A arqueologia ainda desperta mais curiosidade nos vestibulando do que motivação para cursar a formação. O crescimento do mercado em nosso país, entretanto, vem aumentando o número de candidatos nos concursos e o vasto patrimônio arqueológico brasileiro é sempre um grande atrativo.
Conversamos com o mestre e doutorando Diogo Menezes Costa para entender um pouco mais sobre a realidade do setor.
Diogo graduou-se em História pela Faculdade Porto Alegrense de Educação Ciências e Letras, possui também mestrado em Gestão do Patrimônio Cultural pela Universidade Católica de Goiás e atualmente é professor do curso de bacharelado em Arqueologia da
Universidade Federal de Sergipe e estudante de doutorado em Antropologia na Universidade da Florida.
Trabalhou com diversas instituições de pesquisa no Rio Grande do Sul e Goiás, assim como participou de escavações arqueológicas no Brasil e no exterior. Seu trabalho atual tem ênfase em Arqueologia Histórica, especificamente sobre uma vila de mineradores do final do século XIX no centro oeste brasileiro. Atua também nos seguintes temas: arqueologia patrimonial, arqueologia industrial, arqueologia ambiental, memória e conflito.
Por que você decidiu ser arqueólogo?
A escolha pela profissão correu de uma mistura entre minha curiosidade quase detetivesca na infância, com a maturidade que a pesquisa científica traz para a solução de problemas. Meu primeiro contato com arqueologia ocorreu aos 11 anos quando assisti a um vídeo sobre o trabalho arqueológico no Museu Antropológico do Rio Grande do Sul, fiquei muito interessado sobre o assunto e resolvi estudar mais.
Com o tempo procurei sempre orientar minha formação para a arqueologia, logo no primeiro semestre da faculdade me inscrevi em um estágio voluntário no Museu Joaquim José Felizardo de Porto Alegre e depois comecei a participar de escavações e oficinas. A arqueologia sempre ofereceu um campo de investigação novo e instigante, assim acredito que a vontade de fazer algo inusitado e diferente foi o maior propulsor nesta busca.
Como trabalha um arqueólogo?
A primeira etapa de qualquer investigação arqueológica começa sempre pelo planejamento da pesquisa seja ela acadêmica ou emergencial. No caso de uma pesquisa sobre um passado mais recente, incluem-se documentos históricos, entrevistas e imagens antigas. Já uma investigação sobre a pré-história de um local vai estudar desde a reconstituição do meio-ambiente até as fontes de matéria-prima.
Depois o arqueólogo ou arqueóloga vai para o campo coletar seus dados, as pequenas peças de um enorme quebra-cabeça esquecido no tempo e disperso no espaço. Para isso várias técnicas são utilizadas: inicialmente para localização e identificação de sítios arqueológicos na área a ser investigada, e depois para a recuperação dos vestígios
através de escavações arqueológicas. Todas estas atividades são exaustivamente documentadas e compõem um enorme acervo de dados para ser trabalhado posteriormente.
A terceira etapa começa com o retorno ao laboratório, o tratamento do material e sua consequente análise. Esta etapa pode demorar três ou mais vezes que o tempo gasto em campo, e é aqui que o arqueólogo ou a arqueóloga junta as peças e elabora suas conclusões que vão se transformar em relatórios, dissertações e teses. Mas o trabalho
arqueológico não encerra aqui, após a pesquisa existe também muita divulgação dos resultados, e eventualmente até novas pesquisas para confirmar ou refutar hipóteses.
Que profissões interagem com a arqueologia no cotidiano?
O arqueólogo trabalha sempre em equipe, além de estudantes e professores, um grande número de profissionais está envolvido nas pesquisas arqueológicas. Outro elemento hoje cada dia mais presente nas pesquisas arqueológicas é também o público, que visitando sítios e museus participa ativamente da construção do conhecimento.
Na arqueologia interagem desde historiadores, geógrafos, biólogos até antropólogos e arquitetos, cada um contribuindo com sua especialidade. Por ser uma ciência multi e interdisciplinar a arqueologia sempre se utiliza do conhecimento de outras disciplinas, além é claro do seu próprio, para entender os sítios e vestígios. Assim dependendo da
situação, novos profissionais podem se juntar aos pesquisadores, como no caso de uma arqueologia subaquática, etnoarqueologia, arqueologia experimental, etc.
A arqueologia também por seu lado está cada vez mais inserida em diferentes áreas da sociedade além da pesquisa, como a preservação do patrimônio cultural ou mesmo a educação patrimonial. Os resultados da pesquisa arqueológica além de informarem sobre algo que antes era pouco e nem mesmo conhecido, ajudam a formar coleções de referência para novos estudos e acervos que vão ensinar sobre o passado de todos
nós.
Onde estão as melhores oportunidades? É preciso sair do país para qualificação?
Hoje o Brasil conta com vários cursos de graduação em arqueologia e inúmeras pós-graduações (especializações, mestrados e doutorados), distribuídas pelo país. Mesmo que número de arqueólogos profissionais ainda seja pouco expressivo frente à riqueza e diversidade do patrimônio arqueológico brasileiro, o país possui um grupo atuante e não é desprovido de uma legislação específica sobre o assunto.
A formação do profissional em arqueologia no Brasil tem se tornado cada vez mais completa, porém as diferentes instituições ainda oferecem um leque de especificidades restrito ao seu corpo de pesquisadores. E o conhecimento que se tem sobre a potencialidade do patrimônio arqueológico brasileiro é um mero ensaio frente à realidade enfrentada.
A arqueologia no Brasil é um campo em plena expansão, mas é claro que uma qualificação no exterior sempre traz uma diferença. Assim um bom caminho é ainda uma formação com amplo conhecimento local e regional e depois um aprofundamento em nível nacional ou mesmo internacional.
Filmes como Indiana Jones colaboram ou prejudicam a imagem dos profissionais?
Colaboram na divulgação, pois a arqueologia é vista pelo seu lado romântico e aventureiro o que desperta a curiosidade e instiga a vontade das pessoas de conhecer mais sobre o fazer arqueológico, ou mesmo sobre o seu próprio passado. Porém, por outro lado filmes, jogos ou ficções também prejudicam o trabalho sério e meticuloso do pesquisador, no momento que exageram e fantasiam os profissionais ou mesmo a profissão. Desta forma o melhor é sempre procurar conhecer mais a ocupação através de literatura especializada, como bons livros introdutórios sobre arqueologia.
Que dicas você deixaria aos interessados em seguir a formação?
Estudar sempre, pois além do treinamento acadêmico o arqueólogo deve ser um investigador por natureza e para isso, sucessivamente procurar desvendar coisas novas, ao mesmo tempo em que trabalha para avançar no que já se sabe.
Ozana Hannesch
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