Andréa da Silva Freire e Victor Marchese Ribeiro concluíram o curso de Engenharia de Aquicultura no final de 2007, na Universidade Federal de Santa Catarina. Eles foram colegas de turma e, no meio do curso, descobriram que tinham em comum mais do que o interesse "por organismos aquáticos" e, então, começaram a namorar.
Hoje, estão juntos e apuram não só a formação profissional, investindo cada vez mais nos estudos, mas também a "relação deles"!
O entusiasmo pela Aquicultura levou Andréa a criar o site Engenharia de Agricultura para divulgar a profissão e também para difundir e trocar conhecimentos com profissionais da área. E, mais: em breve estará no ar a versão inglesa do site.
Durante a graduação, os dois passaram por diversas experiências de estágio. Agora, Andréa se prepara para concorrer a uma vaga ao mestrado em Administração, pois pretende trabalhar como gestora na área aqüícola. Já Victor batalha pelo mestrado em Engenharia de Produção.
Veja o que eles contam desse novo nicho da Engenharia e descubra se a aqüicultura tem a ver com você.
Como você se interessou pelo curso?
Andréa:Quando fiz o vestibular ainda não estava certa de qual profissão escolher e optei por Design. Minha mãe comprou-me um desses guias vocacionais e me sugeriu a Engenharia de Aqüicultura, pois achava que essa profissão teria bastante futuro. Após ler a descrição do curso e as principais matérias, achei superinteressante e corri para mudar a minha inscrição. Hoje, tenho certeza que fiz a escolha certa e pretendo continuar a trabalhar na área.
Em que tipo de instituição o engenheiro de aqüicultura trabalha e como anda o mercado para esse profissional?
Andréa:O engenheiro de aqüicultura pode trabalhar em empresas privadas, em empresas públicas ou pode montar a sua própria empresa. Ainda não são freqüentes as vagas em concursos públicos para a nossa profissão, mas somos cada vez mais reconhecidos e lembrados. Os cargos públicos são de pesquisa e desenvolvimento ou para criação de políticas públicas. Na área privada a gama de possibilidades é muito maior, oferecendo vagas em fábricas de ração animal, frigoríficos, indústrias de processamento, unidades de cultivo, laboratórios e etc. No caso de um negócio próprio, pode-se montar qualquer um dos citados acima, ou prestar consultoria e serviços terceirizados.
Como o nome "aquicultura" já diz, a presença de água é imprescindível. Fora isso não há restrições. As variações de clima e relevo apenas determinam o tipo de cultivo a ser desenvolvido. Atualmente, o mercado está mais pujante no litoral nordestino, com camarões marinhos, e no interior dos estados da região sudeste e Santa Catarina, com piscicultura continental. O litoral Catarinense também está muito desenvolvido com o cultivo de moluscos bivalves e camarões. Os peixes amazônicos e do pantanal vêm ganhando força nos últimos anos.
Como e com quem trabalha o engenheiro de aquicultura?
Victor:O engenheiro de aquicultura apresenta uma ampla qualificação profissional, podendo atuar em vários segmentos. A rotina de trabalho deste profissional, assim como dos outros profissionais com quem ele se relaciona e o local onde desenvolve seu trabalho, vai variar conforme o segmento de especialização.
Pode-se trabalhar em campo, diretamente envolvido na produção ou com pesquisas de campo. Neste caso, o trabalho será predominantemente ao ar livre no litoral ou no interior, próximo a corpos d'água. Outra opção é pesquisa acadêmica que, assim como em fases iniciais de cultivo (reprodução e larvicultura), acontece em laboratório. O processamento do pescado acontece em indústrias, enquanto que o comércio pode ser feito diretamente ao público ou no atacado. O desenvolvimento de políticas públicas e a administração de empresas aquícolas exigem trabalho em escritório. Portanto, cada profissional trabalhará no local mais adequado às atividades que realiza.
Os profissionais que mais se relacionam com o engenheiro de aquicultura em seu ambiente de trabalho são técnicos em aquicultura, zootecnistas, veterinários, biólogos, agrônomos, entre outros. Mas também depende da área escolhida pelo profissional.
Há quanto tempo existe este curso no Brasil? Fale sobre a formação de um Engenheiro de Aqüicultura?
Victor: O curso começou a funcionar no primeiro semestre letivo de 1999. O reconhecimento pelo MEC veio em agosto de 2003. A duração é de quatro anos e meio. As matérias que melhor caracterizam o curso são as de cultivo, nas quais os conhecimentos das áreas exatas e biológicas se correlacionam permitindo a reprodução e engorda dos organismos aquáticos de forma controlada, planejada e sustentável. A multidisciplinariedade do curso é o que proporciona ao engenheiro uma variedade tão grande de possibilidades profissionais.
Para trabalhar em qualquer ramo da atividade aquícola, o profissional deve abranger em seus conhecimentos noções de aqüicultura, biologia e ecologia, química, engenharia, matemática e física, informática, administração, economia, sociologia e legislação.
Quais são as habilidades mais exigidas nesse profissional?
Andréa: Falar mais de um idioma é fundamental para qualquer profissional de todas as áreas, tendo em vista a expansão do livre comércio e a retração das barreiras alfandegárias, além de permitir o intercâmbio de idéias e tecnologias. O domínio da informática também melhora a performance profissional na medida em que acelera cálculos, amplia bancos de dados, auxilia em pesquisas e permite um planejamento e controle mais precisos de projetos.
Esse é um mercado novo. Como está a remuneração na área?
Victor: O piso salarial é estabelecido pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) e, atualmente, é de R$ 2 000,00. Para atividades de consultoria e prestação de serviços autônomos ainda não temos valores estabelecidos, mas esta é uma das metas da atual gestão de nossa associação profissional (ABEAQUI). Cargos públicos concursados costumam pagar muito bem, enquanto empregos no setor privado dependem do tamanho e da localização da empresa, além do cargo a ser ocupado.
Quais as especializações que se pode fazer?
Andréa: Na área de aqüicultura, pode-se realizar mestrado, doutorado e pós-doutorado, em diversas instituições de ensino superior no Brasil e no exterior. Especializações e pós-graduações em outras áreas também são muito importantes, pois aumentam o conhecimento em assuntos complementares. Eu, por exemplo, pretendo realizar um mestrado no curso de Administração para que minha capacidade como gestora seja alavancada.
Qual foi seu objetivo ao criar o site Engenharia de Aqüicultura?
Andréa: O site foi criado com dois objetivos principais: divulgar a profissão de engenheiro de aquicultura e difundir conhecimentos e opiniões sobre a área para todos os profissionais inseridos na atividade. Escolhi para isto o formato de diário eletrônico multimídia como forma de democratizar e agilizar o intercâmbio de informações.
O site é um espaço aberto e gratuito a todos que procuram novidades e oferece espaço para a interação do público, que pode comentar as matérias e divulgar seus trabalhos. A atual inclusão digital permite a este meio de comunicação atingir uma grande parcela da população, contando inclusive com acessos internacionais.
Outra vantagem oferecida é a atualização constante. A maioria das publicações a respeito de aqüicultura é feita em periódicos editoriais, que costumam ser pagos (e caros) com tiragem mensal, bimestral e, em alguns casos, semestral ou anual. Contando com, pelo menos, duas postagens por semana o site permite que as pessoas se interem com muito mais rapidez.
Em breve estará no ar a versão inglesa do site, que será equivalente ao já existente, porém com conteúdo em inglês, para atingir um contingente maior de interessados.
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