Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Fernando da Costa Monteiro está completando trinta anos de profissão. Segundo ele, além de poder cuidar da saúde das pessoas, o status e a ideia da garantia de vagas para o profissional são o que mais atrai os jovens. Isso justifica, na opinião dele, a grande procura por esta área que há anos é a mais concorrida nos vestibulares.
Por que você escolheu a Medicina?
A Medicina está na minha família há gerações. Meu avô era médico. Além disso, meu pai e meu irmão mais velho também são médicos. Hoje tenho muito orgulho de ter um filho cursando Medicina. Nunca me passou pela cabeça estudar outra coisa. Cresci nesse ambiente e sempre estudei com este objetivo. Desde novo sabia que gostaria de ser cirurgião. Esta é a minha grande paixão. Acabei optando pela clínica e cirurgia geral.
A ideia de cuidar da saúde das pessoas atrai muita gente. Até hoje a Medicina é uma carreira bastante valorizada e, apesar das dificuldades, o médico ainda tem um certo status. Outro fator é a grande demanda por médicos, principalmente no interior do país. Existem vagas para os bons médicos e, portanto, o aluno acredita que nunca irá lhe faltar emprego.
Como está o mercado de trabalho para o médico?
Como eu disse, a demanda ainda é grande, portanto os bons profissionais não vão encontrar muitas dificuldades para conseguir trabalho. Uma boa opção são os concursos públicos, mas para passar é preciso muito estudo. De uma forma geral, acho que o mercado nas cidades grandes está começando a se saturar em determinadas áreas. É enorme a concentração, por exemplo, de clínicos gerais, gastroenterologistas, ginecologistas, obstetras, pediatras, no eixo Rio-São Paulo. Para os médicos que optarem por estas carreiras e tiverem disposição, o ideal é trabalhar em cidades menores. Já em áreas como infectologia, urologia, pneumologia, proctologia e geriatria, por exemplo, a demanda é bem grande, mesmo nos grandes centros.
Como é atualmente a relação médico-paciente?
Durante muito tempo existiu uma espécie de barreira entre os médicos e os pacientes. Isto se traduzia, por exemplo, na linguagem médica. Hoje em dia, a relação médico-paciente vem sofrendo grandes mudanças. O médico está cada vez mais próximo do paciente e isso é fundamental para o sucesso de qualquer tratamento.
Como é o curso de Medicina?
O curso de Medicina é bastante puxado. As aulas são em horário integral e há muitos trabalhos, aulas em laboratório e seminários, além dos plantões em hospitais. Nos dois primeiros anos, o aluno aprende as matérias básicas como anatomia, fisiologia e patologia. É nesta época que ele começa a dissecar cadáveres. A partir do terceiro ano, iniciam as disciplinas profissionalizantes e o atendimento a pacientes. É aí que o estudante começa a determinar a sua área de especialização. Depois disso , é necessário cursar dois anos de residência.
Qual deve ser o perfil de quem deseja se tornar médico?
Ele deve ser, acima de tudo, apaixonado pela profissão, até porque a vida do médico é muito dura e exaustiva. A Medicina é uma profissão que lida com o ser humano. Por isso, o médico deve ter grande capacidade de se comunicar, de entender o outro e ter muita paciência. Além disso, ele deve ser ético e gostar muito de estudar, pois a base da sua profissão é a pesquisa e a leitura. Mais do que ninguém, o médico precisa se manter sempre atualizado.
Que conselhos você pode dar para quem vai ingressar na faculdade de Medicina?
Esteja ciente de que a carreira é muito árdua e exige muita dedicação. Muitas horas de estudo e finais de semana perdidos são quase rotina durante e depois da faculdade. Dedique-se bastante à sua formação. Tire proveito de tudo o que sua faculdade puder lhe proporcionar. Seja sempre muito ético e humilde. Tenha a consciência de que você deve tratar o paciente de forma humana, sempre levando em consideração o doente e não só a doença.
Ozana Hannesch
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