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Engenharia Bioquímica: um curso novo no Brasil

Luís Ricardo Martins Oliveira | Engenharia Bioquímica

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Luís Ricardo Martins Oliveira cursou Engenharia Bioquímica, um curso novo no Brasil, oferecido somente (pelo menos com esse nome) pela Universidade de São Paulo - USP, no campus de Lorena, conhecido como Escola de Engenharia de Lorena. Mas, qual a diferença entre Engenharia Bioquímica e Engenharia Química?

A formação do engenheiro bioquímico, embora parecida com a do engenheiro químico, preserva áreas específicas, que Luís explica na entrevista que nos deu. Um atributo os dois cursos têm em comum: o padrão de qualidade - o novo curso já nasceu tão bom quanto o veterano. Uma demonstração disso é que, durante a graduação, Luís e dois amigos ganharam dois prêmios específicos para Engenharia Química. Um deles foi o Prêmio CRQ-IV - modalidade Engenharia da área química e o outro foi o Desafio Universitário ABEQ-OXITENO, também conhecido como Concurso Brasileiro de Projeto Químico. Na história dos prêmios, eles foram os primeiros alunos fora do curso de Engenharia Química a recebê-los!
 
Atualmente, Luís faz Doutorado em Biotecnologia Industrial, trabalhando no desenvolvimento de produção de álcool combustível a partir de biomassa vegetal. Veja o que ele tem a contar sobre essa engenharia que o mercado ainda precisa descobrir.

Como você descobriu a Engenharia Bioquímica, já que é um curso tão novo? 

Por ser um curso novo, eu o descobri no "Manual de Profissões" do Guia do Estudante. Até então eu não o conhecia. Eu escolhi esse curso porque durante o Ensino Médio eu me destacava muito em Química e Biologia, e tinha um sonho de trabalhar com genética. Então conversei com os meus professores e eles me indicaram fazer ou Biologia ou algum curso da Química, para depois me especializar em genética. Procurei cursos relacionados a isso e encontrei o curso de Engenharia Bioquímica, que mesclava tanto conhecimento de Engenharia Química com a Biologia, ou seja, tudo que eu estava procurando.

Afinal, o que faz o engenheiro bioquímico?

De acordo com as nossas atribuições, o engenheiro bioquímico pode atuar em todos os setores industriais que aplicam ou usam processos fermentativos ou enzimáticos para obter o produto de mercado, ou seja, pode atuar nos setores alimentício, lácteo, bebidas fermentadas em geral, farmacêutico, combustível (álcool e biodiesel), aproveitamento de materiais orgânicos, conservação de alimentos e tratamento biológico de efluentes. Além disso, de acordo com a minha visão, o engenheiro bioquímico também pode atuar no mercado de trabalho de Engenharia Química. Tenho vários amigos que são formados em Engenharia Bioquímica que estão atuando em grandes empresas do setor químico.

E qual a diferença entre o engenheiro bioquímico e o engenheiro químico para o mercado de trabalho?

Essa é uma questão muito importante, pois o mercado de trabalho ainda confunde o engenheiro bioquímico como farmacêutico bioquímico, afastando assim esse profissional das vagas de Engenharia Química. Mas as empresas que já conhecem o curso têm gostado muito desse profissional. A única diferença entre o engenheiro bioquímico e o químico é que este último tem um conhecimento para a área de metalurgia, que o primeiro não tem. Além disso, o engenheiro bioquímico tem um conhecimento da área de Celulose e Papel muito mais forte do que o engenheiro químico formado pela Escola de Engenharia de Lorena - USP, lembrando que não podemos generalizar, pois cada universidade tem focos diferentes para o mesmo curso.

De forma geral, eu não vejo diferença entre os dois cursos para o mercado de trabalho, mas ainda falta muita divulgação do curso nas empresas de todo o Brasil.
 
E qual a diferença entre o engenheiro bioquímico e o profissional de "bioquímica", sem engenharia?

O profissional tem capacidade, além das áreas de Engenharia Química e de Biotecnologia (alimentício, combustível, farmacêutico, entre outros), de atuar como bioquímico. Ele possui conhecimento disponível para essas atribuições, entretanto, o bioquímico não tem o conhecimento de engenharia, o que o torna habilitado somente para atuar em laboratórios bioquímicos ou áreas correlacionadas.

Em que tipo de empresa é importante a presença do engenheiro bioquímico?

Em toda empresa que trabalha com processos fermentativos ou enzimáticos na sua linha de produção. Por exemplo, indústria de vinho e cerveja, de produtos lácteis (iogurte, leite fermentado, queijos), de tratamento de efluentes, farmacêutica (por exemplo, a insulina é produzida a partir de microrganismos geneticamente modificados), sucroalcooleira (o etanol é gerado pela fermentação do caldo de cana), entre outras.

E como está o mercado de trabalho para esse profissional?

O curso ainda encontra resistência das empresas devido à falta de divulgação. Eu tenho trabalhado um pouco nessa parte. Tenho ligado para as empresas explicando sobre o curso quando há alguma vaga de Engenharia Química. Em concursos públicos também temos dificuldade, pois as vagas citadas em editais são para Engenharia Química não há como participarmos por sermos "engenheiro bioquímico" e não "engenheiro químico". Podemos participar de concursos quando pedem engenheiros de forma geral. Mas a minha turma não teve tanta dificuldade em conseguir emprego, pois eles entraram em empresas da região que já conhecem o curso e muitos já foram efetivados após a realização do estágio obrigatório. Espero que no futuro essa situação melhore.

Quais são as aptidões e habilidades necessárias no dia-a-dia do engenheiro bioquímico?

As aptidões são as mesmas para qualquer curso de engenharia. Tem que ter facilidade com Matemática, raciocínio lógico, Química principalmente e também de Biologia. Facilidade de comunicação e espírito de liderança são primordiais em entrevistas de emprego. Outro ponto forte é falar outro idioma, isso ajudará muito, já que muitos livros da área serem somente em inglês. E hoje em dia para qualquer vaga de nível superior é exigido falar fluentemente inglês ou até outros idiomas. 

O curso é difícil?
 
O curso de Engenharia Bioquímica é o que apresenta a maior carga horária dos cursos disponíveis na Escola de Engenharia de Lorena. Ele tem uma carga horário superior a 4.000 horas, enquanto os outros não passam de 3.800 h. Dessa forma, o curso é um pouco puxado, necessita de bastante dedicação. É um curso integral, com aulas de manhã e à tarde. No penúltimo semestre, o curso é dado à noite para possibilitar os alunos fazerem o estágio obrigatório, pois caso contrário, fica difícil devido às aulas diurnas.

Em relação às aulas práticas, no primeiro ano o aluno tem as mesmas aulas do curso de Engenharia Química. A partir do segundo ano, já entram as aulas experimentais específicas do curso de eng. bioquímica, como Microbiologia, Bioquímica, Processos Enzimáticos e Produção de Cerveja e Vinhos.



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