Profissionais de Sucesso

Sempre uma entrevista com um
grande profissional!

A Sétima Arte

Antonia Gama | Montagem Cinematográfica

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Quem não é do meio pode achar que a profissão de cineasta seja exclusiva dos diretores de cinema. Antonia Gama, formada em Cinema, exerce uma das muitas áreas desta complexa arte: trabalha com montagem cinematográfica, que, em vídeos, costuma chamar-se de edição.

Quem trabalha com roteiro, fotografia e outras áreas do cinema, está, como ela, na categoria de cineasta. Ela revela que a produção de um longa-metragem pode envolver mais de 300 profissionais e conta, nesta entrevista, outras características da profissão. 

Faça um breve resumo sobre sua formação e atividade profissional.

Fiz o curso de Tecnologia em Cinema na Universidade Gama Filho. Trata-se de um curso superior com duração de dois anos e meio. Entrei com 17 anos e me formei com 20. Já no primeiro período comecei a estagiar numa produtora de vídeo que três meses depois me efetivou como Assistente de Edição e lá fiquei um ano e meio.

Paralelamente ao curso e ao estágio, me envolvi com a montagem dos curtas-metragens dos meus colegas de turma e dos amigos deles. São estes novos profissionais que eu encontro hoje no mercado de trabalho. Tenho um grande amigo da época da faculdade, chamado Ivy Goulart, que é um grande parceiro, fazemos um filme atrás do outro. Todo aquele esforço me rendeu muita experiência e aprendizado e me fez descobrir a área do cinema que eu queria seguir.

No quarto período, enviei meu currículo para Marta Luz que faz parte da primeira geração de montadoras do Brasil. Alguns dias depois, ela me retornou e estamos trabalhando juntas há um ano. Hoje, estou dividida em diversas atividades: terminando de montar um DVD com a diretora Janaina Diniz Guerra - com quem montei um curta-metragem, fazendo assistência para a Marta em dois longas-metragens e dando aula de edição na Gama Filho, uma vez por semana, enquanto a minha ex-professora de montagem trabalha num filme.
 
Por que você escolheu Cinema?

A arte sempre esteve presente na minha vida. Estudei no Colégio Bahiense e lá tive oportunidade de fazer Teatro, trabalhando tanto como atriz como dirigindo duas peças infantis amadoras. Na época do colégio, cheguei a fazer um teste vocacional, e deu "artes" mesmo.

Fora isto, o fato de minha mãe, que sempre foi apaixonada por cinema, me levar todos os finais de semana para ver filmes "cabeça", também influenciou muito. Meu tio (irmão de minha mãe) foi quem criou o curso de Cinema da Gama Filho e foi meu grande incentivador desde o início. Da família, só meu pai se mostrou um pouco receoso com a minha escolha, mas não se opôs, preferiu, então me dar uma dica: "já que você escolheu o cinema, então seja a melhor", tal a sua preocupação com a minha sobrevivência.

Alguma universidade pública oferece este curso?

O curso de Cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói/RJ, tem a duração de 4 anos porque é uma vertente do curso de Comunicação.
 
Qual o mercado de trabalho do cineasta?

Cinema, vídeos, publicidade... Mas o objetivo do cineasta são os longas-metragens, que é onde o trabalho tem visibilidade, no circuito artístico e no comercial também. O cinema é a arte mais completa, pois engloba todas as outras artes. É a chamada 7ª Arte. A última (por enquanto!).

As áreas de trabalho do cineasta são inúmeras: tem o roteiro, a produção, a direção, a fotografia, a direção de arte, a montagem (edição), a edição de som e a finalização. Ainda tem as áreas comerciais: distribuição e exibição. Em cada uma das áreas existem especializações.

Por exemplo: a direção de arte é responsável pelo figurino e pelo cenário e terá auxiliares nestas especialidades. A produção de um longa-metragem pode chegar a mais de 300 profissionais que trabalham em tempos e espaços físicos diferentes. A faculdade introduz o aluno nas diversas áreas, mas, depois, cada um vai precisar se aprofundar na que escolher, fazendo cursos, estágios, trabalhos, enfim, ganhando sua própria experiência.

O que faz um montador cinematográfico? Por quem ele é contratado?

Um filme nasce três vezes. No roteiro, na direção e na montagem. O roteirista tem uma visão da história, o diretor tem o seu olhar particular e o montador é uma terceira e provavelmente última contribuição para aquela história.

Primeiramente, o montador faz uma seleção dos melhores planos do filme junto ao diretor. Depois do material selecionado, ele trabalha os planos entre si (cortando sobras e dando os tempos das ações dentro da narrativa do filme). Hoje a montagem é feita digitalmente enquanto que há cerca de 15 anos atrás era feita artesanalmente, trabalhava-se direto sobre a película, cortando e colando fisicamente.

O montador é contratado, em geral, por trabalho, pela empresa produtora do filme. Ele é um profissional autônomo: quando trabalha para o cinema, sua tarefa se encerra com o filme; quando edita vídeos para programas de tevê e de publicidade, tem possibilidade de criar um vínculo (não de carteira assinada) com a empresa e ser continuamente chamado pela mesma empresa, quando há serviço.

Qual o perfil do editor?

Eu acho que o montador (editor) precisa acima de tudo ser uma pessoa sensível para perceber as tonalidades, o sentido e os tempos da história. Este é um trabalho que exige muita concentração, discernimento, conhecimento técnico e teórico. Cultura é fundamental também.

É um profissional que precisa estar sempre antenado na evolução da tecnologia e principalmente no andamento da arte e da estética. Nesta profissão não há rotina, nem horários fixos. Precisa ser pontual e estar disponível para as mudanças de horário da produção. Considero persistência e perfeccionismo importantes quando se trata de um trabalho tão complexo como a montagem.

Palavras técnicas sem tradução, originárias de outros idiomas, são muito comuns e neste sentido é bom conhecer outras línguas. É um profissional que trabalha sozinho e/ou em parceria com o diretor.

Dá para sobreviver da profissão?

Dá para sobreviver, mas não vai ter uma vida fácil. Leva-se algum tempo na profissão para se ter uma renda satisfatória. Também é preciso saber lidar com o dinheiro. Fazer reserva, para poder viver entre um trabalho e outro, se necessário. Quanto mais experiência tem, mais valorizado é no mercado. Há muita oferta para o número de bons editores, portanto há espaço para crescer no mercado.

Quais as vantagens e desvantagens da profissão?

Para mim a vantagem é a realização pessoal, o contato com a energia transformadora da arte. A desvantagem é a falta de regularidade na vida profissional, como por exemplo, a falta de horários que dificulta a organização da vida pessoal.

Estou aprendendo a conviver com isto e também acredito que, com o tempo, a credibilidade profissional ajude a amenizar algumas situações.



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