Você compra apenas o que precisa?
A pressa, o consumo e o prazer se tornaram indissociáveis. Uma ação alimenta a outra: o consumo dá combustível ao prazer e para desfrutar de tantas engenhocas, facilidades e luxos, torna-se necessário trabalhar mais e mais. Daí a pressa.
No princípio, a evolução tecnológica prometia à sociedade que as pessoas trabalhariam menos e teriam mais tempo para si, para a família e para o lazer. Mas, em algum momento dessa trajetória se “errou a mão” e a grande “conquista” desandou, virando-se contra a própria sociedade.
Agora, nos damos conta de que a ambição e o consumo desenfreado vêm destruindo o planeta e a saúde das pessoas, deixando um rastro de frustração e infelicidade: desmatamento, poluição, consumo irracional, excesso de horas no trabalho, desagregação familiar, drogas sintéticas, corrupção, terrorismo, etc.
O que fazer?
Na procura por saídas, ganham voz movimentos que incitam a uma revolução cultural que leve a um futuro melhor do que aquele que vem sendo anunciado.
O movimento “Devagar” é um deles e existe há 3 três anos. Seu precursor, o escritor escocês Carl Honoré é autor do livro “In Praise of Slowness”, sucesso em 26 idiomas. A obra pretende fazer as pessoas e as grandes empresas repensarem sobre o ritmo em que vivem, para mudar suas atitudes.
“O vírus da pressa infectou a maior parte do planeta e as pessoas estão procurando a cura”, diz o escritor, que acrescenta: “Para que uma revolução cultural aconteça, precisa haver necessidade de mudança, conscientização e pessoas que transformem teoria em prática”.
Ser “Devagar” não quer dizer trabalhar menos. Significa trabalhar melhor, de forma mais eficiente. Mas, trabalhar menos e ganhar menos também pode ser parte do processo de desaceleração. Por que não? Ao desejar menos a pessoa descobre que é possível ser mais feliz com menos coisas, o que conflita com tudo que estamos acostumados a ouvir.
Honoré vai fundo quando lembra que antes de morrer, ninguém pensa “deveria ter trabalhado mais”, “queria ter assistido mais televisão” ou “gostaria de ter passado mais tempo fazendo compras” – ainda que essas atividades absorvam uma grande parte do nosso tempo.
Boa parte do dinheiro que se gasta vai para coisas superficiais ou descartáveis, esquecidas rapidamente. Ao se aplicar a filosofia “Devagar” ao consumo, cria-se um relacionamento com experiências e produtos bem selecionados e de qualidade.
Que prazer é este?
O consumo, por definição pressupõe a satisfação de um conjunto de necessidades mais ou menos essenciais, através de troca financeira. A questão é quem determina quais são, de fato, essas tais necessidades “essenciais”.
O sistema capitalista acena com produtos cada vez mais interessantes (iPods, TVs de plasma, carros com GPS, etc). Ao cobiçá-los, nos obrigamos a trabalhar mais, ganhar mais para consumir mais. E quanto mais consumimos, mais queremos consumir, e mais temos que trabalhar...
O melhor do nosso tempo e vida são dedicados ao trabalho, enquanto outras vertentes da existência humana são negligenciadas: família, vida amorosa, vida comunitária, saúde... O Simplicidade Voluntária - mais um movimento mundial -propõe que as pessoas revertam esse quadro e empreendam mudanças nas suas vidas.
Simplicidade Voluntária não deve ser confundida com pobreza, que é imposta por circunstâncias penosas. Trata-se de uma opção voluntária por se viver sobriamente.
A Simplicidade Voluntária implica uma escolha: ser fiel a princípios ou a compromissos sociais: não utilizar certo bem ou serviço, não seguir a moda, consumir de maneira responsável... São atos de consciência e lucidez. O adepto da Simplicidade Voluntária não foge do prazer, só que as suas satisfações não são motivadas pelo consumo.
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