Papo Sério

A atração por grupos radicais

“Sou aceito, logo existo?”

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Parodiando o grande filósofo francês Decartes com sua conhecida frase “Penso, logo existo”, a frase “Sou aceito, logo existo” pode explicar um fenômeno humano, universal, da necessidade de “pertencer”,  ou seja, “de ser aceito” , “de ser parte de”, “de ser importante para”  um  grupo (de amigos, família, sociedade,  etc...). Isso explica, em parte, a atração de muitos jovens por movimentos radicais como o  neonazismo, jihadismo, Black Blocks, etc   

Seja em nome da raça pura, da religião, do conserto do mundo ou de qualquer ideologia, muitos adolescentes são atraídos a entregar suas vidas por essas causas. A ideologia não é verdadeiramente o que importa, porque quando se tira a ideologia do foco o que emerge são histórias semelhantes de radicalização, militância e violência.

Por trás da ideologia, existe na verdade um ressentimento crescente do adolescente contra a sociedade que enfraquece sua autoestima e provoca sua ira, seja porque ele é imigrante, esquisito, estranho, homossexual, pobre, sem oportunidades, etc


E isso aprendemos com a experiência europeia, que se depara com um aumento significativo de aliciamento de jovens para causas radicais.  Os estudiosos em terrorismo, com base em vários movimentos no continente e nos depoimentos de dissidentes, explicam que esses jovens se deixam seduzir por um discurso que os coloca no centro de uma causa maior e lhes oferece o sentimento de pertencer a algo e uma justificativa para agirem impulsionados por seus ressentimentos. 

Segundo os especialistas em terrorismo, o processo psicológico que está por baixo da radicalização é universal. O mesmo processo acontece na adesão ao neonazismo ou na adesão ao Estado Islâmico (EI) ou a inúmeros outros movimentos radicais, embora os envolvidos não o percebam  pois estão tão fascinados pela ideologia que não enxergam quanto há em comum entre jihadistas e neonazistas, por exemplo. O modo como eles se engajam, se envolvem e se desengajam são semelhantes.

Ex-radicais trabalham para reverter engajamento de jovens

A variedade de militância terrorista no velho continente europeu deu às autoridades alguma sabedoria e experiência para combater o terrorismo e a radicalização. A Europa, que enfrentou muitos movimentos radicais como o IRA (na Irlanda) e o ETA (na Espanha), entre outros, aprendeu que a intensificação da segurança não é a única maneira de combater a radicalização.
  
Os ex-extremistas têm papel importantíssimo na apresentação de argumentos contrários às tentações radicais. Eles possuem a credibilidade que falta aos governos. Por isso, grupos, como o “Exit” (que significa “saída”), composto por ex-militantes, procuram entrar em contato com jovens que são alvos de recrutamento. Um exemplo é o grupo de torcedores de futebol  hooligans com vínculos neonazistas. Ao se infiltrarem, os ex-ativistas podem ser decisivos para o desengajamento de jovens, dando espaço para o desabafo de dúvidas e desilusões e, em contrapartida, demolir a visão de mundo “preto e branco” que jovens radicais têm. Além disso, o “Exit” oferece apoio aos que saem do movimento.

O acesso direto de militantes a adolescentes pela internet e a cultura de violência extrema estimulada pelos videogames são um ponto a favor dos extremistas que estão cada vez mais hábeis em se divulgarem. 

O trabalho de contraterrorismo tenta canalizar a insatisfação do jovem para outras saídas não violentas, questionando-o, por exemplo,  sobre quando foi a última vez que escreveu ao deputado em quem votou ou se tentou escrever ao jornal local sobre tal ou qual injustiça. É preciso aprender que a violência não é o jeito certo de tentar resolver as frustrações...

Experiências brasileiras

Não temos estatísticas nem estudos a respeito, afinal o país não tem um histórico terrorista. Ações eventuais de Black Blocks e de neonazistas ocorreram recentemente no meio de movimentos populares. Contudo, temos um contingente crescente de jovens que se engajam no crime organizado e no tráfico de drogas, de diferentes camadas sociais, sendo a mais vulnerável a classe pobre. Um misto de frustrações pessoais e sociais, desejo de enriquecimento rápido e sedução pela violência tornam esse caminho atraente, mas na maior parte das vezes sem volta e com um final infeliz. 

 

 

 

 

 



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