Rafaela Teixeira Blanco graduou-se pela Uni-Rio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) e logo ingressou na Residência em Enfermagem Clínica-Cirúrgica, considerada, na área de saúde, uma pós-graduação.
Fez concurso para a Secretaria Municipal de Saúde e hoje trabalha como enfermeira no Hospital de Ipanema, no Rio de Janeiro. Ao longo da graduação e residência, participou de diversos cursos e congressos e conta que esta é uma profissão muito dinâmica que exige sempre atualização. A Enfermagem deve acompanhar a evolução dos recursos da área biomédica.
Explica que o papel do enfermeiro ainda é muito confundido com o do técnico e com o do auxiliar de enfermagem. Aos poucos, as pessoas vão se dando conta que atrás do auxiliar de enfermagem e do técnico, que são profissionais de nível fundamental e médio, respectivamente, existe o enfermeiro, graduado e pós-graduado, respondendo pela estrutura, organização, atividades e direção dos serviços de Enfermagem.
Por que escolheu Enfermagem?
Escolhi porque é uma profissão que casa a área biomédica com a administração de recursos humanos e materiais, além de favorecer as relações interpessoais.
Que características pessoais são indispensáveis para trabalhar nesta área?
O candidato que escolher esta profissão deve gostar da área biomédica, ter senso de liderança e flexibilidade para resolver os diversos tipos de problemas dos pacientes e do setor que chefia; deve gostar de lidar com pessoas e estar aberto às relações humanas.
Há no Curso de Enfermagem uma preparação especial para lidar com a dor e a fragilidade humana ou para conviver com elas, sem deixar que interfiram na vida particular do profissional?
Em relação ao paciente, existem matérias optativas e obrigatórias que enfatizam o lado emocional do cuidado (todo enfermeiro é um "cuidador"), tanto durante a graduação quanto nas aulas teóricas da Residência. Há também linhas de Mestrado e Doutorado que têm este perfil de pesquisa em Enfermagem.
Mas há também trabalhos com dinâmicas, dramatizações e pesquisas de campo que se preocupam com a preparação emocional do profissional.
Quais as especializações possíveis em Enfermagem?
São inúmeras pós-graduações (clínica e cirurgia geral, ortopedia, hematologia, cardiologia, neonatologia, saúde pública, oncologia clínica e cirúrgica, dermatologia e estética, endocrinologia, etc...) mestrados e doutorados. Estes cursos possibilitam a especialização em áreas que você vai se identificando e encontrando maior prazer em trabalhar.
Como em toda carreira, promovem a atualização profissional, melhoria financeira e vão distinguindo o profissional.
Como está o mercado de trabalho? É difícil conseguir estágio?
Nunca falta emprego para enfermeiros. Há sempre concursos públicos e a iniciativa privada contrata muito. As faculdades realizam convênios com os hospitais para os estágios curriculares (carga horária prática obrigatória). Os alunos também podem prestar concurso para acadêmicos bolsistas (estudantes que fazem uma carga horária prática nos hospitais da rede estadual ou municipal de saúde). Eu vivi esta experiência e achei ótima.
Quais são os campos de trabalho para o Enfermeiro de nível superior?
O mercado é amplo. Os enfermeiros podem desempenhar funções hospitalares, docentes, administrativas, atividades de consultoria e auditoria, home-care (trabalho domiciliar), representar equipamentos e insumos hospitalares e de laboratórios (pesquisando o produto do interesse do cliente, testando, adaptando e implantando).
Como são as condições salariais?
Podem melhorar, mas não há uma disparidade muito grande entre recém formados e inseridos no mercado há algum tempo, como em outras profissões. Depende do tipo de trabalho que foi escolhido, carga horária, especialização, etc...
Quais as vantagens da profissão?
Há margem para se organizar o horário, escolher a área que mais gosta (administração ou hospitalar, por exemplo), o turno que mais convém e o perfil de clientela (criança, adulto, idoso).
E desvantagens?
Falta de reconhecimento por desconhecer-se a importância do enfermeiro nas atividades diárias, na harmonização de equipes heterogêneas, além da precariedade dos hospitais públicos.
Ozana Hannesch
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