Profissionais de Sucesso

Sempre uma entrevista com um
grande profissional!

A Psicologia Médica

Charbelle Jabbour | Psicóloga

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Nunca se recorreu tanto aos psicólogos como nos últimos tempos. O preconceito diminuiu e mesmo quem torce o nariz para consultas com terapeutas finalmente percebeu a seriedade e a importância deles em nossa sociedade.

Charbelle Jabbour é uma destas profissionais e hoje atua em um ramo pouco conhecido, o da psicologia médica, que por vezes trata pacientes que não têm nenhum mal físico, mas que sofrem com distúrbios psicológicos que limitam a felicidade.

Confira outros aspectos da profissão e de sua carreira na entrevista abaixo.

Faça um breve resumo de sua formação e atuação profissional.

Eu me especializei em psicologia médica e psicossomática e trabalho numa clínica de gastroenterologia, atendendo pacientes com distúrbios psicossomáticos (intestinais, gástricos), sendo que na verdade, esse quadro orgânico, muitas vezes, é somente um sintoma, uma "fachada", daquilo que está por trás, ou seja, angústias ligadas, na maioria das vezes, a questões emocionais primitivas e conflitos de toda ordem.

A doença é uma forma de expressão de algo que não vai bem. Lógico que a essa altura a doença já está instalada e existe, mas com o tratamento psicológico adequado que olha para essas questões, o sintoma pode diminuir e até desaparecer.
 
Esta é uma especialização nova? Como funciona o trabalho do psicólogo num hospital.

É nova sim, mas infelizmente, muitos hospitais, principalmente os particulares, ainda não têm esse profissional. Parece até que é obrigatório, mas não é o que acontece.

O tipo de atendimento nos hospitais é diferente do de consultório. No hospital, não é o paciente que nos procura e sim nós que vamos a ele. O tempo para trabalhar com a demanda e outras questões também é diferente. No trabalho hospitalar, deve-se fazer uma terapia  mais focal, voltada para aquilo que o paciente precisa naquele momento, uma vez que não sabemos quando terá alta.

Muitos pacientes, às vezes, nem sabem o que de fato está acontecendo com eles - ou porque os médicos não têm tempo para conversar ou porque  preferem deixar para a família a tarefa de comunicar  um mau prognóstico. Nos hospitais públicos, a pressa e a demanda são tão grandes que se tornam uma boa "justificativa" para dar menos atenção aos familiares e ao paciente.

Daí a importância de um trabalho junto aos profissionais de saúde, que se encontram sobrecarregados, estressados com a falta de medicamentos, de leitos, e tendo que lidar e conviver diariamente com a  morte e com a dor. Mas há muita resistência em relação a este trabalho.

Pode-se também  fazer grupos de apoio a familiares para que consigam lidar melhor com o paciente depois da alta, inclusive para tentar ajudá-los a aliviar qualquer tipo de culpa que possa existir. Após a alta, os pacientes podem ser encaminhados para um tratamento psicológico fora do hospital ou, se possível, ali mesmo, caso exista um serviço ambulatorial.

Além das diversas linhas de psicoterapia em consultório e desta atuação em hospitais, que outras espaços há para o psicólogo no mercado de trabalho?

O psicólogo pode atuar em empresas, escolas, na área do esporte, nas clínicas e em hospitais (grupos com gestantes, com pacientes que fazem uso de drogas...). Cada uma dessas áreas já possui especialização em universidades.

Você já teve um livro publicado. Conte um pouco desta experiência.

É, escrevi o livro "Gêmeos: Onde está a semelhança?",  que trata da formação da identidade em gêmeos univitelinos. Foi muito bom ter publicado um livro, pois tive que me dedicar e estudar muito. Tive contato com muitas teorias e com pessoas também. Foi um trabalho árduo, mas gratificante, pois amplia seu conhecimento e te projeta profissionalmente. Contudo, requer muito esforço, dedicação e estudo.

Quais as qualidades (características pessoais, habilidades) que você considera essenciais para o desempenho  da profissão?

Paciência e tolerância, juntamente com firmeza.
 
O psicólogo clínico precisa passar por um processo de psicoterapia?

Ambos, tanto o psicólogo quanto o psicanalista, devem passar por uma análise pessoal. Os profissionais que desejam trabalhar com seres humanos que se encontram em sofrimento devem reconhecer que, em algum momento de suas vidas, também sentiram dor e precisaram de ajuda.

Essa condição é sine qua non para a profissão. Sem ela o profissional não está preparado nem capacitado para atender a ninguém. A formação e o estudo constante são importantes, mas a análise é fundamental  para qualquer linha de atendimento, seja ela psicanalista, existencialista, cognitivista.....

Como está o mercado de trabalho para o psicólogo?
 
Está muito difícil. Há um número enorme de profissionais se formando (nem sempre de boa qualidade!) e atendendo em consultório. O estágio não é tão complicado, quando se trata de clínica porque a demanda de pessoas que sofrem é sempre grande.

Em empresas acho que a situação é diferente. Não existe um campo de atuação menos concorrido. A carreira na rede pública existe para profissionais trabalharem em hospitais, órgãos judiciários e serviço militar.

Qual o lado bom da profissão? E o ruim?

O lado bom é a chance de estar diante de um ser humano que está sofrendo e precisando de ajuda, e nós podermos fazer isso. O lado ruim, é a instabilidade e a baixa remuneração.



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