Menino não Entra

Brincadeiras de antigamente

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O que é que esse brinquedo faz”?, pergunta Bruno Vilela, um menino de seis anos, diante de um peão prateado com listras azuis e vermelhas. A pergunta faz sentido. Quase todos os brinquedos que Bruno conhece piscam luzes, usam pilhas, emitem som, se locomovem... O que Bruno ainda não sabe, mas vai saber agora, é que nem sempre foi assim.

Antigamente - para usar uma expressão que as crianças da idade do Bruno adoram para se referir ao enorme tempo que existia, antes do nascimento delas, ou seja, o tempo em que seus pais ou avós eram muito mais novos - as crianças brincavam, eram também muito felizes e bem menos estressadas. Amarelinha, cabo de guerra, botão, bola de gude, pular corda, cabaninha, dominós, pega-varetas, pular elástico, passa-anel, concurso de bambolê... Todas eram brincadeiras e brinquedos que marcaram a infância de várias gerações.

Eu adorava pegar um elástico, amarrar a ponta  em duas cadeiras e passar por baixo dele. Cada vez eu ia abaixando mais, sem encostar no chão. Se não tivesse uma amiga, eu brincava sozinha”, confessa Maria Eneida de 62 anos.

Carina, sua neta de 9 anos, aprendeu a brincadeira com a avó e recomenda:

Faço isso com minhas amigas e adoro. Tem uma que é bastante desajeitada e acaba derrubando as cadeiras ou cai por cima do elástico. A gente ri muito dela”.

O menino Theo Machado Cavalcante fará oito anos, dentro de duas semanas e se você souber guardar segredo vai saber antes mesmo do aniversariante o que é um carrinho de rolimã.

Calminha! Vou explicar. Carrinho de rolimã ou carrinho de rolamentos, é um carrinho de brinquedo, feito artesanalmente usando madeira e rolamentos. Ele se locomove em ladeiras, quanto maior a ladeira maior a velocidade e  maiores também são as chances da criança se arrebentar ao finalizar o trajeto. O carrinho pode conter três rolimãs, sendo dois rolamentos menores e um maior dianteiro ou de quatro rolimãs distribuindo em dois rolamentos dianteiros e dois traseiros.

Me machuquei muito por causa das batidas com o carrinho de rolimã. Uma vez, ladeira abaixo, entrei no carro de um vizinho estacionado no final da ladeira.
Arranhei a lateral do carro e quebrei dois dentes da frente. Quando cheguei em casa, depois que meu pai viu que não tinha me machucado gravemente, limpou o sangue da minha boca e, depois, me deu uma surra daquelas
”, revela Arhur Duarte Cavalcante, pai do Theo.

Brinquedos prontos

Minha avó e meus pais me levam para o MAM, sempre que ficamos no Rio. Eu chamo minhas amigas e seus pais. Lá, brincamos de uma porção de coisas que minha mãe diz que ela brincava ainda pequena. A gente leva bambolê, corda, peteca... Todo mundo participa. A gente faz uma roda de adultos e de criança. Todo mundo brinca junto. Tem gente que para, só pra olhar a gente brincar. Depois, vai aquela porção de pessoas almoçar junto, lá churrascaria”, declara Maia Teixeira Mendes.

Faço questão de apresentar  às  crianças, na medida do possível, os brinquedos e as brincadeiras com os quais eu brincava, no meu tempo de criança. Uma coisa que me chama a atenção é que não lembro de ter visto em  nenhuma criança daquela época, as caras de tédio que vejo nas crianças , em geral,  hoje em dia.
Quando juntávamos duas ou mais crianças, parecia que nem tinha criança em casa. A gente brincava, corria, brigava, resolvia tudo sozinho. As mães só apareciam na hora de mandar a gente tomar banho ou comer. Hoje, as crianças se juntam, mas solicitam muito a intervenção dos adultos, quer para resolver conflitos ou para dirigir as brincadeiras. Minha filha, mesmo com amigas em casa, às vezes, vira-se pra mim e pergunta: de que a gente vai brincar? Será que está havendo um excesso de participação dos pais na vida das crianças
”?, questiona a jornalista Cristina Sarquis.

Muita coisa mudou de “antigamente” para hoje, Bruno. A começar pela sua pergunta com a  qual iniciei a matéria.  Parece que já não há muito espaço para as crianças criarem seus próprios brinquedos. Eles já estão prontos, padronizados nas lojas, à espera das crianças que, seduzidas pela propaganda, não pensam na possibilidade de construir seu carrinho e nem costurar sua boneca de pano. Naquele tempo, crianças, como você, se entreolhavam e invertiam a pergunta: “ o que é que a gente pode fazer ( no sentido de  inventar) para brincar”? 



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