Saúde

Exercícios para a memória

Por que usar contos de fadas?

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Era uma vez...  Assim, partindo de contos de fadas, é que a psicóloga clínica e neuropsicóloga, Martha de Sant’Anna, sugere, em seu livro “Fortalecimento da memória pelos contos de fadas” (Ed. Vozes), que sejam realizados treinamentos para otimizar as capacidades cognitivas de pessoas com distúrbios cognitivos leves ou com transtorno cerebral orgânico degenerativo leve a moderado.

Como ela mesma esclarece, este não é um tratamento exclusivo, nem absoluto, mas estudos sobre plasticidade cerebral demonstram que indivíduos com distúrbios mnésicos (de memória), de qualquer natureza, melhoram seu desempenho quando passam por treinamento cognitivo e de memória.

A abordagem de Martha é de que esse treinamento tenha como ponto de partida os contos de fadas e que deles sejam extraídas as atividades estimuladoras de memória, atenção, raciocínio, criatividade, verbalização e escrita.

Por que usar contos de fadas?

Os contos de fadas favorecem a mobilização de imagens mentais e facilitam a solicitação de vários processos cognitivos.

Para a autora “as aventuras imaginárias e as narrações esquemáticas dos contos de fadas, com seus papéis preestabelecidos, tiram o paciente do cotidiano da sua doença para transportá-lo a um mundo mágico. O conto constrói ainda uma ponte entre presente e passado, evocando lembranças autobiográficas”.

“A exploração dos contos de fada”, continua Martha, “recorre a muitos processos cognitivos de alto nível como atenção, percepção, memorização, verbalização e abstração, pondo muitas capacidades residuais, que precisam ser reforçadas, em atividade".

A neuropsicóloga explica, por exemplo, que pacientes com Alzheimer leve a moderado apresentam uma redução do estoque lexical e lapsos de palavras, embora a compreensão oral e a leitura sejam preservadas, permitindo o interesse pelos contos, que, no caso, serão utilizados como estimulação para as atividades que ajudam a retardar a evolução da patologia e a melhorar a qualidade de vida do paciente.

Como na Doença de Alzheimer o juízo é pouco afetado e a memória semântica é atingida mais tardiamente, a consciência dos distúrbios tende a provocar síndrome depressiva. No entanto, conforme ela observou em pacientes que participaram de um conjunto de sessões de fortalecimento da memória e estimulação cognitiva pelos contos de fadas, pacientes com Alzheimer apresentaram uma melhora qualitativa do humor e demonstraram interesse em repetir a experiência.

Como usar os contos de fadas?

Os contos de fadas devem ser explorados pelos profissionais da área de saúde tais como psicólogos, neuropsicólogos e oftalmologistas e também, de maneira informal, pelos ajudantes naturais do paciente, aqueles que vivem com ele e cuidam dele. Em seu livro, Martha apresenta dez contos com as atividades correspondentes, envolvendo perguntas, jogos e exercícios ligados ao texto.

A autora ressalta que uma pessoa com distúrbios de memória nem sempre tomará a iniciativa de realizar essa atividade. Esse papel cabe ao familiar ou ajudante que vai ler em voz alta o conto e, em seguida, sugerir os exercícios associados. Um mesmo conto pode ser dividido e virar tema de várias sessões. Toda a orientação é simples e está clara no livro.

Contudo, a neuropsicóloga que vive entre Paris e Londres onde dirige várias pesquisas sobre atendimento não farmacológico dos distúrbios cognitivos, enfatiza que a terapia de fortalecimento cognitivo por meio dos contos de fadas não substitui um tratamento medicamentoso, no caso de pacientes que sofram de demência diagnosticada, do tipo Mal de Alzheimer. “A terapia através dos contos de fadas permite estimular diversas funções e deve ser parte de um projeto terapêutico global, e não exclusivo” finaliza.



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