Papo Sério

Por que os jovens ficam?

A visão moderníssima do namoro, só que sem compromisso.

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O papo é inevitável depois de festas e matinês: jovens comentando em casa que “ficaram” com muitos (ou muitas) na noite anterior. Em resumo, “ficar” é curtir, dar uns amassos sem ter que dar satisfações no dia seguinte. É a visão moderníssima do namoro, só que sem compromisso.

O estudante universitário Rogério Rosal, 18 anos, conta que quanto mais novo se é, mais farra se quer. “Ficar não é ruim. Tudo depende do modo como se pensa. Os relacionamentos podem ser descartáveis, mas na idade entre 15 e 16 anos é isso o que a gente quer. Quando vou a uma festa e encontro alguma garota legal fico com ela. O bom disso é a liberdade para ficar com outras meninas quando quiser”, diz.

Rogério também conta que existe uma pressão grande dos amigos contra o namoro. “Eles acham careta. Não querem se prender a ninguém e acham bobo o garoto adolescente que tem namorada”, explica, dizendo que está à procura de um amor. “Hoje eu estou querendo uma garota para namorar e ainda não encontrei. Por incrível que pareça, minha mãe não se importa que eu fique. Ela quer que eu me divirta e aproveite a minha juventude”, conta.

Pedro Henrique Mendonça, 18, não acha que os jovens são descartáveis porque ficam com muitas garotas em uma mesma noite. “O barato é esse, conhecer a pessoa antes de ficar com ela. Sou jovem e quero aproveitar. Ainda não tenho vontade de namorar e nem me prender por causa de ninguém. Gosto de viajar, acampar com os amigos e fazer farra no carnaval. Se eu estivesse namorando não conseguiria fazer nada disso”, diz o estudante.

Ficar também tem regras

Apesar de ser o tipo de relacionamento favorito da garotada, nem todos gostam de “ficar”. Há aqueles adolescentes que prefiram um companheiro em vez de uns beijos de vez em quando. Amanda Vilar, 17, é a favor do namoro, mas conta que já ficou muito antes de se apaixonar.

“Ficar é a nossa maneira de descobrir se a pessoa é legal, se é carinhosa, se a gente gosta do beijo. Não conheço ninguém que esteja namorando que não tenha ficado com o outro antes. O que eu não gosto é de desrespeito. Tem garotos que avançam e querem transar logo que nos conhecem. Isso é uma falta de respeito. Algumas garotas ficam vulgarizadas porque aceitam isso”, diz.

Lidiane Pedroso, 17, reage da mesma maneira. “Não gosto de garoto que fica e logo quer passar a mão. Alguns têm fama de galinhas e a gente já sabe, mas outros só descobrimos quando ficamos. Gosto de ficar e acho que na minha idade eu tenho que aproveitar. Vou fazer vestibular e não quero que nada me atrapalhe. Ficando, eu não tenho compromisso e saio quando eu quero”, diz a estudante.

O que pensam os pais

Vilma Rebello, 46 anos, mãe de Pedro Henrique conta que estranha o “ficar” moderno. “A juventude mudou muito e continua mudando. Quero que meu filho aproveite a juventude dele, viaje e se divirta com os amigos. Mas confesso que trocar de garotas o tempo todo não é saudável. Banaliza a relação e diminui as chances de encontrar uma menina legal. E não somente os meninos preferem ficar, muitas adolescentes também gostam. Acredito que cada vez mais os relacionamentos serão superficiais”, questiona.

Mirian Lúcia Barros, 49, tem dois filhos adolescentes e enfrenta os dois lados da história dentro de casa. A mais nova, Camilla, 16, namora há quase um ano, e o filho Roberto, 18, nem pensa nessa possibilidade. “Vejo Camilla feliz com um namorado que é companheirão. Eles saem juntos, vão à festas, ao cinema e sempre está presente. Quando Camilla quer sair com as amigas ele não sae importa. Fico feliz mesmo”, conta. “Mas aí observo Roberto e tenho pena porque não pára com nenhuma garota. Ele diz que não quer namorar e que ficar é melhor, mas percebo que ele gostaria que fosse diferente. Já conversei com ele sobre isso, mas garoto nessa idade não ouve. Então, não me meto”, diz.

Livros

Na dúvida do que fazer, livros podem ajudar a encontrar um meio de conversar com os filhos sem agressividade ou permissividade.

- Ficar com: um novo código entre jovens, Jacqueline Cavalcanti Chaves. Editora Revan.
- Educar sem culpa – a gênese da ética, Tânia Zagury. Editora Record.



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