A crise no mercado de arquitetura fez com que muitos profissionais desta área buscassem novas oportunidades, especialmente em decoração e design de interiores. A mudança, porém, exige bem mais do que os conhecimentos já assimilados por estes profissionais, incluindo noções de iluminação, paisagismo, ergonomia e gosto pelas artes. Neste campo, os designers de interiores vêm ganhando terreno justamente por misturar bem este ingredientes e solidificá-los com a base técnica de arquitetura, abrindo espaço para uma carreira em ascensão repleta de desafios.
Conversamos com Leo Miranda sobre as dificuldades, os pontos positivos e os requisitos para quem deseja ingressar neste mercado. Confira!
Faça um breve resumo da sua formação e experiência profissional.
Sou formado pela Universidade Veiga de Almeida em Design de Interiores (dois anos e meio), em Desenho Artístico e Publicitário pela República da Arte (dois anos) e em Artes Plásticas (curso livre), pelo Centro Cultural Espaço da Arte (três anos). Adquiri experiência em trabalhos de paisagismo no Sítio Roberto Burle Marx (um ano e meio).
O que fez você escolher a profissão?
Sempre tive queda pelo desenho mas, durante a minha adolescência, decidi que iria fazer Veterinária ou Biologia (devido ao carinho que tinha com animais e plantas), até que resolvi entrar num curso de desenho (República da Arte), e foi aí que comecei a caminhar para a área da arte. Neste momento, descobri um grande talento para a percepção visual.
A partir daí, comecei a me interessar pela arte até que um dia, quando já estava fazendo curso pré-vestibular (para tentar arquitetura), um amigo me indicou o curso de Design de Interiores, sobre o qual eu já havia ouvido falar num teste vocacional. Interessei-me e fui fazê-lo.
Como é o curso e o que faz o designer de interiores?
O curso é bem abrangente. Estuda-se paisagismo (que acho um importante complemento para esta profissão), ergonomia, projetos residenciais e comerciais (restaurante, consultório médico, salão de beleza, lojas,...). Tem também aulas de eventos, desenho artístico, artes e psicomotricidade (estes dois últimos achei de grande valor devido a interação que estas matérias geraram entre os alunos da minha turma).
Saindo da faculdade, você pode optar por trabalhar em escritórios de arquitetura, onde vai fazer contatos com profissionais, clientes e adquirir experiência de obra (este último é o mais importante, pois não se ensina em nenhuma faculdade). Pode, ainda, abrir um escritório próprio ou em parceria com outros profissionais da área (caso tenha verba para isto) ou até mesmo trabalhar por conta própria, que foi o que eu fiz e até o momento tem funcionado bem.
Os primeiros clientes são difíceis de se conseguir, mas já no meio da faculdade, minha coordenadora do curso (Lourdes Luz) me indicava trabalhos (estágios - humanização de lojas de móveis modulados, desfiles de moda, residências de professores...) para que eu fosse adquirindo experiência profissional, assim, quando saí da faculdade já estava encaminhado no mercado de trabalho.
Qual o perfil profissional do designer de interiores?
O designer de interiores precisa, antes de tudo, saber lidar com todo tipo de pessoas: clientes classe média e alta, arquitetos, vendedores, marceneiros, pintores, eletricistas... É importante saber falar com o cliente e vender seu projeto.
Atualizar-se através de visitas a lojas, exposições, revistas, Internet, e estar atento aos materiais e técnicas de desenho. Existem excelentes livros de desenho que ajudam a fazer uma boa apresentação do projeto à mão, o que é essencial para vendê-lo. A parte técnica gosto de fazer no programa chamado AutoCad (caso não tenha este curso em sua faculdade é importante fazê-lo antes de formar-se, pois será de grande adianto posteriormente). Também é importante participar das mostras de decoração que ocorrem anualmente pelo Brasil.
Como funciona o mercado de trabalho?
O mercado de trabalho é bem amplo devido ao crescimento na área de construção. O mais difícil é chegar até o primeiro cliente. Porém, quando se faz o primeiro, a tendência é aumentar a clientela. A divulgação boca a boca funciona. A maioria dos profissionais são autônomos. Carteira assinada existe somente em grandes escritórios de renome. É bom estar sempre presente em eventos e, se possível, participar de algumas mostras de decoração importantes.
O que esperar da remuneração?
É uma profissão bem remunerada, pois lida-se com pessoas de bom poder aquisitivo, mas é preciso tomar cuidado com os meses em que se tem poucos projetos. É necessária uma boa administração dos ganhos.
Cite uma vantagem e uma desvantagem da profissão.
O designer tem uma vida bem badalada! Estando inserido no meio, conseguindo contatos, sempre haverá inaugurações de grandes lojas, premiações de concursos, eventos,... Enfim, é uma profissão onde você e seu trabalho estão sempre expostos. O único ponto negativo é que esta é uma profissão na qual se trabalha por projetos, o que dá uma certa instabilidade financeira.
Ozana Hannesch
Restaurador de papelDiego Santos Vieira de Jesus
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