Papo Sério

O "trava-línguas" que destrava a língua

Brincadeiras que ensinam

A  A  A     

 

Por Tânia Bello

O tempo perguntou pro tempo
quanto tempo o tempo tem.
O tempo respondeu pro tempo
que o tempo tem tanto tempo
quanto tempo o tempo tem
.”

Eu não sei quanto tempo você tem, mas aposto que, ao ler o texto acima tentou repeti-lo em voz alta! Se já o fez, tente mais uma vez, falando mais rápido. Não vale errar na pronúncia de nenhuma palavra! Agora leia outra vez, mais rápido ainda! Tente agora falar sem olhar o texto escrito.

Perceba os sons das palavras que vai falando, você nota repetições? Qual é o som que mais aparece nas palavras do trava-língua acima? Você consegue estar mais atento aos movimentos musculares em sua face enquanto repete as frases? Consegue memorizar o texto e repeti-lo sem olhar as palavras escritas?

Essas são algumas das formas através das quais o trava-língua pode ajudá-lo a realmente “destravar sua língua”. Por ser um conjunto de palavras que geram frases de difícil articulação, em virtude da repetição dos sons, ele constitui-se em um ótimo exercício, tanto que costumamos utilizá-lo no trabalho fonoaudiológico para ajudar as pessoas a melhorarem a sua produção dos fonemas (sons da língua).

Os trava-línguas costumam ser bem aceitos devido ao desafio que se estabelece, queremos pronunciar cada vez mais rapidamente e, com isso os músculos se exercitam, os pontos e modos de articulação dos fonemas são treinados e também a percepção auditiva é desenvolvida.

No exemplo que escolhi, através da repetição do fonema “t” podemos trabalhar bastante a movimentação da língua atrás dos dentes superiores, o ritmo de fala, a memória auditiva, além do trabalho com a linguagem escrita  através da leitura em voz alta  e do trabalho com a compreensão e a interpretação do texto.

Contudo, não podemos desvincular o trava-língua de seu papel cultural, no qual exerce também importante função.

Dentro desse contexto, vamos entendê-lo um pouco mais:

Trata-se de uma modalidade de Parlenda. É uma arrumação de palavras sem acompanhamento de melodia, mas às vezes rimada, obedecendo a um ritmo que a própria metrificação lhe empresta. A finalidade é entreter a criança, ensinando-lhe algo. No interior, aí pela noitinha, naquela hora conhecida como “boca da noite”, as mulheres costumam brincar com seus filhos ensinando-lhes parlendas, brinquedos e trava-línguas. Uma das mais comuns é a que elas ensinam aos filhos apontando-lhes os dedinhos da mão – Mindinho, seu vizinho, pai de todos, fura bolo e mata piolho.”
Fonte: http://www.qdivertido.com.br/verfolclore.php?codigo=22

O trava-língua atualmente ultrapassou muito as fronteiras do mundo infantil e do ambiente familiar, sendo utilizado amplamente como forma de preparação para apresentações em público, não só pelo exercício articulatório que eu já descrevi, mas também como maneira de trabalhar para desbloquear a expressão, preparar para apresentações em público, atuando em muitas outras formas  no trabalho comunicativo, além de ser um jeito bastante divertido de brincar em grupo.

Para finalizar, vou sugerir uma competição entre você e um amigo, quem sabe você possa fazê-la com um grupo de pessoas. Experimente! Pode ser também que você queira colecioná-los, vai ser bem divertido também.

Aqui vai um outro trava-língua, esse é de “nível mais avançado”:

Não confunda
Ornitorrinco com
Otorrinolaringologista,
Ornitorrinco com ornitologista,
Ornitologista com
Otorrinolaringologista,
Porque ornitorrinco
É ornitorrinco,
Ornitologista é ornitologista
E otorrinolaringologista é
Otorrinolaringologista
.”



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