Há quase dez anos trabalhando como professora de educação física, a ex-ginasta Luisa Parente inverteu os papéis. Hoje é ela quem ensina ginástica olímpica para crianças, esporte pelo qual disputou medalhas em jogos Pan-americanos e Olímpicos. Aos 30 anos, Luisa é professora de duas escolas no Rio de Janeiro e transmite seu conhecimento para crianças de todas as classes, carentes e deficientes físicas. “Lembro das minhas primeiras aulas. Fiz estágio em escolas públicas e as crianças queriam abraçar, ter o carinho do professor e eu nem sabia como dar”, conta a profissional.
Em seu centro esportivo – Centro Luisa Parente de Ginástica Olímpica – ela, com a ajuda de outros professores desmistifica a ginástica provando que não é uma prática elitizada e que faz muito bem para o desenvolvimento da criança.
Na faculdade, o estudante de educação física estuda anatomia, fisiologia e as disciplinas esportivas (vôlei, basquete, futebol, natação, atletismo, etc), história da educação física, além de conteúdos básicos como português, pedagogia e didática. Para se dar bem na profissão é preciso ter vocação, estudar muito e, quem for trabalhar com crianças, ter identificação com elas.
O que a motivou a cursar Educação Física?
Quando decidi fazer educação física queria um complemento para minha vida atlética. Queria poder aprender na teoria tudo o que vivenciei na prática durante meus 16 anos de carreira como ginasta. Pensei em fazer Direito, mas quando comecei o curso de Educação Física me apaixonei. Vi que tinha um lado vocacional muito forte. A grade curricular era muito boa e tive a oportunidade de conhecer um pouco sobre outros esportes. Queria também poder democratizar a ginástica olímpica, que muita gente acha que é um esporte de elite.
Como deve ser o perfil do estudante que pretende seguir essa carreira?
É importante se identificar e pesquisar o mercado de trabalho. Como em qualquer outra profissão é preciso ter ética, constante atualização, pesquisa, pontualidade e compromisso. É uma característica do professor de educação física ser bem ativo e muito alegre. Gostamos de fazer uma boa bagunça e essa motivação a gente leva para a sala de aula. Quando se lida diretamente com crianças é preciso ter tato e se identificar com a faixa etária.
Em quais áreas o profissional de educação física pode atuar?
O mercado de trabalho está crescendo muito, o profissional pode trabalhar em escolas, academias, clubes, com assessoria esportiva e com gestão administrativa.
Nos últimos anos houve alguma mudança no campo de trabalho do profissional de educação física?
Além da mudança curricular, a profissão foi reconhecida e regulamentada em 1998. Para ser professor é preciso ter o registro no Conselho Federal de Educação Física, um órgão que fiscaliza e controla. As pessoas também caíram na real de que o esporte é fundamental para a formação do ser humano. A busca pela estética virou uma busca pela saúde. Todos precisam de qualidade de vida e para se ter um bem-estar pleno e completo tem que se fazer uma atividade física.
Qual a sua maior realização como professora de educação física?
Quando vejo que joguei minha semente na aula. É bom ver um aluno com surdez ou deficiente físico conseguindo aprender. E eles fazem os movimentos muito bem. Mas ainda tenho muito a fazer, o Centro não está terminado, quero ampliar ainda mais e mostrar que a ginástica olímpica é essencial para a formação cognitiva do ser humano. Sonho em ver a ginástica em todas as escolas do Brasil, não para popularizar um esporte que pratiquei, mas porque ele traz muitos benefícios para as crianças.
Quais são as dificuldades mais freqüentes na profissão?
A questão da atualização profissional. Os cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado são poucos. Fiz alguns cursos de pós-graduação, mas vejo dificuldade do profissional ampliar a sua vida acadêmica. Poderia haver mais ofertas nessa área e cursos com ensino à distância.
Como anda o mercado de trabalho para o profissional de educação física no Brasil?
Mercado está em franca expansão e essa é a profissão do milênio. O esporte ajuda na saúde, na educação, previne a violência, ajuda a economia a crescer – como estamos vendo com os jogos Pan-americanos de 2007 no Rio de Janeiro – ajuda na questão ambiental, etc. É uma profissão bem completa quando bem organizada. Em alguns países, a educação física é tão importante que é quase diária. Nada de uma vez por semana, como acontece aqui no Brasil.
Um recém-formado encontra dificuldades para entrar no mercado de trabalho?
O mercado solicita muita mão-de-obra e quem procurar vai encontrar trabalho. Eu mesma sempre estou à procura de estagiários para capacitá-los para que se tornem profissionais preparados.
Que dicas você dá para quem está ingressando na faculdade e quer seguir sua área?
Bastante dedicação e pensar que a universidade é a melhor fase da vida e além de fazer amizades, é essa a hora de saber que aquilo que estará aprendendo é o seu conhecimento teórico do futuro. Aproveite as dicas dos professores, procure desenvolver o estilo deles, pois eles são experientes e tem muita coisa boa para oferecer.
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