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Dedicação e realização caminham juntas

Luciana Spina | Médica Endocrinologista

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A recompensa pelas noites de sono mal dormidas e pela baixa remuneração salarial vem do sorriso de um paciente. Um agradecimento já é uma recompensa em meio a tantas dificuldades e do corre-corre do dia a dia. Assim pensa a médica endocrinologista Luciana Spina. Aos 30 anos, ela é mestre em Endocrinologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e cursa o doutorado na mesma instituição, na qual também se formou além de ser professora da faculdade de Medicina.

Muito trabalho e dedicação à profissão fizeram de Luciana uma profissional realizada e preocupada com as pessoas. Mas, apesar de todos os problemas e dificuldades, ela diz que o mercado está aberto e um médico pode atuar em muitas áreas. A médica trabalha em diversas instituições e tem pouco tempo para cuidar da vida pessoal.

Ano passado, Luciana fez um estágio de um mês do Instituto de Diabetes do Texas, em San Antonio, nos Estados Unidos. Ela diz que um recém-formado logo encontra trabalho, mas que tem o salário é baixo e uma boa posição pode depender de indicação. E manda um recado para os estudantes que sonham em cursar medicina: “Força de vontade e perseverança”.

Por que você escolheu cursar medicina?

Tinha curiosidade pelo funcionamento do corpo humano e adorava estudar biologia, física e química. Fiz um teste vocacional que apontou a área biomédica. Pelo sonho de ajudar as outras pessoas, ser e fazer algo importante, pela preocupação com a minha saúde e as dos outros, escolhi a medicina. Achava que médico tinha status e a sociedade respeitava. Acho que hoje, e por culpa da própria classe Médica, as coisas não são bem assim.

O que levou você a se especializar em endocrinologia?

Apaixonei-me pela Endocrinologia no curso básico, no sétimo período de medicina, porque achei fascinante o mecanismo de ação e a autorregulação dos diversos hormônios produzidos em nosso organismo. Por isso, fiquei interessada. Posteriormente, fui monitora do curso básico de fisiologia endócrina, onde pude ter maior contato com o assunto. Escolhi fazer endocrinologia por ser uma especialidade clínica que atua basicamente em consultório, não lida com doentes graves na maioria das vezes. Raramente é preciso ser chamado para alguma emergência durante a madrugada e possui um campo enorme de pesquisa que vem crescendo como especialidade médica pelas constantes e novas descobertas.

Como deve ser o perfil de um estudante que pretende seguir esta carreira?

Em primeiro lugar deve gostar realmente de estudar, ter gosto pela leitura, ter curiosidade, vontade de aprender e senso de responsabilidade. Saber que terá que se dedicar muito à profissão. Deve ter vontade de ajudar as pessoas, isto é, ter compaixão pelo próximo e também paciência.

Quais as mudanças que ocorreram no campo da medicina nos últimos anos que facilitaram sua área de atuação?

A informática, sem dúvida, foi a maior conquista. A internet facilitou muito o aprendizado. A possibilidade de acesso a materiais para estudo (textos, artigos, livros virtuais), a maior possibilidade de troca de informações com outros profissionais de diversas áreas, a modernização do consultório, o acesso mais rápido aos resultados de exame dos seus pacientes, enfim, usamos o computador e a internet para tudo hoje em dia. Outros avanços importantes foram a decodificação do genoma humano e a engenharia genética. Isso mudou e está mudando, em demasia, nosso conhecimento sobre as doenças e abrindo caminhos para uma terapêutica cada vez mais eficaz.

Qual é sua maior realização como médica?

Ajudar as outras pessoas. Não existe nada mais valioso na minha vida e não tem dinheiro que pague a satisfação de você receber um agradecimento de um paciente. Às vezes, não apenas na cura, mas no alívio de algum sintoma ou numa simples orientação dietética para emagrecimento. Como diz um anúncio, não tem preço!

Quais as maiores dificuldades no seu dia a dia?

Ter que trabalhar em mais de um emprego, ganhar pouco em cada um deles, ter que dar plantões para complementar a minha renda (odeio dormir fora de casa e ter que trabalhar nos fins de semana). E o pior, sair de uma noite de plantão e emendar o trabalho no dia seguinte. É exaustivo, sobra pouco tempo para o lazer e para a atividade física. Poderia trabalhar menos? Sim, mas ganharia menos, o comprometeria o padrão de vida que tenho hoje.

Como anda o mercado de trabalho para o médico no Brasil?

Pessoas doentes precisando de assistência médica há muito por aí, portanto existe a demanda. O médico nunca  fica desempregado e é imensa a nossa área de atuação. O médico pode trabalhar em assistência ao paciente, em laboratórios, em pesquisa, no magistério, em cargos políticos, em setores administrativos, etc.  Nosso campo de atuação é vasto. Existe mercado e bem amplo, a remuneração que não é digna. Longe das grandes áreas urbanas, a carência é grande; e a remuneração também, contudo, a infraestrutura ainda é precária em determinadas regiões.

Quais os problemas que um médico enfrenta hoje em dia?

O maior problema do médico que trabalha em assistência ao paciente é a baixa remuneração pelos planos de saúde e pelo próprio governo. Com a queda do poder de compra da população pelas dificuldades financeiras que o país vem passando, as pessoas possuem cada vez menos condições de pagar pelas consultas particulares. Assim, dependemos do credenciamento pelos planos de saúde superlotados de médicos com credencial, que além, da baixa remuneração, frequentemente atrasam ou deixam de pagar pelas consultas realizadas. A população tem dificuldade de acesso à saúde pública, os hospitais estão lotados, o trabalho é desgastante e não somos bem remunerados também pelas instituições públicas. Resumindo, a situação está difícil, principalmente para o médico em início de carreira.

Como é o retorno financeiro na sua profissão?


É muito lento. Exige muita dedicação e esforço no início de carreira, até você ser realmente reconhecido pelo trabalho que desempenha.

Qual a principal dificuldade que o recém-formado enfrenta para entrar no mercado de trabalho?

Depende de como quer atuar. Dificuldade de arranjar plantão ou trabalhar em alguma clínica com infraestrutura montada ganhando uma parcela pequena da sua produtividade (a maior parte fica para o dono da clínica) não existe nenhuma. Mesmo antes de formado surgem várias oportunidades de plantões remunerados como acadêmico. Existe também a possibilidade de realizar concursos públicos para atuar na rede municipal ou estadual. A entrada no mercado é imediata logo após a formação. A dificuldade está na formação de uma clientela em consultório particular ou na oportunidade de trabalhar em hospitais e clínicas particulares de excelência. Nesse caso, depende um pouco de sorte, oportunidades e indicações.

Que dicas você daria para quem está ingressando na faculdade e quer seguir a sua área?

Força de vontade e perseverança. A caminhada é longa, mas a realização pessoal supera todas essas dificuldades.



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