Em 1908 o navio Kasato Maru trouxe ao Brasil a primeira grande leva de imigrantes japoneses. Na época, a economia brasileira era de base agrícola e tinha como principal produto o café, que passou a depender da mão de obra de imigrantes europeus após o fim da escravidão, em 1888. Contudo, as péssimas condições de trabalho oferecidas na lavoura a esses imigrantes, em grande parte italianos, passou a inibir a vinda de europeus para trabalhar na agricultura brasileira. Com isso, o governo passou a buscar imigrantes na Ásia.

Na mesma fase, o Japão passava por dificuldades financeiras. O país havia superado anos de estagnação econômica, isolamento e feudalismo, quando era comandado pela família Tokugawa, com a ascensão da era Meiji (1868-1912). A partir de então, viveu uma modernização intensa, que priorizou o reforço bélico da nação. A aristocracia enriqueceu e a burguesia incipiente pôde se beneficiar desse processo de modernização. Apesar disso, milhares de pessoas permaneciam pobres no campo, pagando impostos cada vez mais altos. Tendo em vista esse cenário, a oportunidade de trabalho no Brasil despertou interesse em parte do povo nipônico.

Em 5 de novembro de 1895 Brasil e Japão assinaram o primeiro tratado diplomático de cooperação entre esses dois países. Então, começaram as negociações para a vinda de imigrantes japoneses, que culminaria com a chegada do primeiro navio em 1908.

É interessante ter consciência de que no Brasil daquela época se desconhecia os japoneses, o que gerava uma série de especulações e preconceitos sobre como eles eram. Entretanto, contrariando as expectativas negativas, J. Amândio Sobral, inspetor de imigrantes do Estado de São Paulo, redigiu um artigo publicado no jornal Correio Paulistano de 26 de junho de 1908, descrevendo suas boas impressões sobre os imigrantes nipônicos. Em seu texto, ele relata que o grau de limpeza de “gente de humilde camada social do Japão” era “inexcedível”, e que “houve em Santos quem afirmasse que o navio japonês apresentava em sua 3ª classe mais asseio e limpeza que qualquer transatlântico europeu de 1ª classe”.