A Engenharia Mecânica
Deborah Requena Galli Crespo de Carvalho | Engenheira Mecânica
A engenheira mecânica Deborah Requena Galli Crespo de Carvalho escolheu uma área profissional pouco procurada pelas mulheres. Para vencer preconceitos, só o conhecimento, a competência, a vontade e a humildade de aprender. Gostar do que faz, estudar sempre e lutar pelo que se quer são dicas que ela deixa na sua entrevista para o Profissional de Sucesso.
Faça um resumo sobre sua formação e atuação profissional.
Formei-me na Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro/RJ e fiz pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho. Atuo como engenheira mecânica na área de projeto de tubulação, especificando material. Hoje, trabalho na parte de construção de plataforma de processo.
Por que escolheu engenharia mecânica? Sofreu alguma influência?
Não sei se influência seria a palavra certa, pois na época do vestibular não sabia direito o que queria. Gostava de matemática e meu pai é engenheiro, então resolvi. Só resolvi, não pensei muito. Descobri meu interesse, eu diria, depois de formada, pois na faculdade o que eu adorava mesmo eram os cálculos e as matemáticas.
Acho que Engenharia Mecânica é uma área pouco escolhida por mulheres. Só percebi que havia acertado na escolha quando comecei a trabalhar na área que estou hoje. No começo, me sentia muito perdida.
O que faz o engenheiro mecânico? É necessário falar um outro idioma?
É uma área muito grande. Eu trabalho em projetos, especificando materiais, o que tem muito a ver com a Ciência dos Materiais. Preciso me aperfeiçoar mais, pois a área exige muito conhecimento de metalurgia também. Existem outras áreas na parte de projeto, como especificar a capacidade dos equipamentos e dimensionamentos (trocadores, vasos, etc.), dimensionamento de tubulações, suporte de tubulações e outras coisas mais.
Hoje, em todas as profissões o conhecimento de outro idioma aumenta a margem de oportunidades.
Qual o perfil do profissional da área?
É preciso primeiro gostar do que faz, se não, acaba batendo no primeiro obstáculo e achando ou que não é a sua praia, ou se achando menos do que o outro, e as coisas não são assim. É preciso ter consciência de que ninguém sabe tudo e que cada dia é um dia para aprender mais ou com alguém mais experiente, ou com a própria experiência.
Também é fundamental estar sempre estudando, se aperfeiçoando. Isso é realmente o que mais importa. Não vejo um perfil específico para ser "engenheiro mecânico". Basta gostar e querer cada dia saber mais. Ter vontade de aprender mais, para se sentir bom e confiante.
Como anda o mercado de trabalho para este profissional e especialmente para a mulher? E estágio, também é difícil?
O mercado é difícil para as mulheres, mas não impossível. Preconceitos existem tanto na Engenharia Mecânica como em outras profissões: ou porque é mulher, ou porque é homem, ou porque é novo demais para o cargo ou velho demais. O principal é ter a oportunidade, o que sempre acaba aparecendo, e aí vai depender de cada um. Se você tem vontade e mostra interesse e quer fazer, não tem como a porta se fechar, a não ser que o mercado esteja ruim, mas aí é ruim para qualquer área e pessoa.
Hoje, as pessoas estão investindo mais na juventude, então, acredito que esteja melhor para estágios. Nada é fácil. Tem que se lutar e acreditar e jamais desistir daquilo que se quer muito.
E os salários são bons?
Depende. Atualmente, a área de petróleo está em alta, então para quem trabalha em projetos de plataforma não pode reclamar tanto, embora não signifique que todos que estejam na área ganhem de acordo com o seu trabalho. Contudo, existem outras áreas em que o salário é muito ruim. Vai depender de muitos fatores.
Quais são, a seu ver, as maiores dificuldades da profissão?
Entrar no mercado e ser acreditada. Ter oportunidade de mostrar e até de descobrir que se é capaz.
E o que é para você mais atraente na Engenharia Mecânica?
O desafio e a vontade de estar sempre descobrindo e aprendendo. É muito gostoso mesmo.
