinâmica de evolução das indústrias de petróleo e gás, nas dimensões econômica, tecnológica e institucional.  Eles se dedicam também ao estudo dos instrumentos analíticos necessários para formular políticas e estratégias de ação para as empresas e outras instituições ligadas a estas indústrias. 

Onde pode o profissional da área atuar?

O mercado está em franca expansão na área petrolífera.

Onde estão as melhores oportunidades?

A indústria do petróleo oferece uma grande variedade de opções de carreira. A indústria é intensiva em capital e orientada por tecnologias de ponta que tornam possível produzir óleo e gás de áreas remotas, como em águas profundas, no interior de florestas, áreas geladas e em desertos, no Brasil ou em diversas outras regiões do mundo. 

Pode atuar em trabalhos de campo, em laboratórios/centros de pesquisa, ou em escritório, como parte de equipes multidisciplinares ou atuando individualmente. Em grandes corporações multinacionais - operadoras (como Petrobras, Repsol, Shell, Exxon, Saudi Aranco) ou prestadoras de serviços (como Schulumberger, Halliburton, Baker Hughes), em agências e empresas governamentais (como ANP e EPE), como consultor e, eventualmente, em pequenas companhias locais. 

A carreira de Engenharia de Petróleo oferece imensos desafios que demandam tecnologia, engenhosidade, criatividade e constante atualização para serem superados. Em contrapartida, a remuneração costuma recompensar, sendo em geral superior à média dos salários dos outros setores da economia. Além disso, os engenheiros de petróleo usualmente ganham responsabilidade e supervisionam projetos importantes mais cedo que em outros campos de engenharia e tem reconhecimento da importância do seu trabalho pela sociedade.

Como exemplo de desafios tecnológicos que estão e irão exigir todo o empenho de atuais e futuros engenheiros de petróleo pode-se citar: a produção em águas profundas e ultra-profundas, a produção de óleos pesados, as perfurações ultra-profundas e em camadas sub-sal, o aproveitamento de gás de hidratos e de óleos de extra-pesados, betumes e xistos, o desenvolvimento de métodos de otimização da produção que permitam viabilizar e aumentar a recuperação de campos maduros e de acumulações marginais.

Quais as principais diferenças do curso de engenharia tradicional e o de Engenharia do Petróleo?

Não é fácil responder a pergunta, pois é difícil se caracterizar um "curso de engenharia tradicional", mas tentando fazer um exercício de caracterização destes cursos podemos dizer que o curso de Engenharia de Petróleo oferece forte embasamento científico e técnico, no que se parece com vários bons cursos tradicionais e ainda que se orienta para uma área de aplicação o que exige um alto grau de interdisciplinaridade, no que ele se diferencia muito dos cursos mais tradicionais, que são normalmente orientados para uma área específica de conhecimentos. Com vistas à formação de engenheiros de petróleo podem ser observados dois modelos. O primeiro modelo, seguido principalmente no EUA, consiste na implantação de cursos de graduação plena em Engenharia de Petróleo.  O segundo usado, por exemplo, no Brasil - pela Petrobrás, na França, no Mar do Norte, consiste na especialização pós-formado, ou ênfase durante a graduação, de engenheiros de outras habilitações em Engenharia de Petróleo. 

A vantagem da graduação em Engenharia de Petróleo é que os engenheiros terão mais tempo para amadurecer os conceitos e problemas típicos relativos ao petróleo e os recém-formados estarão aptos a trabalhar muito mais rapidamente que alguém com uma graduação diferente. A opção por especializar engenheiros que se formam em outra habilitação pode fazer com que demore muito mais tempo para se formar os engenheiros de petróleo aptos, entretanto, a presença de pessoas com diferentes formações básicas pode ser benéfica para a indústria, pois permite que se enxergue os problemas de modos diferentes, desenvolvendo melhores soluções. Este segundo modelo tem também a vantagem de permitir maior flexibilidade ao engenheiro formado no caso de flutuações no mercado de trabalho.

Que dicas você daria aos interessados na formação?

Em virtude da cada vez mais rápida evolução e acumulação de conhecimento, é necessário que os interessados tenham uma formação básica generalista e com uma sólida formação técnica, científica e profissional geral que o capacite a absorver e desenvolver novas tecnologias. Isso estimularia a sua atuação crítica e criativa na identificação e resolução de problemas, considerando seus aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética e humanística em atendimento às demandas da sociedade. 

E ainda, para manter as habilidades depois da graduação, todos devem estar aprendendo constantemente e se atualizando nos desenvolvimentos técnicos mais recentes.

Como fonte de informações adicionais, sugiro a consulta aos sites do curso de Engenharia de Petróleo da UFRJ e da SPE (Society of Petroleum Enginneres).



compartilhe em: Twitter Facebook Windows Live del.icio.us Digg StumbleUpon Google

EDUCA

O seu portal de ensino online.

CONTATO

4002-3131

regiões metropolitanas

08002830649

demais regiões